segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

 POUCAS E BOAS

Valério Mesquita
mesquita.valerio@gmail.com
01) Chico Guajar, enquanto vivo, foi um eterno postulante à prefeitura de São Gonçalo do Amarante. Em carreira solo, Guajar fazia sua campanha falando em todas as esquinas do centro da cidade. “Vim para lutar. Vim para brigar. Vim para defender meus conterrâneos”, assim começava seus discursos. E recriando as palavras do seu ídolo político ele recitava: “Nada impediria de vir! O rio Potengi que nos separa é como um copo d’água! Mas que ninguém beba pra não morrer poluído!!”. Na última eleição que disputou, o guerreiro Guajar ainda conseguiu cinco sufrágios.
02) Dom Manoel Tavares foi vigário na paróquia de São José em Angicos. O edil José Melquíades, agnóstico de dar azia, vez por outra o provocava. Certa tarde, o vereador, em conversa informal, questionou: “Seu padre, me tire uma dúvida. O senhor acha justo um cristão ganhar dinheiro com a desgraça alheia? Me diga por favor?”. O então sacerdote respondeu sem perder a ternura: “Isso é um absurdo! Uma ignomínia! Quem já se viu isso? Claro que é um crime. Um pecado mortal!”. Melquíades, atingiu o clímax do ateísmo: “Já chega, seu vigário. Então me devolva o dinheiro que paguei pela celebração do meu casório!!!...”. Dom Manoel Tavares, depois, bispo, com paciência cristã absolveu o herege.
03) De volta à telinha, o ex-deputado Luis Almir, com a franqueza que lhe é peculiar, mostrou nesse anunciou toda a sua irreverência. Na TV, Luiz soltou o verbo: “Atenção! Alguém perdeu os documentos, mas foram encontrados. Estão aqui nos nossos estúdios. Não sei onde você foi arriar as calças. A verdade é que as coisas caíram, talvez quando você se abaixou. Passe aqui e tome mais cuidado. Um marginal pode achar seus papéis e sair por aí se passando por você”.
04) Uma grande comitiva governista trilhava a BR-304, rumo ao sertão. À frente, o governador Garibaldi Filho, levando o precioso líquido via tubulações, às regiões mais carentes. Conforme o relevo, hora os grossos e pretos canos apareciam na superfície, hora sumiam engolidos pelos desníveis do terreno. Junto a Garibaldi muitos candidatos faziam média, pegando carona no ato político-administrativo. Vez por outra, alguém gritava: “Lá vai o cano!”. Um pré-candidato a deputado federal, entusiasmado falou: “Lá vai a cobra preta de Garibaldi!”. Gari, calmo e comedido, olhou de lado e recomendou: “Diga isso só por aqui. Em Caraúbas, Patu, por acolá, não fale em cobra preta. Evite insinuações”. O riso foi geral. Falou a cobra criada.

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