Geraldo Melo
(Artigo publicado pelo jornal TRIBUNA DO NORTE no dia 12 de março de 2017)
Tudo o que o PT, diretamente ou através dos seus porta-vozes e serviçais, propõe hoje ao pais é isto: fora Temer. Vamos conversar um pouco sobre esse assunto?
Com base nessa proposta petista, tiramos Temer e depois fazemos o quê?
Vamos apenas esperar que assuma o substituto que, não sendo do PT, sofrerá a mesma campanha: Fora o substituto. Se o substituto sair, vem outro, que também não será do PT. E então? Fora o Outro? E depois, fora o Substituto do Outro para que venha ainda a campanha exigindo Fora o Substituto do Substituto do Outro?
E para ajudar o Brasil, nada?
Essa brincadeira pode servir aos profissionais da militância política. Pode interessar a quem precisa da emoção das crises, reais ou inventadas, para procurar atrair multidões, ou apenas grupos, ou pelo menos grupelhos para o seu lado, ou simplesmente para se ocupar em alguma coisa.
Já vi esse filme. Quando o Presidente Collor foi derrubado, assumiu o Vice-Presidente, como agora. Collor foi substituído por Itamar Franco, assim como Dilma foi substituída por Michel Temer. Uns quarenta dias depois da posse definitiva de Itamar, eu me lembro de ter ido a Brasilia. Passando por baixo de uma daquelas pontes perto da Rodoviária, em tintas pretas, estava escrito: “Fora Itamar”. O pecado de Itamar: não era um “deles”.
E o Brasil? Ah... o Brasil, muitos problemas, dificuldades – isso é assunto muito chato. Não dá para sustentar uma conversa dessa turma.
Itamar ficou lá, presidiu o Brasil, e foi no seu governo que se criou a nova moeda do nosso país, o real, mudando radicalmente a economia nacional.
Agora temos novamente a mesma proposta. Fora Temer. Tira-se Temer e pronto. Por que? Porque não gostam daquele jeitão muito penteado dele, nem daquela sua forma de falar de antigamente, cheia e ênclises e mesóclises, sem a preocupação de que a cozinheira, ou a arrumadeira, ou o motorista entendam o que ele diz?
E para que é mesmo que ele seria tirado? Para nada. Não há proposta, não há ideia, não há nada. Acham que o Brasil aguenta.
É engraçado ver que a grande acusação a Temer é chamá-lo de “golpista”. Os que defendem essa tese não ligam a mínima para o fato de que o verdadeiro golpe seria tirar do poder um Presidente da República, qualquer um, sem que estejam presentes as hipóteses constitucionais que governam o assunto.
Uma das diferenças entre ditadura e democracia é que, na democracia, as regras estão escritas. A Constituição, boa ou ruim, é o estatuto do país. Nas ditaduras, as regras vão sendo feitas ou mudadas de acordo com a conveniência e a vontade do ditador. Onde há democracia, golpe é a ruptura do estatuto nacional.
Ninguém rompeu estatuto algum para que Michel Temer se tornasse titular da Presidência da República. Agora que ele é Presidente, até poderia sair do poder sem que a Constituição fosse ofendida: por morte, renúncia, doença que o inabilite, impeachment, decisão judicial.
E o que aconteceria então? Assumiria a Presidência o deputado Rodrigo Maia, Presidente da Câmara Federal. Ele teria trinta dias de prazo para promover uma eleição indireta, pelo Congresso Nacional, dos novos Presidente e Vice-Presidente do Brasil, já que isso ocorreria durante “os dois últimos anos do período presidencial”, como prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 da Constituição Federal. Os eleitos pelo Congresso terminariam o mandato em curso, governando, portanto, até 31 de dezembro de 2018.
É para isso que lutam os que estão na rua gritando Fora Temer.
Do Facebook Geraldo Melo
(Artigo publicado pelo jornal TRIBUNA DO NORTE no dia 12 de março de 2017)
Tudo o que o PT, diretamente ou através dos seus porta-vozes e serviçais, propõe hoje ao pais é isto: fora Temer. Vamos conversar um pouco sobre esse assunto?
Com base nessa proposta petista, tiramos Temer e depois fazemos o quê?
Vamos apenas esperar que assuma o substituto que, não sendo do PT, sofrerá a mesma campanha: Fora o substituto. Se o substituto sair, vem outro, que também não será do PT. E então? Fora o Outro? E depois, fora o Substituto do Outro para que venha ainda a campanha exigindo Fora o Substituto do Substituto do Outro?
E para ajudar o Brasil, nada?
Essa brincadeira pode servir aos profissionais da militância política. Pode interessar a quem precisa da emoção das crises, reais ou inventadas, para procurar atrair multidões, ou apenas grupos, ou pelo menos grupelhos para o seu lado, ou simplesmente para se ocupar em alguma coisa.
Já vi esse filme. Quando o Presidente Collor foi derrubado, assumiu o Vice-Presidente, como agora. Collor foi substituído por Itamar Franco, assim como Dilma foi substituída por Michel Temer. Uns quarenta dias depois da posse definitiva de Itamar, eu me lembro de ter ido a Brasilia. Passando por baixo de uma daquelas pontes perto da Rodoviária, em tintas pretas, estava escrito: “Fora Itamar”. O pecado de Itamar: não era um “deles”.
E o Brasil? Ah... o Brasil, muitos problemas, dificuldades – isso é assunto muito chato. Não dá para sustentar uma conversa dessa turma.
Itamar ficou lá, presidiu o Brasil, e foi no seu governo que se criou a nova moeda do nosso país, o real, mudando radicalmente a economia nacional.
Agora temos novamente a mesma proposta. Fora Temer. Tira-se Temer e pronto. Por que? Porque não gostam daquele jeitão muito penteado dele, nem daquela sua forma de falar de antigamente, cheia e ênclises e mesóclises, sem a preocupação de que a cozinheira, ou a arrumadeira, ou o motorista entendam o que ele diz?
E para que é mesmo que ele seria tirado? Para nada. Não há proposta, não há ideia, não há nada. Acham que o Brasil aguenta.
É engraçado ver que a grande acusação a Temer é chamá-lo de “golpista”. Os que defendem essa tese não ligam a mínima para o fato de que o verdadeiro golpe seria tirar do poder um Presidente da República, qualquer um, sem que estejam presentes as hipóteses constitucionais que governam o assunto.
Uma das diferenças entre ditadura e democracia é que, na democracia, as regras estão escritas. A Constituição, boa ou ruim, é o estatuto do país. Nas ditaduras, as regras vão sendo feitas ou mudadas de acordo com a conveniência e a vontade do ditador. Onde há democracia, golpe é a ruptura do estatuto nacional.
Ninguém rompeu estatuto algum para que Michel Temer se tornasse titular da Presidência da República. Agora que ele é Presidente, até poderia sair do poder sem que a Constituição fosse ofendida: por morte, renúncia, doença que o inabilite, impeachment, decisão judicial.
E o que aconteceria então? Assumiria a Presidência o deputado Rodrigo Maia, Presidente da Câmara Federal. Ele teria trinta dias de prazo para promover uma eleição indireta, pelo Congresso Nacional, dos novos Presidente e Vice-Presidente do Brasil, já que isso ocorreria durante “os dois últimos anos do período presidencial”, como prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 da Constituição Federal. Os eleitos pelo Congresso terminariam o mandato em curso, governando, portanto, até 31 de dezembro de 2018.
É para isso que lutam os que estão na rua gritando Fora Temer.
Do Facebook Geraldo Melo
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