quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"O xadrez de 2014".



Fonte: Blog do Noblat - O Globo

Por Murilo Aragão


A sucessão está em pleno curso, tendo o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o PMDB como vetores centrais no momento. E as atenções estão voltadas para os seus movimentos.

Tudo com vistas à composição da chapa de Dilma na disputa pela Presidência em 2014; ou de uma chapa “terceira via” liderada por Campos.

Para Lula, que é o guardião-mor de sua fórmula, o melhor dos mundos seria a repetição da chapa Dilma e Michel Temer concorrendo juntos em 2014 e Eduardo no governo, como ministro, sendo preparado para 2018. No entanto, existem obstáculos sérios a seus desejos.

O primeiro deles é o estrago que a campanha municipal de Recife – que rachou PT e PSB – fez nas relações entre ambos.

O segundo obstáculo é que Eduardo Campos deve achar que, para ser competitivo em 2018, já tem de sair em 2014 para construir uma imagem nacional.

O terceiro aspecto é que o PT, que sempre ficou a reboque dos desejos de Lula, quer fazer a sua chapa em 2018. Com alguém do partido, não importa quem, que seja expressão de suas forças.

O quarto aspecto é que o PMDB está solidamente plantado no governo e comanda o Congresso, de onde há de criar, ou não, problemas para o Executivo.

Assim, fica evidente que há duas dinâmicas. A primeira ocorre dentro do “lulismo” e envolve suas forças e seus aliados. A outra fica dentro do “petismo”, que anda enfraquecido com as punições resultantes do julgamento do mensalão.

A questão Campos termina refletindo sobre o PMDB. Para evitar que o PSB concorra com candidato próprio e atrapalhe a reeleição de Dilma, no PT existem aqueles que defendem a remoção de Michel Temer do lugar de vice e a inclusão de Eduardo na chapa de 2014.

De acordo com o que tem sido veiculado pela imprensa, Lula estaria trabalhando nesta direção. O PMDB já emitiu sinais de insatisfação quanto a este movimento.

A solução sugere que Temer concorreria, com o apoio de Lula, Dilma e Campos, ao governo de São Paulo contra um forte Geraldo Alckmin.

Em que pese não ser uma oferta desprezível, os riscos para Temer são grandes e somente justificaria corrê-los com uma ampla margem de segurança e compensações claras, caso a investida não dê certo.

De pronto, fica evidente que ao PMDB não interessa perder a vice-Presidência, mesmo que as compensações sejam amplas e generosas. O partido deve se utilizar de suas posições atuais para consolidar a aliança com o PT em 2014 e esperar 2018 com tranquilidade.

O fato é que a aparição de Eduardo Campos na mídia como virtual candidato em 2014 está incomodando a base governista e determinando reflexões sobre como lidar com ele. Será ele o fato novo para 2014?

Sim e não. Vai depender, pelo menos, do tamanho da coalizão que ele consiga construir para apoiar a sua candidatura e também do andamento do governo Dilma.

E, ainda, do estrago que a campanha da mídia contra Lula possa causar em Dilma. Aparentemente, o impacto é limitado. A presidente consolidou uma boa imagem junto ao eleitorado.

Entre os oposicionistas não partidários, Campos é visto como alguém que pode ganhar de Dilma. Em especial, pelo fato de poder dividir o uso do legado de Lula com Dilma. Afinal, Campos e o PSB estão mais do que intimamente ligados aos sucessos de Lula.

Com a economia em compasso de espera, a política adquire peso e complexidade para 2014. As movimentações de PSB, PMDB e PT devem ser acompanhadas com lupa e prometem muitas emoções.

Ainda que o favoritismo de Dilma para 2014 continue sendo a tendência vigente, tanto pelo que ela representa como gestora do “lulismo” quanto pelo que pessoalmente conquistou junto à opinião pública.

Murillo de Aragão é cientista político.

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