quinta-feira, 14 de agosto de 2014

PÁGINA ASSUENSE:


Na poesia popular,
houve Moysés Sesyom,
Que, semelhante a Bocage,
Glosava no melhor tom. (21)
E não se deve esquecer
João Celso e Palmério Filho,
Que, na tribuna e na imprensa,
Pontificaram com brilho. (22)


21 - Moysés Sesyom (foto) foi um caicoense, que se radicou no Assu, revelando-se poeta depois dos trinta anos de idade.

A sua força poética brotava na sátira que se expandia através de glosas sobre os mais variados assuntos. Deixou centenas delas, muitas das quais impublicáveis numa edição familiar.

Amigos e admiradores, depois de sua morte, em 1932, recolheram a sua produção, que daria alguns volumes. Francisco Amorim, que o conheceu de perto, publicou, em 1961, um estudo sobre esse famoso poeta popular, sob o título de "Eu Conheci Sesyom".

Para que o leitor tenha uma ideia da espontaneidade e do talento de Sesyom, vamos publicar-lhe uma glosa que tem este mote: 

Bebo, fumo, jogo e danço
Sou perdido por mulher.

Glosa:

Vida longa não alcanço,
Na orgia ou no prazer.
Mas, enquanto eu não morrer
-Bebo, fumo, jogo e danço.
Brinco, farreio, não canso,
Me censure quem quiser...
Enquanto eu vida tiver,
Cumprindo essa sina venho,
E, além dos vícios que tenho,
- Sou perdido por mulher!...

22 - estão aí duas figuras de relevo na vida intelectual do Assu. Ambos poetas, jornalistas e oradores, trabalharam em diversos jornais dos muitos que houve em Assu, até 1930. (A Revolução, pondo fim à República Velha, acabou também com a imprensa na terra que mais jornais tinha possuído no Estado, depois de Natal). 

João Celso Filho nasceu a 5 de setembro de 1886 e faleceu a 14 de novembro de 1943.
Foi um autodidata, exercendo, com invulgar capacidade, o jornalismo, o magistério e a advocacia.

Residiu alguns anos no Pará, onde conviveu com Humberto de Campos, Vespasiano Ramos e outras figuras de destaque nas letras nacionais.
Deixou inédito um livro de poemas.

Palmério Filho foi o seu amigo e companheiro de mais de meio século. Fizeram jornalismo e literatura em geral e, embora tivessem percorrido caminhos diferentes na struggle for life, jamais viveram espiritualmente separados.

Orador vibrante, poderia usar da palavra em qualquer parte onde falassem os doutores, porque os doutores quando o escutavam não lhe regateavam aplausos.

Palmério Filho nasceu a 25 de abril de 1874, falecendo na cidade natal, a 11 de abril de 1958.

Em 1901, fundou o semanário "A Cidade", que circulou até 1930. E sempre destacando, no alto da primeira página, a legenda: "O Jornal mais antigo do interior do Estado, em circulação".
Fonte: Canção da terra dos Carnaubais - Rômulo C. Wanderley.  

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