HISTÓRIA
MAJOR MONTENEGRO
O ÚLTIMO CORONEL DA POLÍTICA POTIGUAR
Cópia da Carta Patente do Major Manoel de Melo Montenegro |
Remexendo meus
recortes de jornais e revistas encontrei a cópia da Carta Patente do
Major Montenegro. Como não tenho certeza se já divulguei esta relíquia,
transcrevo-a com a ortografia da época.
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Faço saber, aos que esta Carta Patente virem, que por decreto de 17 de novembro de 1915, foi nomeado Manoel de Mello Montenegro Pessôa para o posto de Major Cirurgião da 21ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Assú, no Estado do Rio Grande do Norte, e como tal gosará de todas as honras e direitos inherentes ao posto; pelo que mando à autoridade competente que lhe dê posse depois de prestada a solemne promessa de bem servir, aos officiaes superiores que o reconheçam e a todos os seus subalternos que lhe obedeçam e guardem suas ordens. Para servir de título, lhe mandei passar a presente Carta por mim assignada, e que se cumprirá depois de sellada com o sello das firmas da República.
Palácio da
Presidência no Rio de Janeiro, em dois de maio de mil novecentos e
dezesseis, nonagésimo quinto da Independência e vigésimo oitavo da
República.
Assina: Wenceslau Brás, Presidente da República e Carlos Maximiliano Pereira dos Santos.
O Major Montenegro afirmava que: - "O
coronel Pedro Soares de Araújo foi o concretizador. Convenceu-me de que
o título de Major – patente da Guarda Nacional do meu pai, Major Ovídio
de Melo Montenegro Pessoa, deveria vir para minhas mãos. E assim foi
feito”.
O Major
Montenegro nasceu em 25 de setembro de 1894. desde menino acompanhou os
passos da República. De Floriano Peixoto a Sarney. Falava da campanha
civilista de Rui Barbosa, como se tudo tivesse acontecido ontem. Aos 96
anos sua lucidez impressionava. Sua simplicidade chegava a comover.
Foi três vezes
deputado estadual (por Santana do Matos) de onde foi ao mesmo tempo
prefeito, porque naquele tempo a Assembléia Legislativa só se reunia em
outubro.
Foi o Major
Montenegro o criador do município de Ipanguaçu, antigo Sacramento, em
dezembro de 1948. Nunca quis ser prefeito do município. Seu filho Nelson
Montenegro e sua esposa Maria Eugênia foram prefeitos com o apoio do
Major. Preferia acompanhar, influenciar. Com Pedro Amorim fez um pacto:
Jamais interferia na política do Assú. E assim ele fazia em relação a
Ipanguaçu. Estiveram sempre unidos, mas cada um respeitando sua área de
influência.
O Major
Montenegro foi o último dos coronéis da política no Rio Grande do Norte.
Boa parte de seus filhos e netos seguiram o ramo da política. Parece
até que o sangue da política circula com mais vigor nas veias da família
Montenegro.
Major Manoel de Melo Montenegro faleceu em 1991 na capital pernambucana aos 97 anos de idade, lúcido e ativo. Profetizou sua própria morte ao declarar. - “Vou morrer no dia do meu aniversario”.
Do blog Assú na ponta da língua, de Ivan Pinheiro
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