segunda-feira, 11 de outubro de 2021

 


TROVAS
 
Rizolêta Matuck

 
Quando chegaste, ó poeta,
neste cantinho de aquém,
a tarde mansa e tão quieta,
chegando, vinha também.
Eu te fitava e sorria,
tu sorrias com dulçor;
não tinha o céu mais poesia
que o teu olhar sonhador.
Esta saudade é uma prece
que só ternura contém,
é como um sol que se aquece,
buscando aquecer alguém...
E a tarde mansa envolvia,
na beleza do sol- pôr
das aves, a melodia,
da brisa leve o frescor!
Mas o tempo foi passando
e o sonho também passou,
pois tu’alma despertando,
já não lembra o que sonhou.
Eu não sei como se esquece
quando razão não se tem,
um ser que a gente estremece
e que nos quis tanto bem.
Nem um perfume siquer,
a tua flor me deixou;
foi como que um mal-me-quer
que nos meus dedos ficou.
Eu quero que tu me digas,
que tu me digas, meu bem,
se duas almas amigas
o mesmo sonho não tem!
- Era o teu sonho dourado!
tinha o meu sonho esta cor;
hoje em meu peito magoado,
não resta um sonho de amor.
 
 De: ACADEMIA VIRTUAL MAGEENSE DE CIÊNCIAS LETRAS E ARTES
Pode ser uma imagem de 1 pessoa

Nenhum comentário:

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...