Valério Mesquita
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01) Lá pelos anos oitenta, Severino Azevedo, vulgo Lelinho, de saudosa memória, prefeito de Bom Jesus, erigiu uma estátua em homenagem ao então governador José Agripino na mesma praça central da cidade onde, também, estava chantado o busto do venerado Padre João Maria. Certa noite, o ex-deputado Carvalho Neto resolveu dar uma entrada em Bom Jesus para visitar o amigo prefeito. Sua esposa Terezinha, que o acompanhava, filha do saudoso ex-deputado Antônio Bilu, pediu ao marido para ir até o busto do santo milagreiro. Ao cabo de alguns minutos, quando voltava, Carvalho viu a sua mulher contrita ajoelhada ante a estátua do ex-governador. Sem ao menos atentar para o fato de um perdoável equívoco, Carvalho esbravejou com a mulher pelo ato profano de rezar aos pés de um político. E o pior, seu adversário. Erro de estátua.
02) Segundo Bira Rocha, o ez-senador Geraldo Melo é quem melhor formula, engendra, neste estado. Tem um poder de convencimento invejável. Após a sua eleição e a derrota de Wanderley Mariz para o Senado, cogitou-se a indicação deste para a secretaria do Interior e Justiça. Ao receber o convite Titi Mariz deu um choque irreprimível. “Vou ser enterrado vivo lá. Aquela secretaria não tem nada. Manoel de Brito me disse que é um oco só!!”. De repente, Marluzia Saldanha, mágicos e alquimistas foram convocados para ministrarem passos magnéticos no ex-deputado. Mas, Wanderley resistia. E depois de checar de novo Brito aí é que as coisas pioraram. Só havia uma maneira, agora, chamar Geraldo Melo. Na sua casa de Lagoa Nova instalou-se o cenário. Wanderley, calado, começou a escutar Geraldo que formulava, engenhava tal um aceso guru em transe mediúnico. Geraldo Melo dissertou sobre a importância política de uma secretaria do Interior, do primado e da sublimação da justiça, dos valores da cidadania e a sua prevalência nos dias de hoje. Essa secretaria era a mais importante do seu governo. Titi, já exausto de tanta teoria, fez sinal para Geraldo parar e com aquele seu tique nervoso característico, soltou de uma só vez: “Eu aceito”. Bira tem toda razão.
03) Quantas figuras, desconhecidas ainda, do folclore político e social não existem perdidas por esse Rio Grande do Norte afora? Uma delas é Bolo-Bolo de Caicó. Pelo apelido não resta duvidas que fosse um exímio criador de casos e causos. Bolo-Bolo vendia jornais em Caicó. Na vila militar, onde residiam os suboficiais e oficiais do Batalhão de Engenharia do Exército, no tempo da Revolução, Bolo-Bolo fazia suspense na rua para vender mais jornais. “Olha aí, veja a nova relação dos militares cassados pelo AI-5!!”. Assustadas, as esposas dos militares procuravam saber em qual dos jornais estava a relação. Bolo-Bolo, assumindo um ar arrogante, sentenciava: “Tem que comprar os dois (Diário de Natal e Tribuna do Norte) pois não sei qual o que traz a relação!!”.
04) Walter Leitão, ex-prefeito de Açu, era bonachão, espirituoso e irreverente. Certa vez, retornava à noite de uma viagem ao lado do seu motorista. Cansado, tirava uma soneca quando foi despertado repentinamente pela trepidação da estrada. “Quem é o corno fela da puta prefeito desse lugar?”, perguntou Walter, irritadíssimo. “Já estamos em Açu e o senhor não é o prefeito?”. Respondeu, obrigatoriamente, o motorista.
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