quinta-feira, 12 de julho de 2018

HOJE, 12 DE JULHO, 67 ANOS DO DESASTRE AVIATÓRIO QUE ENLUTOU O RIO GRANDE DO NORTE


Avião Douglas C-47 igual ao do acidente (Foto da web)


                                                    Dix-Sept Rosado


"O mergulho do avião no Rio do Sal levou para o silêncio da morte planos e intenções"
  
Às 4h15 da manhã do dia 12 de julho de 1951, decolava do aeroporto de Parnamirim, o avião Douglas, de prefixo PL - 3 PPLG da LAP - Linhas Aéreas Paulistas, com destino ao Rio de Janeiro. A bordo daquela aeronave, o governador potiguar Dix-Sept Rosado Maia, que regressava aquela capital federal com o objetivo de tratar assuntos políticos e, principalmente, conseguir recursos para "reconstruir o Estado dos efeitos desastrosos da calamidade climática". 

Em sua companhia, auxiliares e amigos como Mário Negócio, Jacob Wolfson, José Gonçalves de Medeiros (Poeta, intelectual, autor do premonitório poema escrito em 1945 intitulado Despedida do pássaro morto), o casal assuense  Fernando Tavares (Vem-Vem) e Maria Celeste Tavares (meus avós maternos), além de Marina Nina de Oliveira e seu filho pequeno, bem como Pedro Dos Santos, Agenor Coelho, além dos tripulantes comandante aviador Áureo Miranda, co-piloto José de Souza Neto, o radioperador Eurico Pereira Bendelho e o comissário Sérvulo Duarte Gonçalves, dentre outros.

Aquele avião teria que fazer escala no Recife, Aracaju, Maceió, além de Rio de janeiro. Naquela aeronave viajava, além de Dix-Sept, o assuense ex-deputado Manuel de Melo Montenegro (Major Montenegro) que teria desembarcado na capital pernambucana. Do Recife, o avião prosseguiu viagem. A próxima escala seria a cidade de Aracaju. Sobrevoou o rio do Sal, nas proximidades do aeroporto daquela capital sergipana. O avião, segundo depoimentos de moradores do povoado Sobrado, começo a inclinar as asas e foi ouvido um barulho ensurdecedor provocado pela queda da aeronave. 

O desastre ocorreu precisamente às 8h40, no riacho Calumbi, afluente do rio do Sal. Poucos minutos depois, os jornais recebiam notícias da grande tragedia que enlutou Sergipe e o Rio Grande do Norte, conforme informações do Sergipe-Jornal, edição do dia 12 de julho de 1951.


Outra matéria sobre aquele acidente vamos encontrar naquele mesmo jornal, edição de 13 de julho daquele mesmo ano. O pesquisador Valderley Ferreira de Matos, de Aracaju, depõe que aquele periódico informa que "muitas horas após a tragedia a agência da LAP em Aracaju não sabia informar quais passageiros e tripulantes viajavam e fazia crítica à falta de manutenção da aeronave dizendo ainda que "avião que cai é avião sem manutenção e com carga acima do limite". Foi, segundo se comentava na época, o excesso de carga a causa daquele episódio que vitimou 28 passageiros e quatro tripulantes. 

Aquele pesquisador ainda depõe que naquele acidente "morreram seis membros da família Diniz e três da Sampaio Melo, famílias tradicionais da capital pernambucana, além do sergipano Raimundo Leite Torres, filho de Anízio Fontes Torres, fazendeiro de Estância, interior Sergipano.

Há informações que aquela "aeronave estava sobrecarregada e no limite máximo de passageiros, tudo leva a crê que o comandante fez uma manobra brusca para entrar em reta final do pouso, perdendo, contudo, o controle do avião. Não houve incêndio, como a princípio se pensou. Os corpos das vítimas foram transportados do local do acidente para o Hospital Cirurgia, para serem embalsamados e enviados para os estados de origem." 

Por fim, vejamos o poema premonitório de José Gonçalves de Medeiros:

O voo também é sensu-
alidade
Estremeço e vibração de pássaro
Que possui e penetra o
espaço.
E era como se possuísse
e penetrasse a alma
do tempo.
Se eu morrer como
um pássaro
Deixo aos que me ama-
ram, aos que
me quiseram e me
gostaram, como eu
era, o meu sempre
displicente adeus.
Estou compreendendo
que se morrer num voo
antes de tocar a terra
do mundo, serei como
a pena do pássaro
ferido de morte.
Serei um pássaro de
fogo que vem do
céu para repousar
no seu ninho de areia.
Chorem, bebam, dancem,
riam, passeiem, pela
alma do amigo que
não foi pássaro mas
morreu como eles.


Postado por Fernando Caldas

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