quarta-feira, 5 de junho de 2024

BOINHO, O POETA DA RUA



Francisco Inácio Ferreira era o nome de batismo de "Boinho" como era mais chamado com carinho, na cidade de Assu, Terra dos Poetas. Tipo baixo, cordial. Ele era funcionário público municipal aposentado (gari de profissão). Encantou-se, foi fazer versos no outro lado.
Poeta popular de versificação fácil. Carregava um caderninho e uma caneta, fazendo versos e mais versos amorosos, aproveitando os temas que a cidade inspirava. Boinho revelou-se poeta já maduro. Deixou vários livros como ‘Estrada da minha vida’, 2003, com a colaboração da prefeitura da sua terra. E o poeta, na estrada da sua vida no seu próprio dizer, escreveu um dia, na sua melancolia, dizendo assim:
Hoje vivo torturado
Perdi tudo em minha vida
Perdi a jovem querida
Para falar do passado
Quando moço fui beijado
Vivo hoje nos escolhos
Sou tampa sem arrolhos
Velho gemendo com dor
Por causa de um grande amor
Molho com lágrimas meus olhos.
Afinal, a cidade de Assu, a cultura, a poesia popular do Assu ficou mais pobre e deserdada do seu talento, da sua arte de versejar. E o poeta querido do povo, externou certa vez em cinco versos:
Quando a gente se liquida
Irão botar nos jornais:
“Foi poeta querido”
Valor só quero em vida
Depois de morto não me serve mais.
Boinho morreu hoje, 5, aos 92 anos. O descanso eterno para Boinho!

(Fernando Caldas)

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