terça-feira, 25 de outubro de 2016

ANTÔNIO SOARES DE MACÊDO GOVERNOU O ASSU DE 1874 A 1876


Por: Gregório Celso Macêdo

Antônio Soares de Macêdo (1831-1917) foi um grande líder do Partido Conservador no interior do Rio Grande do Norte, à época do segundo reinado. Deputado provincial, chegou a ser vice-presidente da casa legislativa. 


 Naquele período, a presidência da Câmara de vereadores correspondia à função atual de prefeito municipal. Além de ser deputado, Antônio Soares teve a honra de dirigir os destinos políticos da sua terra-natal, o Assu, no triênio 1874/1876. 


 Contudo, por grande ironia histórica, o seu nome vem sendo omitido em alguns livros, onde se publicam as listas dos governantes do Assu, lapso repetido por vários historiadores.
Mas qual a razão do nome de Antônio Soares de Macêdo não figurar como o presidente da Câmara no mencionado triênio 1874/76 em várias produções?


 Deduzimos que o princípio da omissão tenha se dado por ocasião da publicação do livro de autoria do seu sobrinho-neto Pedro Soares de Araújo Amorim, obra publicada em 1929 e intitulada: O Município do Assu (Notícia até 1928). Neste trabalho, onde deveria figurar o nome de Antônio Soares de Macêdo, houve uma repetição do nome do seu antecessor, Dr. Luiz Carlos Lins Wanderley, o que só podemos atribuir a mero erro de impressão gráfica. Não percebido o desacerto, a omissão foi passada adiante.


 A partir de então, notamos que quase todos os demais registros históricos que sucederam ao de Pedro Amorim, beberam de sua fonte bibliográfica e olvidaram as fontes documentais, perpetuando o deslize cometido. Saliente-se que tais autores jamais foram movidos por ineficiência ou pouco apego à verdade, mas cometeram uma atitude plenamente justificável, que foi lhes passando despercebida.


 Mas onde estão outras referências para legitimarem a assertiva do erro gráfico do livro do Dr. Pedro Amorim?


 Vejamo-las! Ezequiel Epaminondas da Fonseca Filho, ao publicar em 1984, pela editora Clima, o livro “Poetas e Boêmios do Açu”, assevera à página 73: “Major Manoel Lins Caldas foi umas das figuras salientes na política monárquica do município. Em 1865 assumiu a presidência da Câmara de Vereadores que implicava também em cargo de administração. Completado o triênio, sucedeu-lhe, por eleição, Dr. Luís Carlos Lins Wanderley (1869-73) e no triênio seguinte, o Cel. Antonio Soares de Macêdo.”


Por sua vez, no livro “Assu. Gente, Natureza e História” (Boágua Editora, 1996), o conterrâneo Celso Dantas da Silveira, aduz que: “De 1869 a 1873 foi presidente da Câmara de Vereadores o Dr. Luiz Carlos Lins Wanderley. No triênio seguinte, o Cel. Antônio Soares de Macêdo. Ambos com funções administrativas correspondentes aos prefeitos de agora” (página 64).


 Algum documento da época a ratificar a assertiva? Sim. 


 O semanário assuense Brado Conservador de 12 de janeiro de 1877 confirma fatalmente a informação ao apontar que: “Todos sabem que o Sr. Antonio Soares de Macêdo, na qualidade de presidente da câmara passada, e por um acto expontaneo de verdadeiro patriotismo, offereceu a casa de sua residência nesta cidade ao mesmo Exm. Sr. presidente da província para nella funcionar a camara deste município, que, depois das ruínas do edifício onde outr’ora funccionava, não tinha lugar certo e destinado para as suas sessões.”


Consta, ainda, que a oferta foi aceita por Portaria do mesmo senhor presidente da província, em 22 de julho de 1876, a qual, quem sabe, possa ainda existir no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.


 Não nos parece pairarem dúvidas acerca da função exercida por Antônio Soares de Macêdo, na condição de chefe da administração local, como presidente da Câmara Municipal de Vereadores, no mencionado mandato de três anos.


 Que seja, doravante, corrigida a omissão da informação histórica, não pelas cinzas daquele assuense, mas para se manter viva a chama do notável espírito público que o norteou, ao ponto de emprestar a própria residência para nela ocorrem os trabalhos da municipalidade, numa clara demonstração de desprendimento material e afeição aos interesses do seu povo.

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