quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CRÔNICA

MARIA EUGÊNIA – A IMORTAL

Ivan Pinheiro Bezerra
Licenciado em História e escritor
Quando caminho pela Praça São João, inevitavelmente, me vem logo à lembrança do circulo de pessoas que se formava defronte a casa de Maria Eugênia (foto) para o costumeiro “papo de calçada” - hábito cultuado pelo seu esposo a partir do cair da tarde, quando o vento norte soprava amenizando o calor vespertino. 

“calçada de Doutor Nelson” (foto abaixo) foi por longos anos o “ponto” de encontro de políticos e intelectuais. O poeta João Lins Caldas foi um dos frequentadores assíduos. Maria Eugênia o considerava um dos maiores poetas do Brasil. A partir desta amizade ela passou a admirar mais profundamente as artes, notadamente, a literatura e a pintura. 
As lembranças fluem e até parece que estou vendo a poetisa sentada próxima à porta... Sempre bem vestida, cabelo bem cuidado... Preocupava-se com a hospitalidade, não deixando faltar cadeiras para os retardatários. Estava sempre sorridente. Na medida em que iam surgindo os assuntos ela, inteligentemente, ia compartilhando. Quando pendia para a política também dava suas opiniões. Afinal, era esposa, nora e cunhada de políticos, era impossível não ser “picada” pela política. Tinha inclusive a experiência administrativa como prefeita de Ipanguaçu, governando ao lado do vice-prefeito José de Deus Barbosa.

Pelos relevantes serviços prestados ao Assú e a Ipanguaçu recebeu os títulos de cidadã destas cidades coirmãs. Foi a última mulher da 'Terra dos Poetas' a ocupar a cadeira nº 16, desde 1972, na Academia Norte-rio-grandense de Letras e tinha cadeira também na Academia Lavrense de Letras, desde 1970. Foi escritora, poetisa e pintora. Publicou 11 trabalhos, entre livros e plaquetes¹ e deixou dois livros inéditos.

Maria Eugênia Maceira Montenegro nasceu em Lavras – MG, no dia 07 de dezembro de 1915 e faleceu no dia 29 de abril de 2006, aos 90 anos. Foi, sem sobra de dúvidas, uma figura ímpar na história cultural da região e do Estado. Uma personalidade merecedora de elogios. Inteligente, culta, verve fácil, distinta, educada... Uma digna cidadã "assuense" que marcou época na história do Assú e do Vale. NOSSA IMORTAL. 

¹ Publicação de poucas páginas.

Nenhum comentário:

MANOEL CALIXTO CHEIO DE GRAÇA E quem não se lembra de Manoel Calixto Dantas também chamado de "Manoel do Lanche?" Era um dos nosso...