MINHA FOGUEIRA
Sinhá dona, o tempo passa,
mas porém, essa desgraça,
mas porém, essa desgraça,
Êsse amô, êsse arrespeito,
Qui o cristão guarda no peito,
Essa paixão pru muié...
Qui o cristão guarda no peito,
Essa paixão pru muié...
Êsse veneno danisco,
Essa pedra de curisco,
Essa dô, essa afrição,
êsse estrépe invenenado,
êsse cão amolestado,
Qui mastiga o coração.
Essa pedra de curisco,
Essa dô, essa afrição,
êsse estrépe invenenado,
êsse cão amolestado,
Qui mastiga o coração.
Essa sodade afitiva
Qui pru maias qui a gente viva,
Cum a gente véve tombém...
Essa lembrança danada,
Essa coisa amalinada,
Qui só sente quem qué bem...
Qui pru maias qui a gente viva,
Cum a gente véve tombém...
Essa lembrança danada,
Essa coisa amalinada,
Qui só sente quem qué bem...
Mecê já sabe o que é...
Pode num sofrê inté,
Mas, sente rescordção...
Daquela noite brejeira,
Qui nós casô na fogueira,
De nosso sinhô S. João.
Pode num sofrê inté,
Mas, sente rescordção...
Daquela noite brejeira,
Qui nós casô na fogueira,
De nosso sinhô S. João.
A sua bôca falava,
Meus ouvidos escutava,
- aí... meus óios chorô -
Jurguei qui mecê num visse,
Aquela minha tolice...
Mas, sinhá dona notô.
Meus ouvidos escutava,
- aí... meus óios chorô -
Jurguei qui mecê num visse,
Aquela minha tolice...
Mas, sinhá dona notô.
E dixe pra eu baixinho:
- São João, foi o nosso padrinho,
São Pedro e Nosso Sunhô...
- Eu serei tua querida,
- Tu serás a minha vida
- Eu serei o teu amô.
- São João, foi o nosso padrinho,
São Pedro e Nosso Sunhô...
- Eu serei tua querida,
- Tu serás a minha vida
- Eu serei o teu amô.
Outros São João já vieram;
Mais fogueiras se fizeram;
E nós dois, sempre a lembrá...
Daquele aperto de mão,
Do qui juremo a São João,
Na fogueira - O nosso artá.
Mais fogueiras se fizeram;
E nós dois, sempre a lembrá...
Daquele aperto de mão,
Do qui juremo a São João,
Na fogueira - O nosso artá.
Mas, o tempo, êsse marvado,
Qui leva a vida ocupado,
Sem nenhuma ocupação...
Acendeu outra fogueira,
De miôlo de arueira,
Na minha rescordação.
Qui leva a vida ocupado,
Sem nenhuma ocupação...
Acendeu outra fogueira,
De miôlo de arueira,
Na minha rescordação.
Renato Caldas, poeta potiguar
Em, Fulô do Mato, 2, edição
Em, Fulô do Mato, 2, edição
Nenhum comentário:
Postar um comentário