05/02/2021 - 04:00 / Atualizado em 05/02/2021 - 05:06
Retrato da inauguração do Café Gaúcho, em 1921, que mostra dois de seus proprietários, M. Soares e R. Carvalho. Foto: Página da revista Careta, edição 667, Março de 1921 / Reprodução
O espaço é facilmente reconhecível. Azulejo retrô com estética dos anos 1970, simpáticas pastilhas azuis nas laterais, teto alto e um longo e generoso balcão, que nos áureos tempos do Centro do Rio já chegou a servir uma média de 2 mil cafés por dia. Localizado no coração da cidade, abrindo de segunda a sexta-feira suas quatro portas no térreo de um antigo sobrado de três andares na esquina da Rua São José com a Rodrigo Silva, o Café Gaúcho é desses lugares impossíveis de ser ignorados pelos transeuntes. Mas, às vésperas de seu centenário, sua história permanece um tanto escondida. Até mesmo os frequentadores, em sua maioria trabalhadores das imediações, não fazem ideia de que o estabelecimento já foi um reduto de escritores, pintores e intelectuais, cenário fundamental para a cultura brasileira da primeira metade do século XX.
Foi lá, por exemplo, que Candido Portinari fez de tudo para retratar a bailarina Eros Volúsia, filha dos poetas Gilka Machado e Rodolfo de Melo Machado — e levou um não. Também foi lá que nasceu um dos principais mecanismos de divulgação do modernismo carioca, a revista Festa, de Andrade Muricy, Adelino Magalhães e Tasso da Silveira. “Estranha coisa é o mundo. Dentro de alguns anos, tudo estará esquecido e perdido”, escreveu o poeta Augusto Frederico Schmidt, ilustre frequentador do café entre as décadas de 1920 e 1950, em seu livro de memórias, As florestas. Ele não estava errado. As histórias e os diálogos protagonizados por Schmidt e um vasto elenco dissolveram-se na poeira dos anos.
“No início do século, os cafés eram o lugar de sociabilidade por excelência”, lembrou a historiadora Marissa Gorberg, doutora em história, política e bens culturais pelo CPDOC da Fundação Getulio Vargas. “Era onde os intelectuais e artistas se encontravam para o fomento das ideias. Com as reformas de Pereira Passos, o Centro espelhava esse modelo de progresso que deveria ser uma vitrine para o resto do país”, disse a historiadora. Entre tantos cafés do Centro, o Gaúcho se diferenciava por sua diversidade, observou Gorberg. Provavelmente por causa de sua localização, era um melting-pot capaz de receber tanto os pintores rebeldes do Núcleo Bernardelli quanto os católicos conservadores que fundaram a revista A ordem. Ou ainda músicos do grupo Oito Batutas, formado por Pixinguinha e Donga, entre outros, e intelectuais negros como Abdias do Nascimento. “Não era um lugar fechado para brancos, onde negros se sentiam intimidados”, disse Gorberg. “Para quem chegava de fora da cidade, seja para procurar emprego ou para se enturmar com os intelectuais, o lugar era ali.” O fenômeno não se restringia ao Rio. Em São Paulo, a turma de 1922, capitaneada por Oswald de Andrade, frequentava as mesas do Café Guarany, na Rua XV de Novembro, perto do antigo Largo do Rosário, do lado esquerdo de quem vai para a Praça da Sé. Também compunha o roteiro da intelectualidade paulista o Bar Viaduto, ao lado do que hoje é o Largo Santa Ifigênia. Ambos surgiram ainda no século XIX, mas, diferentemente do Gaúcho, não sobreviveram ao fim do modernismo. O primeiro fechou na década de 1930 e o segundo na de 1950.
O Gaúcho tem duas datas de fundação. A administração crava 1935, ano em que a família do atual proprietário o comprou. Os jornais antigos, porém, guardam uma trajetória amputada da versão oficial. No dia 26 de março de 1921, nesse mesmíssimo número 86 da Rua São José, os sócios M. Soares e R. Carvalho inauguravam o café com “farto lunch e chopps”, como lembra a revista Careta da época. As ofertas do “lunch gaúcho” incluíam comidas como pastéis de carne, camarões recheados, empadas, croquetes e canjica de milho verde. Um estilo não muito parecido com as atrações da casa atual, que tem como carro-chefe o cachorro-quente com linguiça e uma nababesca milanesa com pão francês.
O Gaúcho, para além da decoração, é o conceito do negócio. Relatos e fotos antigas mostram um espaço para se sentar e papear noite adentro. Hoje, porém, o Gaúcho serve cafés e lanches rápidos nos três balcões da casa, com os clientes em pé — uma mudança introduzida nos anos 1950, e que faz muita gente chamar o lugar de “bisavô das lanchonetes”. E fecha às 21 horas. “Sem saber nada sobre ele, tomei muito cafezinho no Café Gaúcho nos anos 1960 e 1970, quando a Livraria São José ainda ficava na própria São José e, na Rua Rodrigo Silva, havia a Motodiscos, insuperável sebo de discos do Carlinhos”, contou Ruy Castro, que cita diversas vezes o estabelecimento em seu livro Metrópole à beira-mar, um painel do Rio moderno dos anos 1920. “Tem balcão de metal, ficha de plástico, açucareiro de vidro e café de verdade. Que maravilha.”
Desde a sua fundação, o café podia não ter o glamour das confeitarias Colombo, Cavé ou Alvear, frequentadas por Rui Barbosa, Chiquinha Gonzaga e Olavo Bilac, nem a fama boêmio-folclórica do Lamas, preferido por Emílio de Meneses. Mas havia um diferencial: encontrava-se em uma rua com muitas pensões de estudantes (incluindo a de Gilka Machado) e de livrarias tradicionais, como a São José, frequentada por Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Assim, virou o ponto de encontro das grandes cabeças da cidade: “Pintores com velhos plastrons desbotados e poetas e críticos e alfarrabistas”, como lembrou uma reportagem de 1950.
Em sua mocidade, Schmidt saía todas as noites de Copacabana para a “cidade”, pronto para “excursões noturnas, perfeitamente líricas e inocentes, e que duravam até depois da madrugada”. Ele recorda: “Passava eu de pince-nez e bengala, à procura da vida literária que se desenrolava em alguns cafés da cidade, notadamente no Gaúcho”. Há referências ao estabelecimento como um espaço afetivo na obra de diversos escritores do período. Os lendários relatórios que fizeram a fama do prefeito Graciliano Ramos (que governou a alagoana Palmeira dos Índios de 1928 a 1930) no Rio começaram a circular pela primeira vez entre as mesinhas do Gaúcho. Um dos embasbacados com a descoberta do manuscrito foi o autor Marques Rebelo. “Depois de Manuel Antônio de Almeida e Machado de Assis, nada encontrara até então em prosa do Brasil que tanto me satisfizesse”, escreveu ele.
Em um texto memorialístico, o mestre do romance urbano José Geraldo Vieira descreveu o clima das noites do Gaúcho em sua juventude. Nos anos 1920, o futuro autor de A quadragésima porta lembra de esperar nas mesas o esfomeado amigo dadaísta Maneco Nunes Pereira. “Assim que João Castelo Branco ou João Lins Caldas começavam a querer ler-lhe poesias que haviam escrito em caixas de cigarro ou na orla de jornais, (Maneco) segurava um deles pelo gasganete e berrava: ‘Eu quero é média com pão e manteiga! Arrebento a cara do primeiro safado que ousar me ler um soneto!’.”
O café fundado logo após a Gripe Espanhola agora tenta manter-se em pé na pandemia de coronavírus. A crise sanitária foi especialmente dura com o comércio do Centro do Rio. Lugares tradicionais nas imediações, como a Casa Ulrich e a Leiteria Mineira resistem como podem. Depois de fechar por 90 dias entre março e junho, o Gaúcho reabriu, mas com o movimento muito abaixo do que estava acostumado. Com tantos funcionários públicos da área fazendo home office, acabaram-se as happy hours lotadas. “Vendíamos 800 cafés por dia, agora não chegamos a 200. Barril de chope vão dois ou três. Antigamente, iam até 12 nas sextas-feiras”, disse João Tavares, que chegou ao Gaúcho em 1961 como funcionário e hoje é sócio.
Tavares contou que veio do Ceará e foi praticamente adotado pelo então dono do café, o Seu Cunha (avô dos outros dois sócios da casa, Claudio e Marcos Cunha). Naquela época, já não havia mais pintores ou escritores modernistas, embora Tavares se lembre de ter visto os músicos Luiz Gonzaga e João Nogueira no Gaúcho. Mas o passado é o passado. Agora, como os outros bares e restaurantes da redondeza, o mais velho funcionário da casa pensa no futuro, enquanto aguarda ansiosamente a prometida ida das novas repartições da prefeitura para o edifício da Procuradoria da República, na Rua México, a poucos metros dali. “Todos os comércios estão vendo como a salvação”, disse.
Mapa Topográfico da SUDENE Folha AÇU RN década de 60.
De: Eugênio Fonseca Pimentel
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sábado, 27 de fevereiro de 2021
UMA TIRADA - Renato Caldas foi um poeta do Assu, de versos matutos, populares, mas também produziu versos de qualidade literária. Ele foi um dos responsáveis ao lado de Catulo da Paixão Cearense (poeta maranhense, autor da célebre canção Luar do Sertão) e Zé da luz, pela introdução da poesia popular na literatura brasileira. Era Renato, boêmio, irreverente, gracioso. As suas tiradas de espíritos, além dos seus versos, atravessaram fronteiras. Pois bem, Renato namorava uma jovem chamada Maria Da Conceição que resolveu ir à São Paulo rever familiares e amigos. Isso aconeteceu na década de vinte. Aquela sua namorada comprometeu-se com ele, Renato, passar na capital paulistana apenas uns vinte dias. Na despedida, devia ter ocorrido numa estação de trem. Renato entregou a sua amada um bilhete rimado com a seguinte inscrição:
Maria da Conceição
Faça uma boa viagem
E leve meu coração
Dentro da sua bagagem.
Passaram-se dias, meses, anos, e nada de Conceição retornar. Renato, ao tomar conhecimento que ela, Conceição, teria se casado, bem como do seu endereço, vingou-se num telegrama rimado, dizendo assim:
Augusto Severo de Albuquerque Maranhão tem sido vítima de seguidas “desomenagens” no seu torrão Rio Grande do Norte. Primeiro, a Escola Estadual com o seu nome na rua Mipibu, ao lado da Academia Norte-Riograndense de Letras, sofreu, por alguns anos, danos contínuos, chegando a fechar e os alunos retirados. Tempos depois, recursos chegaram para recuperar. Antes, transferiram o aeroporto de Parnamirim construído inicialmente pelos americanos durante a segunda guerra mundial para o vizinho São Gonçalo do Amarante. O Trampolim da Vitória ficou vago e vazio. E o pior, o nome do patrono: esquecido.
O ciclo vicioso e nefasto não ficou por aí. A praça Augusto Severo na Ribeira, com um monumento erguido à memória do mártir da aviação, próximo ao teatro construído pelo seu irmão Alberto Maranhão, esteve na iminência de ser mudado para Dom Bosco. Somente agora, ante os protestos de vários segmentos da cultura, o nome do antigo logradouro voltou a denominação anterior (o nome original datado de décadas era praça da República). Foi preciso um novo decreto municipal para ratificar.
No mapa da nomenclatura dos municípios potiguares retiraram o nome de Augusto Severo de Campo Grande. Mas, deixaram o de outras figuras de menor expressão, em diversos municípios do Rio Grande do Norte.
Em Macaíba, terra natal do aeronauta, onde passeou nas ruas, nasceu num sobradão no centro da cidade, hoje o largo é designado com o seu nome e existe no local um monumento erguido nos anos trinta. O casarão ruiu vítima do descaso. Nessa cidade, já descansam os restos mortais de Auta de Souza e Fabrício Maranhão. Mas, a pergunta que não quer calar é por que o projeto de trasladação das suas cinzas não retornam a sua verdadeira casa? Soube, através dos macaibenses brigadeiro do ar Louis Josuá Costa e do advogado Armando Holanda que tais iniciativas datam mais de dez anos, sem que os procedimentos tenham chegado a bom termo. E hoje, com os mesmos propósitos o assunto foi retomado.
Recentemente, com silêncio e desinteresse, as autoridades de Macaíba ouviram um grupo de macaibenses para trazer Augusto Severo a sua cidade. A falta de receptividade trouxe imensa tristeza e desalento a todos os conterrâneos. Ante a recusa oficial ele irá para o nosso vizinho Parnamirim, sem que isso represente nenhum demérito. Porém, Macaíba detinha a prioridade, o privilégio da natividade e da conterraneidade de Severo. Segundo o Dr. Armando Holanda, a decisão da volta do aeronauta já foi tomada com o apoio logístico das embaixadas da França, Estados Unidos e Itália, além da prefeitura de Parnamirim e do Ministério da Aeronáutica. Isto posto, ele não voltará a sua terra, como patrimônio cultural, telúrico, político, social e histórico de sua família e do seu invento, durante mais de um século. Até fizeram as contas. O orçamento atingirá oito milhões de reais. Nele constam restaurações de aeronaves, museu, mausoléu específico em local de realce e uma capela ecumênica no Parnamirim Field.
Macaíba, a terra natal, já perdeu. Lá não será a sua última morada. Augusto não voltará para o lar. Vai para a casa do nosso vizinho. De todo modo, seja bem-vindo!
É sempre citada a frase que "o povo que não tem passado não tem futuro". Preservar a memória dos feitos heróicos, dos vultos importantes que emolduraram a tradição de um povo e de um município, exige-se sensibilidade, amor a terra e responsabilidade com a história que não pode ser esquecida. Como registro iterativo na crônica dos tempos, torna-se necessário dizer o que aconteceu e a perda sofrida. Coisa parecida ocorreu com o empório de Fabrício Pedroza (de 1850). O Ministério do Turismo liberou uma parcela de hum milhão de reais para o início da restauração. A grana aqui ficou na Caixa Econômica esperando que o governo passado a retirasse. Mas, o dinheiro voltou por falta de espírito público e descuido com o patrimônio histórico do Rio Grande do Norte. A Procuradoria do Estado do Rio Grande do Norte tem conhecimento desse fato do desvario do ex-governador.
Em 27 de novembro de 1925, nasceu em Natal, precisamente no bairro das Rocas, uma menina que viria a ser batizada com o nome Maria da Glória Mendes de oliveira, porém por um lapso da parte de seu pai, a mesma foi registrada sem o nome Glória, o que não impediu de ser sempre chamada de Glorinha pelos seus familiares e amigos. Ainda pequena estudando no Grupo Izabel Gondim, Glorinha de destacava com as suas tendências artísticas, se apresentando em eventos e festinhas do colégio, participando de peças de teatro e cantando.
Quando a mesma ainda pequena com apenas 10 anos, foi morar no Recife, esta se apresentou num programa de calouros na Rádio Clube de Pernambuco, onde ganhou um relógio de ouro por ser escolhida a cantora mirim na ocasião. Glorinha teve o privilégio de participar da inauguração da 1ª Rádio do RN –REN – RÁDIO EDUCADORA DE NATAL, que depois veio a se chamar RÀDIO POTI.
Na década de 50 viajou por quase todo esse Brasil para representar nosso Estado nas inaugurações das emissoras de rádio dos DIÁRIOS E RÀDIOS ASSOCIADOS, participando ainda das festas de 1º Aniversário das TVS TUPI do Rio e São Paulo, a qual teve matéria de destaque na Revista O CRUZEIRO. Grandes figuras do cenário artístico brasileiro dividiram o palco com Glorinha, destacando nomes como Ademilde Fonseca, Cauby, Ângela Maria, Carlos Galhardo, as Irmãs Baptistas, Moacyr Franco, Leni Andrade, Miltinho, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Lúcio Alves, Dick Farney e tantos outros.
No Rádio Glorinha fez de tudo; rádio novela, programa de humor, e foi locutora e chegou até escrever minis novelas, seu maoir destaque foi seu Programa das quintas feiras “ A ESTRELA CANTA”. Glorinha, garante ter público eclético, em termos de idade, já gravou dois LPS(vinil), o primeiro em 1988, com o nome “Glorinha Oliveira”, e o segundo em 1993, intitulado “50 ANOS DE GLÓRIA”, que teve tiragem de oito mil cópias, um número espetacular para Cidade do Natal. Em 1999, foi ao Rio de Janeiro gravar seu primeiro CD que teve o nome de “MEU TEMPO”, que teve participação de músicos de primeira grandeza, como Sérgio Cleto(arranjador), Victor Biglione, Mingo, Altamiro Carilho, Milton Guedes, Aécio(filho) e outros não menos importantes. Em 2001 gravou o CD “ENTRE AMIGOS”, homenageando os compositores da terra, além de várias participações de cantores colegas como Liz Nôga, Tarcísio Flor e outros. Vale salientar que Glorinha participou de Programas importantes da TV, fora de Natal, FESTA BAILE -1981 – Agnaldo Rayol e Lolita Rodrigues(TV RECORD), SEM CENSURA em 1988 (TV EDUCATIVA).
A cantora Glorinha Oliveira, conhecida como o Rouxinol Potiguar, morreu na noite desta terça-feira 23/02/2021 em Natal. A cantora estava internada no Hospital Rio Grande, na zona Leste de Natal, com complicações pulmonares provocadas pela doença pulmonar obstrutiva crônica, ou DPOC e havia passado por duas cirurgias.
Fontes: Som Sem Plugs e Agora RN
Publicação mostra Porto do Mangue sem acesso ao Rosado e pede socorro ao Governo do Estado.
Na publicação, é feito um apelo a Governadora Fatima Bezerra, para que ela vá pessoalmente ao munícipio de Porto do Mangue
Publicada em 23/02/21 às 22:40h - 205 visualizações
por TV Assu- Com informações Porto do Mangue oficial
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(Foto: Francisco Bezerra)
O município de Porto do Mangue, um dos mais bonitos destinos do litoral do RN está gritando por socorro nas redes sociais, devido a situação intransitável que se encontra a RN que liga a cidade ao Vale do Açu e consequentemente as dunas do rosado e suas praias na região da Pedra Grande.
Porto do Mangue para muitos é um paraíso tropical, cenário de filmes, séries, novelas, editoriais de modas e publicações de fotografias em revistas famosas do mundo inteiro. Suas praias já foram protagonistas no cinema, canais de TVs como Globo, Record, Band, Netflix e produtoras de moda internacionais como o fotógrafo da modelo Gisele Bündchen que esteve nas Dunas do Rosado em 2019.
O município tem um potencial turístico invejável além de grandes empresas salineiras que movimentam a economia local. Mesmo assim, diante de toda essa riqueza, a população pede socorro ao governo do estado para a solução de um problema que vem se arrastando há anos e que cada vez mais vem prejudicando o seu desenvolvimento que é a reconstrução da RN 404 que dá acesso ao município.
A cidade está totalmente ilhada. Segundo a rede social @portodomanguernoficial o município está vivenciando um colapso por causa do trajeto, que impede o seu crescimento, atrasa a evolução e destrói a possibilidade e os sonhos do povo de Porto do Mangue RN.
A pagina diz que a prefeitura Municipal de Porto do Mangue, vem há anos se desgastando e desperdiçando tempo e recursos, abrindo diariamente um trecho na estrada, para que alguns transportes possam passar nas urgências.
Diante da situação e por falta de uma ação efetiva do governo estadual, a população já sinaliza manifestações de alcance nacional.
Na publicação, é feito um apelo a Governadora Fatima Bezerra, para que ela vá pessoalmente ao munícipio de Porto do Mangue, veja de perto a situação e apresente uma alternativa para resolver o problema.
01) Mossoró, década da luz na política do Rio Grande do Norte, onde pontificou e reinou o líder Aluízio Alves. A Rádio Difusora local pertencia a Renato Costa. O jornalista David de Medeiros Leite que me repassou a história, contou-me que o vigia Mourão, aluizista de pé roxo, notabilizou-se pelo seu fanatismo na briga do vermelho e do verde. Com a notícia em 1966, de que Aluísio teve os direitos políticos cassados não se rendeu às evidências. Ao ouvir o comentário de que o filho do ex-governador, Henrique, ia suceder o pai na política, Mourão, saiu-se com essa: "Ora, se o pai era forte com dois "A", imagine o filho "Anrique"? São três "A", menino!!".
02) Uma figura especial do folclore político de Mossoró foi D. Hilda de Medeiros Leite, doze filhos, considerada "senadora", também do movimento político das mulheres mossoroenses pró-candidatura de Aluízio Alves, nos anos 60. Completou 90 anos em dezembro de 2020. Professora e comerciária, foi casada com Aldemar Duarte Leite, já falecido. Histórias, fotos e depoimentos sobre D. Hilda, no desempenho político em favor da "Cruzada da Esperança" constam do livro "Dona Hilda, Simples em Todos os Aspectos", organizado pelas filhas Maria de Fátima, Maria Helena e Valdete Medeiros Leite. David Leite, na conversa do cafezinho, me falou que a fidelidade política de sua genitora (ele é o filho caçula), desde o tempo de Aluizio, era tanta, que até a posse do senador Garibaldi Filho em Brasília, ela estava lá, firme e forte, no testemunho da herdade política dos Alves. Na eleição de Gari (Garibaldi) para governador, ela fez promessas publicamente que faria um farto e suculento café da manhã oferecido aos garis de Mossoró, caso ele ganhasse a eleição. Promessa feita, promessa cumprida. O que foi de gari na cidade empanturrou-se no banquete. Ao final, ela escutou uma pergunta inocente de um deles: "Dona Hilda, quando é que vai ter outra "inleição"?".
03) O saudoso prefeito Dix-Huit, certa vez, autorizou o secretário da pasta a viajar a São Paulo e lá pesquisar vários transportes que serviriam à frota da prefeitura. O vereador Expedito Bolão, ciente da história, prontificou-se a fazer companhia ao auxiliar municipal e assim, “conheceria “Sum Palo”. Os dois emissários iriam via Fortaleza e de lá, embarcariam de avião. Expedito, num misto de alegria – era o primeiro voo – e de medo, pensou por bem “encher a cara” antes do embarque. Depois de meia hora no ar, ele tanto roncava, como bufava. O colega de lado, pensou pregar-lhe uma peça. “Expedito, Expedito!”, disse o amigo. “Acorda, homem! O avião faltou gasolina!”. Bolãozinho, sem sequer abrir os olhos balbuciou cheio de “mé”: “Mande encostar aí num posto, que eu dou cinquenta contos pra ajudar no combustível”. E voltou ao seu sono.
04) Um caso inusitado aconteceu em Natal. Um guarda municipal, conhecido por fazer parte dos “amarelinhos”, encostou a moto (instrumento de trabalho), e foi dar uma informação a um motorista. Ao voltar, a surpresa: furtaram a moto! Comunicaram o acontecido à secretária do gabinete da prefeitura, que, por sinal, estava ao lado de Carlos Eduardo. Naquele momento o prefeito dava uma entrevista coletiva, porém não perdeu a calma. Pediu licença aos repórteres, sublinhou com seriedade que o caracteriza: “Quero abrir um parêntese em face de uma ocorrência agora mesmo e fazer um apelo: senhor ladrão! Por favor, devolva-nos essa moto, pois a situação da prefeitura é pior que a sua. Muito obrigado!”. E tocou pra frente a entrevista. O veículo foi encontrado, abandonado num matagal. Aconteceu, virou manchete...
Prédio situado à rua Francisco da Cruz da antiga Delegacia de Polícia de Macaíba, administrada pelo governo do Estado. Com o tempo ele sofreu desabamento do seu teto e a delegacia foi transferida para a Companhia de Polícia no Conjunto Alfredo Mesquita. Posteriormente no local, foi erguido a sede do Poder Judiciário com o funcionamento de dois cartórios, gabinete do juiz e do Ministério Público e uma sala de audiência judiciária.
Quando a Pequena e Provinciana Natal Foi Iluminada Por Poderosas Luzes Desconhecidas – Causou Medo e Preocupação no Povo – As Portas da Igreja de Bom Jesus foram Arrombadas Para as Pessoas Rezarem por Proteção – O Fenômeno Foi Testemunhado Por Câmara Cascudo – Diferente do Que se Pensou na época, Não Foi o Encouraçado Minas Gerais Que Iluminou a Capital Potiguar
Rostand Medeiros – IHGRN
Estamos na capital potiguar em uma quarta-feira, dia 29 de março do ano de 1910, então uma bucólica cidade com pouco mais de 27.000 habitantes, que naqueles dias acordava em meio a muito frio para a sua realidade, com temperaturas que variavam entre 22 e 23 graus por volta das sete da manhã[1].
Além disso, de manhãzinha bateu um vento sudoeste e caiu uma chuva e ao longo do dia as temperaturas máximas nem sequer chegaram aos 29 graus[2]. Com a forte precipitação do dia anterior, onde foram testemunhados trovões e relâmpagos sobre a cidade, o pluviômetro marcou mais de 100 m.m. de chuvas em Natal[3].
Pela manhã cedo era comum nessa antiga Natal que as pessoas seguissem para o Mercado Público na Avenida Rio Branco, o principal entreposto de vendas de alimentos. Outros locais procurados sempre pela manhã o povo natalense seguiam para orar, ascender velas, participar de missas nas igrejas de Nossa Senhora da Apresentação, do Galo, a de Nossa Senhora do Rosário, ou de Bom Jesus. Sendo as três primeiras localizadas na Cidade Alta e a última na Ribeira.
Nessa cidade calma e tranquila, em meio a um tempo frio e talvez bem nublado, o dia 29 de março de 1910 foi avançando e logo a noite foi chegando.
Bom, quem estiver lendo esse texto deve imaginar que nessa noite em Natal os lampiões da Empresa de Iluminação a Gás Acetileno estariam acesos em seus postes de ferro, com os bicos de gás com potência de iluminação de apenas “15 velas”, clareando basicamente o bairro da Ribeira. Mas isso não ocorreu naquela data. Teria havido algum problema na iluminação?
Recorremos então a Luís Câmara Cascudo para descobrir em seu livro História da Cidade do Natal, que essa iluminação ficava apagada três dias antes e três dias depois da fase em que a lua estava cheia[4]. E naquele mês de março de 1910, conforme está na primeira página do jornal A República de 26 de março, a lua cheia estava marcada para o dia 27.
Para completar a situação, na Natal de 29 de março de 1910 não existia luz elétrica nas residências. Em um mundo sem rádio, televisão, computador, aparelhos celulares, internet e outras maravilhas modernas que utilizam a energia elétrica para seu funcionamento, grande parte da população dormia bem cedo.
Feixes de Luzes Misteriosos e o Pânico em Natal
Pesquisando os jornais da época vi que o jantar era servido normalmente às seis da noite e depois o que havia para fazer era se reunir com os parentes em casa, ler algo a luz de um candeeiro a base de querosene, ou simplesmente pegar uma cadeira, um tamborete e sentar nas calçadas com os vizinhos e conversar.
Mas naqueles dias a temperatura estava fria, de vez em quando chovia, e, mesmo com a pequena capital potiguar iluminada pela luz natural da lua, acredito que às nove da noite desse dia muita gente já estava em casa, se preparando para ir para cama. É possível que por volta das nove da noite a “Guarda Nocturna” já se encontrasse nas ruas com seus apitos e cassetetes realizando suas patrulhas, para uma ronda que se apresentava sem maiores alterações.
Foi quando repentinamente e de forma surpreendente, o céu foi iluminado por feixes de uma luz clara, branca, radiante e muito forte.
Luís da Câmara Cascudo, então com apenas 11 anos de idade, rememorou aquela noite inesquecível quase 32 anos depois na sua coluna “Acta Diurna”, no jornal natalense A República. Ele então morava com seus pais na Rua do Comércio (atual Rua Chile), no número 44. Eles viviam em uma casa com a parte posterior voltada para o Rio Potengi, onde certamente o jovem e sua mãe viram os feixes de luzes “cortarem os céus em súbitos safanões luminosos”, conforme descreveu em 1942.
Do seu local de visualização Cascudo comentou que as luzes iluminaram o mangue do outro lado do rio, as águas tranquilas do Potengi, coqueiros, dunas e chegavam até o Refolés, onde atualmente se encontra a Base Naval de Natal. Do seu ponto de observação Cascudo viu os feixes se elevarem no firmamento, onde depois escreveu que “Cruzavam-se, confundindo no espaço como num duelo dantesco de enormes serpentes vestidas de relâmpagos”.
O pai de Cascudo, o comerciante Francisco Justiniano da Oliveira Cascudo, colocou o filho para rezar em alto e bom som um “Salve Rainha” e que fosse dito “sem errar”. Mas não foi apenas na casa da família Cascudo que a reza, embalada pelo medo do desconhecido, ecoou com força e fé. Cascudo informou que nas casas vizinhas na Rua do Comércio dava para ouvir as ladainhas dos desesperados em busca de proteção divina. Até uma das portas da Igreja do Bom Jesus das Dores da Ribeira foi arrombada (“voou em pedaços”, segundo Cascudo), para os fiéis adentrarem o templo e pedirem a salvação dos céus.
Horas depois, certamente após tomar conhecimento com outras pessoas na cidade sobre aqueles feixes de luz, o coronel Cascudo explicou ao filho o que acreditava ser aquele fenômeno e a calma voltou na casa às margens do rio Potengi e também na cidade.
As luzes vistas no dia 29 de março repercutiram bastante, pois dois dias depois o jornal A República trazia na sua primeira página a nota que reproduzimos abaixo e que acredito ter sido a explicação aceita sem contestação sobre o estranho caso.
Não demorou e um interessante artigo assinado por Hernani Fontes apontou como a passagem do Minas Gerais por Natal chamou atenção da comunidade e era o motivo de conversas das “pessoas gradas” da comunidade[5].
Logo o medo do povo natalense se tornou coisa do passado e surgiu certo encantamento, pela capital potiguar ter sido a “Primeira cidade brasileira iluminada pelos potentes holofotes do encouraçado Minas Gerais”, considerado então o mais poderoso navio de guerra a singrar os sete mares.
Mas NÃO foi essa nave de guerra que realizou esse procedimento diante de Natal, pois na noite de 29 de março de 1910 o encouraçado Minas Gerais não se encontrava na costa brasileira!
O Encouraçado Minas Gerais e Como ele Veio Navegou Para o Brasil?
As obras de construção desse grande navio se iniciaram em abril de 1907, no estaleiro W. G. Armstrong Whitworth & Co Ltd, na cidade deNewcastle-on-Tyne, ou simplesmente Newcastle, no norte da Inglaterra.
Era uma nave verdadeiramente espetacular para seu tempo. Possuía doze canhões com calibre de 305 mm, uma verdadeira bateria de ferro e fogo. Para nível de comparação, o famoso o encouraçado russo Potemkin, muito ligado a Revolução Russa de 1917, tinha apenas quatro canhões desse mesmo calibre. Além desse armamento superpesado, o Minas Gerais tinha nos seus costados quatorze canhões de 120 mm e couraças de proteção que variavam de oito a nove polegadas de espessura e confeccionados pela empresa Krupp. O Minas Gerais e seu irmão gêmeo, o São Paulo, poderiam alcançar uma velocidade máxima de 21 nós (39 km / h) e as tripulações desses navios podiam chegar a 106 oficiais e 887 marujos. A nave deslocava quase 20.000 toneladas, sendo lançada nas águas em setembro do ano seguinte e comissionado em abril de 1910.
No final de 1910, segundo o jornal The Times de Londres, em sua edição de 3 de março de 1911 (pág. 7) a Inglaterra tinha doze encouraçados e o resto das grandes potências mundiais outros treze, dos quais cinco pertenciam à Alemanha e quatro aos Estados Unidos. Mas naquele momento o Brasil tinha dois dos mais recentes e maiores poderosos encouraçados navegando e prontos para entrar em ação[6]. E na Inglaterra estava sendo construído um terceiro encouraçado, o gigantesco Rio de Janeiro[7].
E qual a razão do Brasil, uma grande nação repleta de recursos naturais, mas muito pobre e quase sem indústrias, drenou milhares de libras esterlinas para os ingleses construírem aqueles três colossos dos mares?
Na virada do século XX, a Marinha do Brasil era inferior às rivais argentinas e chilenas em qualidade e tonelagem total. Em 1904, o legislativo brasileiro votou pela alocação de uma quantia significativa de recursos para resolver esse desequilíbrio naval. Os proponentes dessa estratégia acreditavam que uma marinha forte ajudaria a tornar o país uma potência internacional. Esses navios de guerra, os mais poderosos do mundo, entrariam em serviço em uma época em que os encouraçados estavam rapidamente se tornando uma medida de prestígio internacional. Eles, portanto, chamaram a atenção global para o que era percebido como um país recém-ascendente.
O Minas, como os marujos simplificavam o nome do encouraçado, era comandado pelo veterano capitão de mar e guerra João Batista das Neves, um oficial com mais de trinta anos na Marinha de Guerra. Ele tivera um papel de destaque na conhecida Revolta da Armada de 1893, comandando o cruzador Andrada. Neves assumiu o comando desde a saída do encouraçado dos estaleiros de Newcastle-on-Tyne, no dia 4 de fevereiro de 1910.
Mas o navio brasileiro não seguiu direto para o Brasil. Primeiramente rumou para os Estados Unidos, para o porto de Norfolk, no estado da Virgínia. Antes atracou no porto de Plymouth, sudoeste da Inglaterra, onde desembarcou alguns marinheiros que estavam doentes. Partiu no dia 8. Pouco mais de 24 horas depois o navio brasileiro se viu diante de um fortíssimo temporal e seu comandante decidiu seguir para a ilha de São Miguel, nos Açores, aonde chegou em 15 de fevereiro. Nessa ilha o Minas recebeu carvão e zarpou no dia 21 para os Estados Unidos[8].
Chegaram na costa americana no dia 2 de março, mas só puderam entra no canal de Hampton Roads dois dias depois devido a um pesado nevoeiro. Antes de atracar no porto de Norfolk, o encouraçado seguiu para um local chamado Old Point Confort, defronte ao Fort Monroe, uma das maiores fortificações militares americanas na época. Nesse local o Minas Gerais disparou uma salva de 21 tiros de canhão em saudação a nação anfitriã. O navio brasileiro foi então saudado pela guarnição do forte e do encouraçado USS Lousiana.
Depois de treze dias o Minas Gerais se juntou ao cruzador blindado USS North Carolina, da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), e seguirem para o Rio de Janeiro. A missão do North Carolina era transportar o corpo de Joaquim Nabuco, então embaixador do Brasil nos Estados Unidos e falecido em janeiro de 1910. Os dois navios zarparam às dez e meia da manhã de 17 de março.
Na sequência os dois navios realizaram no dia 22 de março uma parada para abastecimento de carvão na ilha de Barbados, no Caribe, então uma colônia britânica. No outro dia as duas naves seguiram em direção ao Brasil[9].
E é aí onde começa o mistério da noite em que Natal foi iluminada por holofotes.
Quem Iluminou Natal?
Os primeiros brasileiros que comunicaram terem visualizado a dupla Minas Gerais e North Carolina, foi o pessoal do farol de Salinas, atualmente Salinópolis, no Pará. O caso ocorreu na tarde de 31 de março de 1910, quase dois dias depois do caso de Natal ter sido misteriosamente iluminada por luzes que aparentemente eram de holofotes[10].
É certo que esses navios passaram por Natal no começo da manhã do dia 4 de abril, onde provavelmente não foram vistos por ninguém. Sabemos disso porque nessa mesma data, às duas da tarde, eles passaram diante do porto de Recife, onde diminuíram a marcha, emitiram sinais de luz e foram vistos por muitas pessoas[11]. Dependendo da condição do mar, um navio que siga entre Natal e Recife a 21 nós de velocidade, leva cerca de sete a oito horas de navegação[12].
Se não foi nem o Minas Gerais e nem o North Carolina, quem então iluminou Natal?
Sabemos que não era incomum nessa época, anterior a criação do radar, que navios utilizassem seus holofotes. Evidentemente que a quantidade desses aparelhos por navio dependia da sua utilização, no caso do Minas Gerais, uma nave de guerra, haviam nove holofotes de 90 centímetros de diâmetros, que tinha um alcance de até seis minhas náuticas, ou cerca de onze quilômetros.
O uso desse tipo de aparelho de iluminação marítimo estava condicionado a situações variadas. Desde necessidade de navegação segura, localização de obstáculos, transmissão de sinais, busca de náufragos no mar e muito mais.
Então seria errado algum navio ligar seu farol para tentar entrar no porto de Natal e assim evitar bater nas rochas que durante séculos atrapalharam a entrada de naves no rio Potengi? Teoricamente não!
Inclusive nessa época já existia na Fortaleza dos Reis Magos um farol de sinalização que orientava os navegantes a ultrapassar a barra do rio e chegar ao porto. Mas em 1910 o procedimento normal era esses barcos entrarem no nosso porto com o apoio de um prático de navios durante o dia. Esse é tipo de profissional até hoje, mesmo com todos os avanços tecnológicos, conhece os detalhes e obstáculos de um determinado corpo de água e trabalham orientando navios a adentrarem e atracarem com segurança nos portos de todo mundo.
Percebemos que um barco que utilizasse de maneira indiscriminada holofotes de alta potência e longo alcance sobre uma cidade, sem adentrar o seu porto (o que justificaria o uso dos holofotes), assustando toda uma população, não sei se é considerado algum tipo de crime. Mas certamente não é uma situação normal, pois não conheço outro caso.
Pelos dias posteriores a 29 de março de 1910, as notícias sobre o encouraçado Minas Gerais que circularam no jornal natalense A República, o principal da cidade, focaram basicamente na sua chegada ao Rio de Janeiro, então Capital Federal. Comentaram principalmente sobre a retumbante festa que aconteceu no porto da cidade, onde não faltaram manifestações patrióticas e nacionalistas. Em tempo – Afora as notícias publicadas em A República, nenhum outro jornal, ou qualquer documento oficial, trouxe novas informações sobre a passagem do encouraçado Minas Gerais diante da capital potiguar e sobre a utilização de holofotes iluminando a cidade.
Não tenho meios para dizer o que foi que iluminou Natal e assustou sua população em 29 de março de 1910.
[1] Sobre a população de Natal na época e outros dados ver Cascudo, C. História da Cidade do Natal, 3ª ed., Natal-RN, Edição IHGRN, 1999, página 95.
[2] Nesse tempo em Natal existia uma estação pluviométrica e suas medições eram publicadas diariamente na primeira página do jornal A República, o principal jornal do Rio Grande do Norte na época. Chama atenção as temperaturas bem mais amenas que nos dias atuais.
[3] Como ocorre até hoje em uma região afetada pelas secas, a boa notícia naqueles dias frios era que no interior do Rio Grande do Norte as chuvas caiam em todo sertão e os rios Assú, Mossoró, Ceará-Mirim e Potengi estavam com grande volume de água. Como naquela época o algodão, o gado e outros produtos agropastoris eram os motores da fraca economia potiguar, aquelas chuvas eram ótimas notícias depois de dois anos de seca.
[4] Ver Cascudo, C. História da Cidade do Natal, 3ª ed., Natal-RN, Edição IHGRN, 1999, página 301.
[5] Ver jornal A República, Natal-RN, ed. 18/03/1910, pág. 1. Não consegui encontrar nenhuma informação sobre quem era Hernani Fontes, mas seu artigo é muito interessante e aponta com antecedência o que ocorreu na Revolta da Chibata.
[6] Pesquisadores e jornalistas do ramo de defesa nacional apontam que durante um curto período após seu lançamento e incorporação na Marinha do Brasil o encouraçado Minas Gerais, assim como seu irmão São Paulo, realmente foram os navios de guerra mais poderosos em termos de armamentos no mundo. Ver o canal https://www.youtube.com/watch?v=4tMAxMwob70
[7] Em razão de falta de dinheiro, decorrente de uma da muitas crises econômicas que atingiram o Brasil em sua História, o encouraçado Rio de Janeiro foi vendido para o Império Otomano, atual Turquia, em outubro de 1913 e rebatizado Sultân Osmân-ı Evvel. Com o início da Primeira Guerra Mundial o navio foi assumido pelos ingleses e denominado HMS Agincourt. Ver http://www.dreadnoughtproject.org/tfs/index.php/H.M.S._Agincourt_(1913)
[8] As quase 20.000 toneladas de deslocamento permitiam ao Minas Gerais enfrentar a maioria dos temporais marítimos, mas a tripulação a bordo estava reduzida a 836 homens e, na avaliação do comandante João Batista das Neves, estes se encontravam “bastante fatigados”. Por isso a necessidade dav parada nos Açores. Ver jornal A Imprensa, Rio de Janeiro-RJ, 17/04/1910, págs. 3 e 4.
[9] É possível conhecer todos os detalhes da viagem do encouraçado Minas Gerais para o Brasil em 1910 em uma grande reportagem publicada nos jornal A Imprensa, Rio de Janeiro-RJ, 17/04/1910, págs. 3 e 4.
[10] Ver notas sobre essa visualização nos jornais A Imprensa, Rio de Janeiro-RJ, 17/04/1910, págs. 3 e 4. E A Província, Recife-PE, 02/04/1910, pág. 1. O farol do município de Salinas foi construído em 1852, reformado em 1916 e continua em funcionamento até nossos dias. Sobre esse farol ver – https://pt.wikipedia.org/wiki/Farol_de_Salin%C3%B3polis. Sobre o município de Salinópolis ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Salin%C3%B3polis.
[11] Ver Jornal de Recife, Recife-PE, 05/04/1910, pág. 1.
[12] Sobre a distância marítima entre Natal e Recife e o tempo de navegação, ver www.geografos.com.br