Por João Lins Caldas (1888- 1967), poeta potiguar do Assu, Poema inédito e sem epigrafe, publicado na popular revista Fon-Fon, do Rio de Janeiro, em 1924. Esse poema, sem dúvida, mostra a grandeza do seu poetar. Vejamos:
Eu acendi o
relâmpago do ódio.
A noite tem ladrões
engurujados
E tem traidores
E tem invejosos
E tem morcegos
E tem corujas
Eu preciso com os
seus relâmpagos queimar toda essa fauna da noite.
A noite tem ladrões
engurujados
Eles são lemáticos
e frios,
Desencantados
O encanto dos
charcos mais sombrios,
A sombra de todos
os malvados,
- Condenados,
As suas ânsias, os
seus arrepios...
A noite tem, com a
traição, a inveja, os invejosos...
São da noite
Todos esses negros
partos monstruosos...
São da noite
Os ladrões, a
traição, os invejosos...
Mas da noite
Luminosos
Os relâmpagos que
hão de queimar também todos os invejosos...
Acendam-se todos os
meus relâmpagos.
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