domingo, 23 de outubro de 2011
Casarões lembram o período colonial
Assú
- Antes, eram centenas; hoje, não chega a 40 o número de casarões com
condições de restauração na cidade de Assú, que é detentora da segundo
maior herança arquitetônica do período colonial com uma pitada de
barroco do Rio Grande do Norte, perdendo apenas para o bairro da
Ribeira, em Natal. Com o mesmo estilo, existem residências em Angicos,
Mossoró e Ipanguaçu. Através da Assessoria de Comunicação, a Prefeitura
informa que existe um esforço para salvar o que ainda resta de casarões
que, em seus traços, contam a história da colonização do Brasil.
Entre
os casarões que marcaram época no século XVIII em Assú e que foram
destruídos está a estrutura onde nasceu e vive o ex-prefeito Pedro
Soares de Amorim, assim como o pertencente ao primeiro médico do Rio
Grande do Norte e também ex-prefeito de Assú Ezequiel Wanderley. No
local onde haviam essas arquiteturas, que para a preservação da história
não têm preço, atualmente está sendo instalado um supermercado. Antes
funcionou um parque de diversão.
A
moradia do jornalista Palmério Filho, que nasceu em 1874, e depois do
escritor e poeta Francisco Augusto de Amorim, "Chisquito", em 1899,
ainda tem paredes e sobrado. Parte ameaça cair pela falta de conservação
e pela ação do tempo. Chisquito também foi prefeito de Assú. Parte
desse casarão está desabrigada e outra é ocupada por comerciantes na
parte inferior, mas a parte de superior, o sótão, a cobertura já ameaça
desabar. Porém, entre os prédios em ruínas uns resistem, apesar do
elevado custo de recuperação com recursos públicos.
É
o caso do sobrado da baronesa Eliziária Lins Wanderlei, que fica quase
em frente à Igreja Matriz de São João Batista, que também tem
arquitetura que remonta ao período colonial. O sobrado foi reconstruído
pela Fundação José Augusto, do Governo do Estado, há oito anos, porém
nunca foi utilizado. Aliás, foi deixado para ser esquecido. No dia 13
passado, foi que o coordenador do Centro Cultural de Artes e Assú
(CENEC), da Prefeitura Municipal, Gilvan Lopes de Sousa, decidiu fazer
uso da estrutura. Vai funcionar o Centro de Cultura Fulô do Mato, em
homenagem ao poeta Renato Caldas, autor do livro Fulô do Mato.
Outro
prédio que terá ordem de serviço assinada no dia 7 de novembro pela
governadora Rosalba Ciarlini é o antigo Cinema e Teatro Pedro Amorim,
que será recuperado com recursos da Lei Câmara Cascudo, na ordem de R$
1.411.360,00. A estrutura interna está totalmente destruída; apenas as
paredes externas resistem. Segundo Gilvan Lopes, os recursos destinados
serão para reconstruir e comprar os equipamentos.
Os
proprietários do Sobrado Amorim já demonstraram interesse de doá-lo
para o Município. Gilvan Lopes confirma essa proposta e disse que a
ideia é transformar o casarão, caso se configure oficialmente a doação,
numa grande biblioteca. Disse que esse prédio foi onde funcionou a
primeira farmácia de Assú. A própria arquitetura dos casarões revela a
exuberância da sociedade do século XVIII, seus costumes, suas origens...
Além dessas residências com traços históricos na cidade, existem vários
outros na zona rural, como o Banguê, Porto do Piató e Curralinho.
TOMBAMENTO
Gilvan
Lopes informou que recentemente a Prefeitura de Assú elaborou projeto e
a Câmara Municipal aprovou, tombando 35 prédios, que ainda reúnem
condições de recuperação. A lei regula o que os proprietários dos
prédios podem fazer nas estruturas. "A ideia melhor será também fazer um
tombamento estadual, mas isso é mais difícil', reconhece Gilvan Lopes.
Fonte: Jornal de Fato
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