Coronel David Dantas de Faria e a Fazenda Panom
Públicado no O Jornal de Hoje, de 23 de agosto de 2011
Coronel David Dantas de Faria e a Fazenda Panom
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
Em 15 de setembro de 1751, David
Dantas de Faria recebia carta patente de tenente-coronel do Regimento de
Cavalaria da Ribeira do Assu, de que era comandante o coronel Antonio da Rocha
Bezerra, vaga pela mudança de Felis Barbosa Tinoco dessa dita Ribeira para a
Ribeira do Apodi. Além de ser um dos homens nobres e das principais pessoas
dessa Ribeira, e abastado de bens, tinha servido a Sua Majestade, na Capitania
do Rio Grande, como capitão e sargento-mor de Infantaria das Ordenanças.
Em 1756, David Dantas de Faria
fazia requerimento ao rei D. José, pedindo confirmação de carta patente do
posto de Coronel de Cavalaria do Regimento da Ribeira do Assu, passada pelo
capitão-mor Pedro de Albuquerque de Mello. Em 1759, ainda Coronel, fez carta ao
rei D. José informando que o novo capitão-mor do Rio Grande, João Coitinho de
Bragança, ao passar mostra ao Regimento de Cavalaria da Ribeira do Assu, estava
obrigando todos os oficiais a referendarem as suas patentes, cobrando variados
valores por cada uma delas. A velha propina!
Em 1823, por seu bastante procurador,
o Capitão João Martins Ferreira (meu tetravô, aquele lá da Ilha de Manoel
Gonçalves), o Coronel Joaquim Pereira Vianna, da Praça de Pernambuco, Engenho
do Moreno, em virtude da demarcação de seu sítio e fazenda, chamada Panom, na
margem do Poente do Rio dos Cavalos, com três léguas de comprimento e uma légua
de largura, solicitava a presença dos confinantes para que não restassem
dúvidas com relação à dita demarcação. Essas terras confinavam, ao Poente com
Data do próprio Joaquim, que obteve por herança, nas Caatingas e Riacho do
Umbuzeiro; ao Norte, com terras do Sítio Arraial, dos herdeiros netos da
falecida D. Maria do O' de Faria, viúva dp Coronel Jerônimo Cabral de Macedo, a
saber: José Correa de Araújo Furtado, e seus cunhados Pedro Soares de Macedo,
Jerônimo, Izabel, e João, órfãos maiores de quatorze anos e tutelados
daquele, Gabriel Soares Raposo da Câmara e seus cunhados, Mathias Antonio,
Antonio Mathias, Francisco Antonio e Jerônimo; confinava ainda com terras do
Sítio Furabocas do Capitão Lourenço de Araújo Correa; e da Calheira (Caeira) de
D. Brites Pás Barreto, viúva do falecido José Varella Barca, e seus filhos o
Capitão Manoel Varella Barca, e outros, ou netos que tinham parte na dita terra
Calheira.
Joaquim Pereira Vianna, em sua
procuração, constituindo seus procuradores, o capitão João Martins Ferreira,
José Antonio da Fonseca e o capitão Francisco Dantas Cavalcante, afirmou que
era herdeiro, testamenteiro e inventariante dos bens do seu falecido sogro, o
coronel Thimóteo Pereira Bastos. Nesse processo de demarcação da Fazenda Panom,
constava cópia de uma escritura de venda da Fazenda Panom, sintetizada a
seguir.
Em 31 de outubro de 1774, na Vila de
Santo Antonio de Recife, Pernambuco, na casa de morada do sargento-mor Manoel
Gomes dos Santos, foi passada a escritura de venda da Fazenda Panom. Como
vendedores estavam Theotonio Dantas da Gama por si e como procurador de suas
irmãs, D. Quitéria d'Antas e Dona Agostinha (Angela) Pereira Dantas, e de sua
tia Rosa Antas de Farias, e o tenente-coronel José da Costa de Carvalho como
procurador de Francisco de Brito e sua mulher Dona Genebra Bernarda d' Antas de
Farias, morador, o dito tenente-coronel, na Ribeira do Assu, e o vendedor
Theotonio d'Antas da Gama, no Porto, e ora assistente na Ribeira do Assu. Como
comprador o sargento-mor Manoel Gomes dos Santos, morador na dita Vila de Santo
Antonio do Recife. Os vendedores eram herdeiros do defunto Coronel David Dantas
de Faria (ao longo da escritura e dos registros da Igreja, às vezes aparecia
como sobrenome Farias.
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