ÂNSIA AMARGA
Por João Lins Caldas
Venha à tortura, a mácula tortura
Sonhada dos profetas torturados...
Que venha a dor dos grandes desgraçados
Para a noite sem fim desta amargura.
Tu que na vida foste a crença pura,
Mudada agora para meus decaídos,
Não me queiras da dor os feios brados,
Que não vale saber-me a dor mais pura.
Choro e comigo chora o meu proscrito
Coração... d'ele vem todo o meu grito,
Toda a tortura e dor e soledade...
Dele é que vem esta saudade bruta,
Esta medonha, esta infinita luta,
Esta infinita e lânguida saudade.
Rio de Janeiro, 1916. Soneto publicado em Almanaque de Pernambuco, para 1916.
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