terça-feira, 9 de novembro de 2021

 

A IRREVERÊNCIA DE MANOEL FORTE

Valério Mesquita
Mesquita.valerio@gmail.com

01) Manoel Forte (personagem folclórico do Rio Grande do Norte e Paraíba), alto, corpulento, vozeirão, foi conhecer Brasília acompanhado do seu filho. Caminhando pelo Centro Comercial e revivendo o costume nordestino, comprou um enorme pão doce e saiu devorando-o normalmente pela calçada para indignação do filho: “Você quer que eu alugue aqui uma casa só para comer esse pão, é?”, vociferou Mané Forte, soltando pedaços de pão pela boca.

02) De outra feita, aconselhado a fazer exame parasitológico, Mané Forte evacuou o material enchendo uma lata grande de Bardhal e pegou o ônibus rumo a Mossoró. No banco da frente, pernas abertas e sobre uma delas o produto, foi advertido de saída por uma senhora moralista que subia no coletivo: “Feche as pernas, tenha respeito!!”. Mané Forte, em cima da bucha, retruca: “Feche você, que não tem o que quebrar!!”

03) Em Catolé do Rocha, Mané Forte, parente distante dos Maia, foi convidado para o pomposo jantar oferecido pela família da matriarca, genitora de Tarcísio Maia. Na confraternização, tipo banquete, Mané Forte, consciente do parentesco distante, sentou-se na extremidade da imensa mesa. O jantar foi organizado seguindo a etiqueta da Escola Doméstica. Mocinhas da sociedade enfileiradas portavam, cada uma, diferentes pratos que iam servindo sucessivamente aos convivas. Carnes, massas, peixe, verduras, frutos eram colocados nos pratos dos Maias ilustres, Tarcísio, João, Otávio, Sérgio, Isauro, etc., etc., mas levantavam voo quando se aproximavam de Mané Forte. Lá pras tantas, chega uma travessa de farofa que sobrevoou os pratos dos notáveis mas aterrisou no de Mané, enchendo-o até as bordas, para sua decepção. Inconformado, seu Mané exclamou trovejante e contrafeito: “Preste atenção ao serviço menina, aqui só ta chegando cereais!!”.

04) O Dr. Fábio Mariz viajou com Mané Forte a João Pessoa e juntos se hospedaram na residência do deputado estadual Américo Maia, representante de Catolé do Rocha na Assembléleia. Na hora do jantar foi servida uma sopa aos convidados. Para surpresa de todos, Mané Forte despejou o farinheiro na sopa e fez aquele “grolado”. Advertido polidamente pelo deputado, Mané Forte foi enfático: “Américo, só gosto de comer que faça bosta!!!”.

(*) Do livro "Pisa na Fulô - Anedotário Político e Social de Macaiba e Adjacências".

 

Valério Mesquita

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