ASSU, 176 ANOS DE CIDADE
Na distante época de 1650 habitavam as margens do rio Piranhas-Açu,, os indígenas denominados Janduis (nome do chefe da tribo), aquele lugar denominava-se Taba-açu, que tinha boas condições de sobrevivência.
Na chegada dos brancos foram eles dominados e eliminados quase por completo, numa guerra sangrenta (1686-1696) que a história denominou de Guerra dos Bárbaros, Guerra dos Índios ou Guerra do Açu.
Arraial de Santa Margarida, de 20 de julho de 1687, Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, fundado a 24 de abril de 1696 por Bernardo Vieira de Melo (sendo o dia 24 de abril consagrado a Nossa Senhora dos Prazeres, é natural que fosse o da fundação do Arraial. Porque costumam os portugueses assinalar os seus feitos com o nome do santo do dia). Capitães Mores.
Nestor Lima depõe que “a colonização da Ribeira do Assu teve, porém, enormes dificuldades opostas pelos naturais da terra, numerosa tribo Tapuia, que declarou guerra de morte aos colonizadores, a quem causava toda sorte de danos em medonhas investidas”, não aceitando juntamente com a tribo Janduí, a serem subordinados e subjugados pelos portugueses e colonos, em defesa de suas terras."
No século XVII criavam-se no Rio Grande dez Freguesias. Em 1726 a Freguesia de São João Batista, da Ribeira do Assu. Era vigário Manuel de Mesquita e Silva.
O povo começou a criar gado, cultivar a lavoura e instalar Oficinas de Carne de Charque que, por sinal, foi ali, na Ribeira do Açu, produzido as primeiras charqueadas (carne seca) no Brasil.
No desenvolvimento da pecuária, foi pioneiro Manuel Filgueiras, nomeado capitão da Ribeira do Açu, chegando à região com um pequeno rebanho, tornando um fator comercial de muita importância.
Em fins de 1775 - 1776, a freguesia segundo Nestor Lima: “Por esse tempo a freguesia tinha quarenta léguas de comprimento por vinte de largura e o seu padroeiro já era o glorioso São João Batista.”
“O movimento de carnes e couramas atraia as Oficinas três a quatro barcos, todos os anos, trazendo mercadorias”. (A República, n. 160, de 9 de abril de 1892).
João Inácio Pereira Neto depõe que “a região do Assu era extensa, abrangendo um terço do território da Capitania do então chamado Rio Grande, desde as terras de Santana para o norte, até Macau, e para o sul, às confinanças com o Seridó, para o poente, ao encontro com as terras do então chamado Ceará Grande, da Capitania do Ceará, e para o nascente, além do chamado Rio Grande do Assu, até onde o próprio índio houvera atingido.”
De freguesia elevou-se a município com a denominação de Vila Nova da Princesa, conforme Ordem Régia de 22 de julho de 1776, deu-se instalado a vila precisamente a 3 de julho de 1788. Foram, portanto, 57 anos de vila que tinha o seu próprio patrimônio: terreno e fazendas, segundo Celso da Silveira, “o patrimônio de São João Batista foi feito de três vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macêdo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macêdo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777.”
Aquela região teve, também, as denominações de Julgado de São João Batista, Povoação de São João Batista, da Ribeira do Açu e Vila Nova do Príncipe em homenagem a D. João VI, primeiro e último Rei do Brasil.
Criou-se então em 1786, a Câmara Municipal, primeira organização de um governo local que tinha a função legislativa e executiva, instalada a 11 de agosto de 1788, cuja data denomina-se uma das ruas da cidade de Assu, sob a presidência do Juiz Ouvidor e Corregedor da Paraíba, Antônio Phillipe de Andrade Brederodes.
E o Assu de antigas glórias, de tradição pioneira, de tantos poetas, que participou na Guerra dos Mascates (1710), na Revolução Pernambucana (1817), na Revolta de Pinto Madeira (revolucionário Cearense), que teve participação na aboliçcão e no governo da província (1822) quando por decisão do Senado da Câmara, protestou contra ato ilegal do Comandante da Milícia do Natal, que impusera novo Governo à província em substituição ao presidente José Inácio Borges, que fora ao Rio de Janeiro, a chamado do Príncipe Dom Pedro. Na Guerra do Paraguai, mandou um grupo de valentes como Ulisses Caldas (nome de rua de Centro da cidade de Assu e Natal) e Correia Teles, dentre outros, completa hoje 16 de outubro, 176 anos que ganhou Foros de Cidade de Assu, graças ao deputado assuense João Carlos Wanderley.
Por fim, o seu poeta maior João Lins Caldas em 1967 escreveu em alusão a terra que escolheu como sua, o poema intitulado ‘Jandui’, conforme adiante:
Sou Jandui, sou da taba,
Meu patrimônio ele só,
Riqueza que não se acaba,
Tem a várzea e o piató
Peixe, banho de lagoa
Riqueza que se conta mais
Bem vastos carnaubais.
Filho da terra dileta
O bravo de Curuzu
Nosso, um destino poeta,
Grandeza que é mesmo o Açu.
(Parabéns Assu, minha querida terra natal)
Fernando Caldas, organizador deste blog
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