Nesse soneto intitulado "Dia de angústia", o bardo potiguar do Assu chamado joão Lins Caldas extravasa toda sua amargura. Senão vejamos para o nosso deleite.
No dia em que nasci como um vulcão se abria
A garganta do mal, em lágrimas coberta...
A estrada da ventura era sem flor, deserta,
O corpo do pesar por tudo se estendia.
O sol não quis brilhar... e a lua, que tremia,
Errando pelo céu, amargamente incerta,
Procurava subir, subir em linha certa,
Para mais se afastar do mundo, que gemia.
Houve negro rumor pelos ramos floridos...
A dor tinha de riso o quanto tem de males
A sombra da saudade em sombras multicores...
Foi preciso florir a terra dos gemidos...
Floriu o desprazer brilhando em todos vales
E a terra cresceu mais para conter mais dores...
Assu, 3.6.1909
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