Renato Caldas viajando de Assu com destino à Natal, deu uma paradinha
num certo restaurante à beira da estrada para almoçar e tomar ''umas e
outras'. Depois de uma dúzia de cerveja, pediu a conta e prosseguiu
viajem. Ao chegar no lugar de destino viu entre os seus pertences, uma
colher que,.provavelmente, seria do restaurante onde ele teria almoçado e bebido.
Aquele recinto tinha uma garçonete muito bonitona que, carinhosamente
chamava-se "Chiquinha", mulher que ele, Renato, muito admirava. Dias depois, de
volta ao Assu, sua terra natal, parou naquele mesmo restaurante e, ao adentrar naquele recinto foi logo em direção a Chiquinha entregando a ela,uma trovinha escrita num pedaço de papel dizendo assim:
Estou de volta, Chiquinha,
Pra trazer sua colher.
De coisa que não é minha
Eu só aceito mulher.
Renato, aos seus 70 anos de idade, já sentia o peso da idade, a tristeza da cegueira (catarata quando não ainda não tinha cura), trovou com aquela irreverência que lhe era peculiar:
Está cegando Renato,
Pois, um objeto qualquer
Só conheço pelo tato...
Principalmente mulher.
E essa outra trova afirma o quanto ele, Renato, era um conformado com a cegueira que lhe acometera grande parte de sua vida. Vejamos:
Meus olhos estão cegando,
Não maldigo a escuridão!
Pois cinto que vai raiando
A luz da conformação.
Nas eleições municipais de 1988, eu, Fernando Caldas, o editor deste blog, disputei a reeleição para vereador. Passando pelo centro da cidade me deparo com certo vendedor de canjica (iguaria típica da culinária do Nordeste brasileiro). Comprei aquela iguaria e pedi ao vendedor que entregasse a Renato Caldas. Dito e feito. Renato entendeu que eu estava querendo agradá-lo para conquistar novamente o seu voto, não perdeu a oportunidade, me enviando por aquele vendedor, essa trovinha escrita num pedacinho de papel:
Fernando, você triste fica
A proposta não convém,
Por um prato de canjica
Eu não voto com ninguém.
Chico Dias, Mirranha, Bodinho e JB, são figuras folclóricas da cidade de Assu. Nas eleições municipais de 1976, ambos se candidataram disputando uma cadeira na Câmara Municipal da terra assuense, bem como usavam o mesmo carro de som para falar ao povo da cidade e fazer a propaganda política. Chico era estudante, Mirranha motorista de profissão, Bodinho era funcionário da prefeitura (fiscalizava a carne vendida na pedra do Mercado Público) e JB, funcionário aposentado dos Correios, vivia embriagado.Pois bem, ficaram sendo chamados por adversários políticos local, como palhaços. Chico procurou Renato para fazer um versinho em sua defesa e dos demais. Renato trovou:
Dias fala aos estudantes,
Mirranha aos motorista.
Bodinho fala aos marchantes
Aos bêbados fala Batista.
Renato Caldas veraneando na casa de praia de seu cunhado Manoel Soares Filgueira Filho, mais conhecido como Bilé Soares (Bilé era pecuarista no Vale do Açu e fora superintendente da Caixa Econômica Federal/RN, nomeado por Café Filho, quando presidente da república, ambos eram amigos íntimos), noite alta, acordou e, ao sair de casa para apreciar as belezas do mar, escreveu a trova (Conta-se que Câmara Cascudo muito apreciava esses versos), escreveu no melhor de sua inspiração, irreverência e criatividade poética:
Saí de casa andando,
Com vontade de mijar
E vi a lua cagando
No penico azul do mar.
Num certo Concurso Nacional de Trovas que tinha como tema "A Andorinha", Renato participou e, como não podia ser diferente em razão do seu estilo irreverente de poetar, mandou essa para sua desclassificação:
Uma andorinha assustada
Por cima dos capteis,
pensa em dar uma cagada
Na cabeça dos fiéis.
O ex-deputado estadual Nelson Montenegro reunia costumeiramente, amigos em sua casa da praça Getúlio Vargas ou praça da Matriz, para um amistoso bate-papo. Renato era um dos seus frequentadores assíduos. Pois bem, Nelson Certa vez teria sido picado por um potó (inseto de mijo ardente). Renato escreveu:
Sofre o pobre e sofre o rico
Todos tem o mesmo fim.
Porém, eu não sou penico
Pra potó mijar em mim.
Renato andou o Brasil de ponta a ponta, nas suas intermináveis andanças de romântico caminheiro, no dizer de Expedito Silveira. E de ponta a ponta ficou conhecido. Visitando a cidade de Pedreira, interior do Piaui, alguém lhe pedira para fazer um verso em homenagem aquela terra piauense. Renato Caldas não deixou para depois:
Jardim de pedras imensas
No engate da pedra bruta,
Quem disse que esta merda presta
É um grande filho da puta.
Fernando Caldas
Estou de volta, Chiquinha,
Pra trazer sua colher.
De coisa que não é minha
Eu só aceito mulher.
Renato, aos seus 70 anos de idade, já sentia o peso da idade, a tristeza da cegueira (catarata quando não ainda não tinha cura), trovou com aquela irreverência que lhe era peculiar:
Está cegando Renato,
Pois, um objeto qualquer
Só conheço pelo tato...
Principalmente mulher.
E essa outra trova afirma o quanto ele, Renato, era um conformado com a cegueira que lhe acometera grande parte de sua vida. Vejamos:
Meus olhos estão cegando,
Não maldigo a escuridão!
Pois cinto que vai raiando
A luz da conformação.
Nas eleições municipais de 1988, eu, Fernando Caldas, o editor deste blog, disputei a reeleição para vereador. Passando pelo centro da cidade me deparo com certo vendedor de canjica (iguaria típica da culinária do Nordeste brasileiro). Comprei aquela iguaria e pedi ao vendedor que entregasse a Renato Caldas. Dito e feito. Renato entendeu que eu estava querendo agradá-lo para conquistar novamente o seu voto, não perdeu a oportunidade, me enviando por aquele vendedor, essa trovinha escrita num pedacinho de papel:
Fernando, você triste fica
A proposta não convém,
Por um prato de canjica
Eu não voto com ninguém.
Chico Dias, Mirranha, Bodinho e JB, são figuras folclóricas da cidade de Assu. Nas eleições municipais de 1976, ambos se candidataram disputando uma cadeira na Câmara Municipal da terra assuense, bem como usavam o mesmo carro de som para falar ao povo da cidade e fazer a propaganda política. Chico era estudante, Mirranha motorista de profissão, Bodinho era funcionário da prefeitura (fiscalizava a carne vendida na pedra do Mercado Público) e JB, funcionário aposentado dos Correios, vivia embriagado.Pois bem, ficaram sendo chamados por adversários políticos local, como palhaços. Chico procurou Renato para fazer um versinho em sua defesa e dos demais. Renato trovou:
Dias fala aos estudantes,
Mirranha aos motorista.
Bodinho fala aos marchantes
Aos bêbados fala Batista.
Renato Caldas veraneando na casa de praia de seu cunhado Manoel Soares Filgueira Filho, mais conhecido como Bilé Soares (Bilé era pecuarista no Vale do Açu e fora superintendente da Caixa Econômica Federal/RN, nomeado por Café Filho, quando presidente da república, ambos eram amigos íntimos), noite alta, acordou e, ao sair de casa para apreciar as belezas do mar, escreveu a trova (Conta-se que Câmara Cascudo muito apreciava esses versos), escreveu no melhor de sua inspiração, irreverência e criatividade poética:
Saí de casa andando,
Com vontade de mijar
E vi a lua cagando
No penico azul do mar.
Num certo Concurso Nacional de Trovas que tinha como tema "A Andorinha", Renato participou e, como não podia ser diferente em razão do seu estilo irreverente de poetar, mandou essa para sua desclassificação:
Uma andorinha assustada
Por cima dos capteis,
pensa em dar uma cagada
Na cabeça dos fiéis.
O ex-deputado estadual Nelson Montenegro reunia costumeiramente, amigos em sua casa da praça Getúlio Vargas ou praça da Matriz, para um amistoso bate-papo. Renato era um dos seus frequentadores assíduos. Pois bem, Nelson Certa vez teria sido picado por um potó (inseto de mijo ardente). Renato escreveu:
Sofre o pobre e sofre o rico
Todos tem o mesmo fim.
Porém, eu não sou penico
Pra potó mijar em mim.
Renato andou o Brasil de ponta a ponta, nas suas intermináveis andanças de romântico caminheiro, no dizer de Expedito Silveira. E de ponta a ponta ficou conhecido. Visitando a cidade de Pedreira, interior do Piaui, alguém lhe pedira para fazer um verso em homenagem aquela terra piauense. Renato Caldas não deixou para depois:
Jardim de pedras imensas
No engate da pedra bruta,
Quem disse que esta merda presta
É um grande filho da puta.
Fernando Caldas
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