João Lins Caldas
Leitor voraz, autor compulsivo. João Lins Caldas, o “poeta da
solidão e da dor”, na definição de Maria Eugênia carregava nas suas entranhas um
coração ferido em plena mocidade. Escreveu uma obra poética multifária, extensa
e bela, de qualidade literária de invejar qualquer escritor, inspirado no amor
não correspondido, na dor, na melancolia, como podemos conferir adiante:
Dum
só coração façam seus lares.
E
depois - passados já meses ou anos
Disse
a um’alma plena de sonhares:
“A
esse coração de mágoas seculares
Habitando,
sondai os negros arcanos.”
E
vendo-me morrer onde estão contidos,
Ouve
bradarem n’um sorrir profundo,
Est’alma
- cadinho que a dor encerra -
Eis,
um ditoso! Um dos protegidos!
Se
tive sonhos p’ra encontrar o mundo!
Tenho
lágrimas p’ra afogar a terra!
Assu, 11.11.1905
Postado por Fernando Caldas
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