terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

POUCAS E BOAS

Valério Mesquita
Mesquita.valerio@gmail.com
01) No seu primeiro governo José Agripino se deparou logo de início com as questões das nomeações para cargos de confiança no interior, como sempre acontecem. O primeiro foi com a chefia do Nure de Caicó. De um lado um candidato do deputado Vivaldo Costa, apelidado de “Aleijado”, que se elegera vereador. O do senador Dinarte Mariz, uma irmã do professor Genivan Josué Batista. As labaredas já subiam as janelas do Palácio Potengi, quando Vivaldo sentiu a gravidade do problema enviando o seu irmão Vidalvo (Dáda) como emissário à presença de Dinarte. Naquele jeitão característico, o velho senador explicou: “Meu filho, diga a Vivaldo que não vou brigar com ele por conta dessa nomeação não. Só quero que o candidato dele venha falar comigo”. Dia seguinte Dadá levou “Aleijado” à Fazenda Solidão. “Meu filho, por que você quer ser chefe do Nure de Caicó?”, indaga Dinarte no alpendre da sua fazenda. “Senador, eu preciso pagar as minhas contas da campanha”, responde o vereador. “E quanto é?. “Cinco mil contos, seu Dinarte”, completa “Aleijado”. O senador meteu a mão no bolso, puxou o dinheiro e pagou a importância. Em seguida, virou-se para Dadá e sentenciou: “Diga a Vivaldo que o candidato dele vendeu a vocação e a nomeada vai ser a irmã de Genivan”. E foi mesmo.
02) Terminada a estafante e milionária campanha municipal de Caicó, em que Manoel Torres derrotara Silvio Santos, uma retardatária eleitora foi procurar Vidalvo (Dadá) Costa para pedir os seus óculos. Dadá explicou que a campanha havia encerrado e por que ela não pediu os óculos antes da eleição? A caicoense, eleitora de mil quilômetros de urnas rodadas pontificou do alto de sua sabe-doria: “É porque eu passei três dias chorando pela derrota do dr. Silvio Santos, nosso candidato”. Com essa resposta inteligente e emergencial ganhou os óculos de Dadá, sem apelação.
03) Não existe mais eleitor acanhado, sem imaginação. Todos são criativos. Uns prá mais, outros prá menos. E uma das táticas em que mais se exercitaram foi a da abordagem. A aproximação sutil, a técnica de comercialização da imagem, do voto, desarma qualquer candidato por mais experiente que seja. Certa noite, conversávamos num grande supermercado Fernando Macêdo, diretor do DER, e eu. De repente, pressenti a aproximação de uma pessoa que se quedou em pé, em posição de iminente abordagem. Aí veio a clássica interrogação: “Deputado Valério, o senhor por aqui!! Eu sabia que o senhor vinha!!”. Olhei para a senhora morena, de baixa estatura e compleição de moradora da periferia da cidade e perguntei: “Sabia que ia me encontrar, por quê?”. “Porque anunciaram aqui sua presença esta noite”, respondeu com uma ingenuidade comprometedora, “Mas, aqui no Carrefour?”, indaguei surpreso, com Fernando Coró se deliciando com o inusitado da cena. “Foi sim senhor. Quando anunciaram, eu disse prá mim mesmo: vou esperar o dr. Valério para ele me dá uma ajudinha...”. Aí não tem cristão que resista. Ela esperou o encerramento do papo e eu não tive alternativa nem razão para me queixar ao Carrefour.
04) Há alguns anos um DC-10 da Varig sofreu uma pane no voo Natal/Fortaleza, procedente de São Paulo. O piloto, diante da gravidade do problema, pediu permissão para pouso no aeroporto de Mossoró. Em meio aos procedimentos de aterrissagem já estavam adiantadas as trocas de informações técnicas entre aeronave e torre do aeroporto quando, repentinamente surgiu uma divergência. Do avião saiu o S.O.S: “Atenção torre, peço permissão urgente para DC-10 na pista”. Retruca a torre de controle de vôo: “Aqui só desce de um em um. E tamos conversado...”. O avião desceu mas o controlista sumiu.
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