Já ouvi várias coisas a respeito da depressão. Já a nomearam
como “frescura” e dizem ser coisa de quem não tem o que fazer. Já falaram para
eu ocupar minha cabeça e parar de pensar besteira. Falaram que eu deveria
trabalhar mais, estudar mais e deixar de pensar em todas essas loucuras.
Já falaram também que só reclamo e que uso o termo depressão
porque me convém para que as pessoas acabam tendo pena de mim. Outros
já se incomodaram com o meu choro e falaram que eu precisava ir ao
psiquiatra com urgência.
O que ninguém entendia, porém, era o medo que eu sentia de
falar das minhas dores, era o peso da angústia em me manter acordada, era o
fato de eu buscar o refúgio dormindo para esquecer da dor e fazer o tempo
passar rápido. Era a luta de todos os dias de ter de enfrentar o seu
“eu” em pedaços e depois juntá-lo novamente.
Ninguém entendia o quanto eu queria sair daquilo: era
uma como uma prisão. Eu era prisioneira de medos, fracassos, mágoas e angústia.
Ninguém entendia que eu não via mais graça em nada e isso não tinha nada a ver
com antipatia. Não entendiam que a força que me puxava para cama era bem
maior do que a que me encorajava a levantar dela e sair para o mundo para ver e
conhecer pessoas. Eu não tinha forças para falar, saudar alguém ou mesmo
me arrumar. Eu me olhava no espelho e gostava do meu pijama velho, rasgado e do
meu cabelo bagunçado. Eu não me preocupava com isso, pois a bagunça e os rasgos
eram bem maiores dentro de mim.
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