terça-feira, 11 de julho de 2017

OLHOS NEGROS


Teus olhos negros Maria,

São uns olhos singulares,

São tão cheios de poesia,

São tão cheio de cismares

Que, por vê-los, certo dia

Passei a noite cantando,

Teu sono mesmo sonhando,

Vendo o sonho dos luares...

Depois, refleti comigo:

“ - Não há no céu uma estrela,

Um astro formoso, amigo,

Com o brilho dos olhos dela.

Se algum dia eu fosse Deus

O senhor das borboletas,

Formaria estrelas pretas

Do brilho dos olhos teus.”

João Lins Caldas
Assu, 1910
__________________In, Almanaque Literário de Pernambuco, para 1910


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