OXENTE! SOU NORDESTINO
Da caatinga sou vaqueiro,
Eu não largo meu torrão
Meu paletó é gibão,
No cavalo sou boiadeiro
Que galopa no tabuleiro
Era sonho de menino
Ser vaqueiro nordestino,
Se benzer sem temer nada
Muita fé na cavalgada
Deus cumpriu o meu destino.
A carroça tem rangido
Um quintal feito de talo
Um chocalho sem badalo,
Menino tem apelido
Ferro à brasa aquecido,
O velho pilão num canto
Oratório com muito santo,
Todos feitos de madeira
Uma pá e uma peneira
Fogo fátuo e espanto.
Da sombra do juazeiro
Do cuscuz e da coalhada
Do mugido da boiada,
Da galinha no terreiro
Da matuta no barreiro,
Da batida do pilão
Da noite de São João,
Menino danado traquino
Prova que é nordestino
Nesse meu velho sertão.
Marcos Calaça é poeta e cordelista
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