domingo, 6 de agosto de 2017

 
Cartão postal com vista para a praça da Jangada, praia de Areia Preta.

Essa praça, inaugurada juntamente com o calçamento da avenida, o trampolim e a baloustrada, fez parte do projeto de urbanização ocorrido na praia de Areia Preta. Foi entregue à população em 4 de janeiro de 1956.

Essas pedras, em frente a praça da Jangada, foi palco de um triste acidente ocorrido no fim da tarde do dia 9 de agosto de 1965.

Nesse desastre, ocorrido com um avião da FAB, perderam a vida dois jovens oficiais aviadores, bastante ligados à sociedade.

Um dos mortos era o Capitão Adolfo Peixoto de Melo, casado com Srª Ana Madalena, filha do Vice-cônsul da Espanha em Natal.

O outro era o Tenente Carlos Schmidt Filho.

Dos três tripulantes da aeronave, apenas o Sargento José Otacilio Santana conseguiu salvar-se.

Em treinamento de rotina comandado pelo capitão Peixoto, o avião de instrução da FAB, um B-26 e de referência 5151, de repente sofreu pane nos motores. O capitão procura então fazer uma aterrissagem forçada em Ponta Negra, mas, verificando a impossibilidade de descer nessa praia, segue em direção a praia do Meio. Infelizmente a aeronave só consegue chegar até Areia Preta, bem defronte a praça da Jangada.

Minutos antes de cair próximo a essa grande quantidade de pedras, a Base Aérea acompanhou pelo rádio os gritos do Capitão Peixoto e do Tenente Schmidt, que pediam desesperadamente socorro à torre de controle.

O capitão Peixoto e o tenente Schmidt, comandantes dessa aeronave, pertenciam ao 5º Grupamento de Aviação e tinham sido recentemente premiados com o troféu de segurança de voo pelo Governo dos Estados Unidos.

Exatamente às 15:55 da tarde o capitão Peixoto avisou pelo rádio que o avião estava em pane. Sem explicar qual era o problema, informou que ia tentar um pouso de emergência na beira da praia de Areia Preta.

Dois minutos depois foi o primeiro a avisar dramaticamente: "Estamos prestes a concluir nosso último voo. Impossível o pouso. Tudo leva a crer que chegamos ao fim".

No minuto final o avião bateu contra a água, voltou novamente e em seguida desapareceu.

O único sobrevivente, o sargento José Santana, operador de voo, ao sentir o desastre iminente, abriu a porta do avião e jogou-se ao mar. Pouco depois era recolhido por pescadores que se encontravam nas proximidades.

Antes de seguir para o Cemitério do Alecrim, os corpos dos dois oficiais, encontrados entre as pedras na manhã do dia 12, foram velados em meio a grande multidão na capela da Base Aérea de Natal. Um guarda de oficiais e sargentos foi formada no local, enquanto aviões sobrevoavam a capela.

Hoje, um dos espectadores sobreviventes daquela época, o único que poderia narrar com precisão todo o ocorrido naquele fim de tarde, é o há muitos anos solitário e já nonagenário coqueiro da extinta praça da Jangada.

Fotógrafo: Jaeci Galvão
Ano: Por volta de 1960

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