João
Lins Caldas era um poeta Norte-rio-grandense de extrema sensibilidade e
criatividade. Desde moço teve uma vida solitária. Os seus escritos retrata a
dor, a melancolia, o amor não correspondido. É de sua autoria, o soneto que
transcrevo adiante, produzido no Rio de Janeiro em 2 de janeiro de 1913,
publicado na importante revista carioca intitulada Fon-Fon, numa das edições daquele periódico (1924), que
diz assim:
Minha’alma
anda a chorar... Anda-me ao peito
Uma
agonia louca, uma tortura...
Venho
da terra do feral despeito...
Mudado
sobre mim o teu conceito
Acenadora,
pérfida ventura,
A
noite vejo, poderosa, escura,
Do
meu sonho de amor, sonho desfeito...
Deixa
que eu vá... e tu, que és minha vida,
Não
te magoes com a dor ferida,
-
Mulher, mulher – amor, sonho – de calma...
Eu
sou teu sonho e teu sonhar sonhando...
Não
me queiras seguir... comigo andando
Há
de chegar a noite da tu’alma...
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