domingo, 23 de junho de 2013

Júlio Soares, o poeta boêmio



Júlio Soares Filgueira (1898-1954) era natural do Assu, interior do Rio Grande do Norte. Ainda jovem regressou ao Rio de Janeiro então capital federal, onde fizera o curso Madureza, aratório para a universidade, equivalente ao curso cientifico. O antologista Ezequiel Fonseca Filho em seu livro Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que fora companheiro de quarto de Júlio na capital carioca, na rua do Catete no seu tempo de estudante de medicinada na capital carioca. Ezequiel na referida antologia depõe que “Júlio não descendia da tradicional família dos Soares de Macedo, como muita gente pensa. Era Soares do Piató, outra família de raízes profundas na vaqueirice da região. Enquanto a família Soares de Macedo, honra-se da linhagem portuguesa os Açores, os Soares do Piató, vangloriam-se do sangue genuinamente nacional, do caboclo brasileiro.


Júlio tinha todas as características de sua estirpe. Arredio, desconfiado, valente e audaz, muito cedo entregou-se à boemia, o que constituiu o traço frizante de sua vida.

Nasceu na cidade de Açu, a 23 de maio de 1898, e veio a falecer a 15 de dezembro de 1954, em Fortaleza, capital do Ceará, com 53 anos de idade".

E Júlio Soares, angustiado, consumido pelo vício da bebida, escreveu no melhor do seu poetar, os versos abaixo transcritos:

Este meu rosto, triste, macilento,
Pendido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado ou de um desiludido.
Este meu riso, sem contentamento
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido
Vivo sempre a beber, de bar em bar,
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?
Chorando ou rindo, vou passando a esmo,
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.

Em tempo: Escutei muitas vezes, José Caldas Soares Filgueira - Dedé Caldas, sobrinho de Júlio pelo lado paterno, declamar com voz embargada e lágrimas nos olhos, o referenciado poema. 

Fernando Caldas

Crédito da foto: Iza Caldas

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