Por Alex Gurgel
Quem foi para a abertura da exposição fotográfica “Ser-Tão Seridó”, de Paula Fernandes, esperando ver muitos vaqueiros montados a cavalo, deu viagem perdida. Das 14 imagens em fine-arte com fotos preto e branco impressas em papel algodão, apenas duas mostram os cavaleiros do sertão em suas montarias. As outras imagens apresentam o chão do Seridó com texturas definidas na caatinga. Cada foto, uma a uma, foi assinada delicadamente pela fotógrafa.
Com um olhar apurado de composições sertanejas, a arquiteta-fotógrafa busca formas entre a luz e as pedras de Cerro Corá. Ou conta uma história com narrativas fotográficas cheias de emoção, em São Rafael. Noutro momento, ela retrata, de forma lúdica, as escrituras rupestres de Carnaúba dos Dantas. Em todas as fotos, o Seridó está presente, destacando a textura dos velames, macambiras, juremas, touceiras de cactos e xique-xiques, num sertão cru que encanta a alma.
A maturidade fotográfica de Paula Fernandes aparece em cada detalhe. Seja na produção da exposição com um material de muito bom gosto, no lugar escolhido para a amostra, o velho Palácio Potengi – o local já abrigou o governo do Rio Grande do Norte – e na escolha dos padrinhos como o poeta-processo Moacy Cirne, que escreveu o texto de apresentação, e o premiado fotógrafo Marcelo Buainain, que ajudou na curadoria da exposição.
Se há um pecado na exposição foi a escolha do preto e branco nas fotografias. Mas, devo aceitar que a ausência de cor é uma prática mundial, em exposições fotográficas nas melhores galerias de arte do mundo inteiro. Paula Geórgia Fernandes seguiu a tradição do p&b, com todo o capricho nos tons de cinza, deixando o sertão do Seridó mais dramático em sua essência, onde o espectador esquece a cor por alguns instantes.
A exposição ficará em cartaz até o dia 21 de junho, na Pinacoteca do Estado, e merece ser apreciada sem moderação. O poeta de Jardim do Seridó, Moacy Cirne, tem toda razão quando escreveu na apresentação da amostra “Ser-Tão Seridó” que as fotografias de Paula Geórgia Fernandes são carregadas de emoções sertanejas e vida nordestina que “servem para iluminar a escuridão bíblica do mundo”.
©2013ALEX GURGEL | www.alexgurgel.com.br
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