segunda-feira, 11 de novembro de 2024

ALICE WANDERLEY poetisa de ilustre familia do Assu poético. Tipo baixa, olhos negros, se não me engano. Conheci dona Alice já usando bengala, tinha eu 9 anos de idade e morava a poucos metros de distância do seu rico casarão da Rua Algusto Severo. Lembro-me do pé de juazeiro, bem como um pé umbú verdadeiro que tinha no oitão da sua casa. Sempre me dava alguns umbús deliciosos e suculentos, quando entrava na sua residência de volta do Colégio das Freiras onde estudava. Por sinal, ela é madrinha de batismo de meu pai, além de parente. (Câmara Cascudo depóe que Wanderley e Lins Caldas pertence a mesma gens). Dona Alice ao perder na morte seu marido chamado Luiz Paulino cabral (que é nome de rua na cidade de Assu), passa a morar com seus dois irmãos solteirões convictos Solon e Afonso Wanderley (proprietários que foram da Padaria Santa Cruz (um ponto de encontro de intelectuais, políticos e figurões da cera de carnúba e algodão), vindo a falecer no dia 15 de março de 1964. Ainda guardo como lembrança de Alice uma cômoda que foi de sua propriedade, já com mais de cem anos. Alice Wanderley, no dia que completara 70 anos de idade, saudosa do marido amado que perdera na morte, escreveu:

Hoje subi a íngreme ladeira
Dos meus setenta anos de amargura,
Contrita, espero a hora derradeira
De descer desta escada a grande altura.
São setenta degraus! A vida inteira,
Outrora cheia de gentil ventura,
Foi uma alegre data alvissareira
Que transformou-se numa noite escura.
Talvez que se ele fosse vivo ainda,
Em nosso lar tranquilo e sossegado,
Reinasse a paz de uma alegria infinda.
Mais Deus levou-o nesta mesma noite,
Fiquei sentindo o travo da amargura
Da saudade cruel que fere e mata.

(Fernando Caldas)




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