Por Fernando Caldas
Ana Angelina Soares de Amorim nasceu no dia 22 de janeiro de de 1875. Adquiriu o sobrenome Macedo, por ter se casado com João Francisco Soares de Macedo, de tradicional família assuense, o qual, filho de português nascido no Porto, Portugal. Angelina morreu vítima de tuberculose, no dia 5 de junho de 1906, aos 31 anos de idade. Deu a sua colaboração literária em diversos jornais e revistas do Rio Grande do Norte, publicando seus poemas, sonetos, charadas, contos.
Angelina empresta o seu nome a uma rua do bairro Candelária, da capital potiguar, bem como na cidade de Assu. Rua Poetisa Ana Angelina de Amorim Macedo.
O antologista Ezequiel Fonseca Filho, que aos 84 anos estreou nas letras norte-riograndenses, publicando o livro Poetas e Boêmios do Açu, 1984, prefaciado por Manoel Rodrigues de Melo, depõe que “há quem atribua o estilo e a tristeza dos seus versos a influência exercida por Auta de Souza de quem era fã lendo frequentemente e decorando seus sonetos”. E vais mais adiante aquele autor ao dizer que Angelina tinha um "temperamento sentimental, sofreu muito na vida, não encontrando no matrimônio a realização de seus sonhos de adolescente". "O lirismo de Angelina também está marcado pela melancolia, pela religiosidade e por acentuados elementos românticos e simbolistas."
E na sua melancolia Angelina escrevera o soneto datado de 1903, cujos versos, penso eu, parece com o estilo de poetar da poetiza sonetista portuguesa, uma das maiores vozes da poesia lusitana do século XX chamada Florbela Espanca, publicado no Almanaque do Açu. Se não vejamos, para o nosso deleite:
Sonhei que era feliz e era amada,
Que ao lado de meus pais tranquilamente,
Passava minha vida sorridente,
Sem nunca pela dor ser perturbada.
Que ao lado de meus pais tranquilamente,
Passava minha vida sorridente,
Sem nunca pela dor ser perturbada.
Nessa doce ilusão, sendo embalada,
Áureos castelos levantei na mente
E por linda visão aurifulgente,
Era ao céu de fantasia arrebatada.
Áureos castelos levantei na mente
E por linda visão aurifulgente,
Era ao céu de fantasia arrebatada.
Porém ao despertar do grato sonho,
Ao ver o meu presente tão tristonho,
Tão negro como fora o meu passado.
Ao ver o meu presente tão tristonho,
Tão negro como fora o meu passado.
Quisera viver sempre adormecida,
Do mundo e de todos esquecida,
Ou ao menos, meu Deus, não ter sonha
Do mundo e de todos esquecida,
Ou ao menos, meu Deus, não ter sonha
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