Yuno Silva
Repórter
A cena é de dar dó: o maior, mais conhecido, mais visitado e mais antigo monumento do Rio Grande do Norte virou um amontoado de pedras, areia, problemas, promessas e projetos. Sob a guarda do Iphan-RN desde maio de 2013, o imponente Forte dos Reis Magos aguarda moribundo os R$ 8,8 milhões do PAC Cidades Históricas – recursos prometidos pelo governo Federal há mais de dois anos para sua restauração. Pedras e areia, resultante de escavações arqueológicas, estão entulhadas na entrada e no pátio interno do Forte; problemas na estrutura física só se acumulam; a verba do PAC continua na promessa; e o projeto executivo de restauração deve ficar pronto no final de setembro.
A cena é de dar dó: o maior, mais conhecido, mais visitado e mais antigo monumento do Rio Grande do Norte virou um amontoado de pedras, areia, problemas, promessas e projetos. Sob a guarda do Iphan-RN desde maio de 2013, o imponente Forte dos Reis Magos aguarda moribundo os R$ 8,8 milhões do PAC Cidades Históricas – recursos prometidos pelo governo Federal há mais de dois anos para sua restauração. Pedras e areia, resultante de escavações arqueológicas, estão entulhadas na entrada e no pátio interno do Forte; problemas na estrutura física só se acumulam; a verba do PAC continua na promessa; e o projeto executivo de restauração deve ficar pronto no final de setembro.
fotos:
emanuel amaralPedras e areia, resultante de escavações
arqueológicas, estão entulhadas na entrada e no pátio interno
fotos: emanuel amaral
Pedras e areia, resultante de escavações arqueológicas, estão entulhadas na entrada e no pátio interno
fotos: emanuel amaral
Pedras e areia, resultante de escavações arqueológicas, estão entulhadas na entrada e no pátio interno
Não há equipe. Os guias atuam (autorizados) de forma independente, em troca de algum dinheiro ofertado pelos poucos turistas que se aventuram no lugar. E para evitar reclamações, justamente pelo ‘oco’ museológico e o quadro de ‘obra parada’, os ingressos deixaram de ser cobrados desde o mês de junho deste ano. O Marco de Touros, chantado pelos portugueses no litoral do RN em 1501, é o único vestígio histórico além da própria edificação.
Apesar de aberto à visitação, a fortificação concluída em 1599, marco de fundação da capital potiguar, deixou de oferecer exposições (permanentes e/ou temporárias) e se não fosse o trabalho quase voluntário de guias de turismo sua importância histórica passaria despercebida.
Sem uma linha regular de ônibus urbano (responsabilidade da STTU), segurança externa insuficiente (da Polícia Militar), iluminação precária no entorno (Semsur, Codern e Iphan) e pouca infraestrutura no terminal turístico (Setur e Sectur), o monumento eleito em concurso nacional entre as sete maravilhas do Brasil, está ilhado na boca da barra do Rio Potengi: das três maiores operadoras de turismo de Natal, duas já deixaram de incluir o Forte no city tour, um passeio fraco diante das possibilidades. “Hoje digo aos turistas que eles podem ir por conta própria e risco”, disparou Decca Bolonha, proprietária da Potiguar Turismo, que presta serviço para a CVC. “É inadmissível uma situação dessas”, sentenciou Fred Queiroz, secretário Municipal de Turismo, reconhecendo que o Forte não faz parte da alçada do município. “Nosso interesse é que o Forte volte a ser um destino concorrido de visitação. Natal e todos ganham. A questão hoje é saber dos prazos: quando começa a restauração e por quanto tempo o Forte vai ficar fechado para o serviço? Estou bastante otimista com o projeto que vi no Iphan-RN”. A estimativa inicial é que as obras se prolonguem por um ano.
Queiroz vem articulando o meio de campo entre Turismo e Iphan-RN, e adiantou que vai procurar a Fundação José Augusto para tentar trazer de volta o acervo expositivo retirado em 2013 quando o Governo do RN devolveu a concessão do monumento ao Iphan-RN.
O secretário se diz a favor do Forte dos Reis Magos abrir para receber eventos particulares, “desde que respeitadas as restrições patrimoniais”. Sobre linha de ônibus urbano, iluminação e estrutura do terminal turístico, Fred Queiroz resumiu que “todas essas demandas estão sendo levantadas”.
Vale lembrar que a Prefeitura de Natal cuida da iluminação da rua, até o início da passarela que dá acesso ao Forte, e que a gestão dessa passarela (escura e esburacada) é dividida entre Iphan-RN e Codern. De acordo com Fred Queiroz, a Codern se prontificou a fazer os reparos que forem solicitados pelo Iphan-RN. “Também informaram que a iluminação deve considerar o movimento do porto para não confundir as embarcações”.
Palavra do trade
Decca Bolonha, proprietária da Potiguar Turismo, que presta serviço para a CVC, confessou estar “muito chateada com esse assunto. Tivemos algumas reuniões com a gestão anterior do Iphan-RN, e ouvimos que os museus administrados pelo Instituto não precisavam de turistas. Me levantei e fui embora, nem ouvi a justificativa para essa afirmação. Um tratamento bem diferente dispensado pela atual superintendente, Andréa Costa, que já nos chamou para conversar”.Decca contou que a operadora comprava de R$ 30 mil a R$ 40 mil em ingressos antecipados por mês. “Todas as salas do Forte estão esburacadas depois das escavações arqueológicas, trabalho que começou sem ser comunicado às operadoras”, reclamou. “Virou um lugar inseguro devido a falta de acessibilidade e de policiamento na parte externa”.
Rivane Medeiros, gerente comercial da Luck Receptivo também critica a insegurança. “Temos tido muitas queixas com a falta desse passeio, e estamos ansiosos para que façam a restauração, revitalizem a área e devolvam o monumento para que possamos engrandecer nosso city tour”, reforça.
Já para Wellington Palhano, da Whel Tour, que continua levando turistas para visitar o monumento, “a saída do Forte do roteiro é a morte! Está para Natal assim como o Cristo redentor está para o Rio de Janeiro. É um local de suma importância, nosso maior elo histórico, e as operadores tem um papel importante nessa divulgação”. Também citou a insegurança e disse que o terminal turístico virou “terra de ninguém” tamanha a bagunça no trato com o visitante.
Iphan responde
A superintendência regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional respondeu questionamentos da reportagem do VIVER por e-mail. A chefe da Divisão Técnica, Litany Eufrásio, que responde como superintendente substituta, ressaltou que o Forte “abriga o Marco Quinhentista (de Touros) e as imagens dos três reis magos para visitação. Esclareço que está previsto a implantação de uma museografia após a restauração”.
Litany bate na tecla, com razão, da importância histórica do lugar: “Após a retirada do acervo da FJA, optamos por manter o Forte dos Reis Magos aberto para visitação tendo em vista a grande representatividade e a importância que o bem tem para a cidade. Consideramos que o Forte em si, com sua estrutura física ainda preservada, sendo a edificação mais antiga da cidade, é um bem que merece ser visitado independente de haver material de exposições diversas. Com uma arquitetura singular, localizada em uma área estratégica e com uma paisagem belíssima a ser contemplada, o Forte é um ponto atrativo para turistas e moradores da cidade”.
Sobre o PAC Cidades Históricas, “prioridade da superintendência regional”, Litany informa que até “o final do mês de setembro” o Iphan-RN tenha em mãos os projetos executivos da arquitetura e complementares de engenharia relativos ao Forte finalizados. “Assim poderemos iniciar o processo de licitação para execução da obra. A licitação deverá ser aberta até o mês de dezembro do corrente ano”, garantiu.
Etapas da obra
A restauração do Forte dos Reis Magos está orçada em R$ 8,83 milhões via PAC Cidades Históricas. As etapas de identificação e diagnóstico foram concluídas e aprovadas. Também foi finalizada a fase de pesquisas arqueológica e histórica. O estudo preliminar da arquitetura foi realizado, enquanto o projeto executivo básico está em fase de análise. (* dados atualizados do mês de junho)
Nenhum comentário:
Postar um comentário