terça-feira, 29 de novembro de 2016

NO MEU TORRÃO EU LEMBRO
DO CAPUCHO DE ALGODÃO

O homem do campo plantava
Não esperava por Brasília
Sua linda família
De favor não precisava
O ouro branco de tudo dava
Na colheita tinha roupa e pão
Muitos compravam trator e caminhão
É grande a saudade
Que eu lembro no meu torrão
Do capucho de algodão.

Foi nossa riqueza de outrora
O azar foi a praga do bicudo
Esse besouro acabou com tudo
O sertanejo foi embora
Ele até hoje chora
É grande a recordação
O ouro branco do sertão
Deixou uma calamidade
No meu torrão eu lembro
Do capucho de algodão.
O velho bisaco de algodão
Trabalhou muito e ficou esquecido
Na safra era o mais querido
Enchia carroça e caminhão
De ouro branco do sertão
Bisaco do sertanejo trabalhador
Ele diz: 'Fiquei esquecido mas não tenho rancor'
Bisaco da época áurea do meu torrão
Eu lembro de você e do capucho de algodão.

Marcos Calaça, poeta matuto.

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