segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

ANA ANGELINA, UMA POETISA DA BOA SAFRA ASSUNSE

Por Fernando Caldas
Ana Angelina Soares de Amorim nasceu no dia 22 de janeiro de de 1875. Adquiriu o sobrenome Macedo, por ter se casado com João Francisco Soares de Macedo, de tradicional família assuense, o qual, filho de português nascido no Porto, Portugal. Angelina morreu vítima de tuberculose, no dia 5 de junho de 1906, aos 31 anos de idade. Deu a sua colaboração literária em diversos jornais e revistas do Rio Grande do Norte, publicando seus poemas, sonetos, charadas, contos.
Angelina empresta o seu nome a uma rua do bairro Candelária, da capital potiguar, bem como na cidade de Assu. Rua Poetisa Ana Angelina de Amorim Macedo.
O antologista Ezequiel Fonseca Filho, que aos 84 anos estreou nas letras norte-riograndenses, publicando o livro Poetas e Boêmios do Açu, 1984, prefaciado por Manoel Rodrigues de Melo, depõe que “há quem atribua o estilo e a tristeza dos seus versos a influência exercida por Auta de Souza de quem era fã lendo frequentemente e decorando seus sonetos”. E vais mais adiante aquele autor ao dizer que Angelina tinha um "temperamento sentimental, sofreu muito na vida, não encontrando no matrimônio a realização de seus sonhos de adolescente". "O lirismo de Angelina também está marcado pela melancolia, pela religiosidade e por acentuados elementos românticos e simbolistas."
E na sua melancolia Angelina escrevera o soneto datado de 1903, cujos versos, penso eu, parece com o estilo de poetar da poetiza sonetista portuguesa, uma das maiores vozes da poesia lusitana do século XX chamada Florbela Espanca, publicado no Almanaque do Açu. Se não vejamos, para o nosso deleite:
Sonhei que era feliz e era amada,
Que ao lado de meus pais tranquilamente,
Passava minha vida sorridente,
Sem nunca pela dor ser perturbada.
Nessa doce ilusão, sendo embalada,
Áureos castelos levantei na mente
E por linda visão aurifulgente,
Era ao céu de fantasia arrebatada.
Porém ao despertar do grato sonho,
Ao ver o meu presente tão tristonho,
Tão negro como fora o meu passado.
Quisera viver sempre adormecida,
Do mundo e de todos esquecida,
Ou ao menos, meu Deus, não ter sonha

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