Por João Lins Caldas
.
Doente por não te ver, ver não te quero,
Dispenso-te a visita de saúde.
Dê-me Deus, que me vê, sempre a virtude
De, calado, sofrer meu desengano.
Infeliz que por ti meu sonho altero,
Tenho a crença feliz que não me ilude
De, perdido este amor profundo e rude,
Ser mais forte na vida e mais severo.
O amor que nos maltrata e às vezes mata
(É crença que agasalho, crença ingrata,
Crença que as asas levemente solta.)
Se, crescendo, não mata o que padece,
Morre no peito onde a desdita cresce
Crença que as asas levemente solta.)
Se, crescendo, não mata o que padece,
Morre no peito onde a desdita cresce
E o amor que morre para amar não volta.
Assu, 24 (11 da noite) fevereiro de 1910
Assu, 24 (11 da noite) fevereiro de 1910
Nenhum comentário:
Postar um comentário