sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

CANGACEIRO ESPERANÇA : SUA PRISÃO E SUA HERANÇA


Por Rostand Medeiros
Desenho de Ronald Guimarães - http://www.ronald.com.br
Desenho de Ronald Guimarães – http://www.ronald.com.br
O AMIGO E PESQUISADOR JOÃO DE SOUZA LIMA, GRANDE FIGURA DA CIDADE BAIANA DE PAULO AFONSO, APRESENTA A HISTÓRIA DE UMA DAS MUITAS FIGURAS DO“ESTRANHO MUNDO DOS CANGACEIROS”
A fazenda Quirino, no povoado São Francisco, Macururé, Bahia, era um  dos coitos do bando de Lampião e principalmente reduto dos cangaceiros nascidos entre Macururé, Brejo do Burgo, Santo Antonio da Glória  e Chorrochó. Entre eles Gavião, Azulão, Esperança, Cocada, Zé Sereno, Zé Baiano e Gato.  No povoado São Francisco a mãe de Esperança, dona Andressa, tinha terras por lá, porém ela residia na Várzea da Ema. O comandante de volante que destacava na Várzea da Ema era Antonio Justiniano e dois dos soldados que ele comandava eram irmãos de Esperança: Vicente, apelidado de Medalha e Ananias.
Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.
Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.
A fazenda Quirino pertencia a Ludugero, tio do cangaceiro Esperança.
Esperança, Cocada, Pancada e Gavião, encontravam-se acoitados próximo ao sítio Quirino. Dentro de um cercado os cangaceiros catavam imbu quando chegou o dono do terreno e Cocada o prendeu e depois o soltou. O sertanejo correu e foi avisar policia do encontro que teve com os cangaceiros.
Punhal e colher de prata do cangaceiro Esperança
Punhal e colher de prata do cangaceiro Esperança
Dona Andressa sempre que precisava ir ver suas criações no São Francisco tinha que pedir autorização ao comandante do destacamento e foi em uma dessas viagens que ela travou diálogo com o contratado Reginaldo que lhe sugeriu pedir para que Esperança se entregasse que nada lhe aconteceria, de preferência que ele trouxesse a cabeça de um companheiro que sua vida tava garantida. Andressa levou o recado ao filho que mesmo relutante acabou cedendo aos apelos da querida mãe. Reginaldo mandou roupas novas de mescla azul para Esperança. O cangaceiro ainda relutante disse a mãe que não tinha coragem de se entregar e a mãe saiu triste.
João e Jovelina Barbosa,  irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco
João e Jovelina Barbosa, irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco
Era março de 1933, no coito encontrava-se Esperança, Cocada, Gavião e Pancada.  Esperança chamou Cocada para irem pegar água em um caldeirão ali próximo. Os dois seguiram na direção do caldeirão. Diante quando chegaram ao caldeirão sentaram-se e ficaram conversando. Cocada limpou sua arma e depois pediu a arma do amigo para ele limpar e Cocada entregou seu mosquetão. Esperança limpou, colocou uma bala na agulha e detonou. O cangaceiro com o impacto do tiro caiu uns dois metros de distância e sem saber de onde tinha partido o disparo pediu socorro:
- Me acode Esperança, não deixe os “MACACOS” me matar!
Esperança pegou o facão da marca jacaré, partiu na direção do moribundo e o degolou ainda com vida. Pegou os bornais, armas, a cabeça do cangaceiro e foi se entregar a policia. Na Várzea da Ema ele se entregou  as autoridades, contou detalhes da morte que fez, denunciou os coitos dos cangaceiros na região.
Cabeça do Cangaceiro Cocada,morto por Esperança
Cabeça do Cangaceiro Cocada,morto por Esperança
Com dez dias  depois  foi encaminhado para a cidade de Uauá, onde o capitão Manoel Campos de Menezes que o livrou da prisão e o incorporou na volante policial do tenente Santinho como contratado . Ficou sendo o corneteiro do grupo. Trabalhou em Jeremoabo e faleceu tempos depois na cidade de Juazeiro, Bahia.
AINDA NA PRISÃO EM VÁRZEA DA EMA. 
O cangaceiro Esperança quando preso, já atendendo agora por Mamede, seu nome real, encontrou o com o jovem sobrinho José  Gonçalves Varjão, apelidado de Pororô e lhe confidenciou que na frondosa árvore lateral a casa de sua família, enterrado próximo ao seu tronco, tinha um material guardado e que ele tirasse e entregasse a seu pai. Pororô procurou ao redor da árvore mais diante da pouca idade não encontrou forças para continuar a empreitada de escavação no duro chão de cascalhos. O tempo passou, Pororô cresceu e retornando certo dia de uma caçada, quando se aproximava de sua velha residência, viu quando seu cachorro passou acuando um preá, o cachorro parou próximo a antiga e frondosa árvore, Pororô se aproximou e viu o cão rosnando e olhando para um pé de macambira, Pororô tirou a cactácea e avistou uma lajota cobrindo um buraco, tirou a pedra, o preá correu com o cachorro latindo atrás, Pororô puxou um tecido em farrapos que cobriam algumas peças, entre elas: Uma colher de prata, 160 cartuchos de fuzil, um punhal, uma espora e algumas moedas. Era esse o tesouro de Esperança que ele havia pedido para o sobrinho guardar. Pororô vendeu os cartuchos a um dos prefeitos de Macururé. A colher de prata, algumas moedas, o punhal e uma das esporas ele me presenteou. Na colher encontramos as letras: MA. Talvez o cangaceiro tenha tentado escrever seu verdadeiro nome: MAMEDE. No punhal tem um “NA” ou “NH”.
 Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados
Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados
Pororô ainda reside e seu irmão Izidoro ainda residem no São Francisco e os Quirino é herança que ficou com a família. Aquele longínquo pedaço de chão ainda guarda as histórias do cangaço vivido em suas terras, memórias ainda latentes de um tempo que teima em não ser esquecido e nem deve….
SEGUE EM ANEXO A ESSE TEXTO UMA DAS CARTAS DE INTERROGATÓRIOS REALIZADOS PELA POLÍCIA E QUE MOSTRA A IMPORTÂNCIA DESSES LUGARES CITADOS COM A HISTÓRIA DO CANGAÇO E A REFERÊNCIA COM PESSOAS DA LOCALIDADE. A CARTA VAI TRANSCRITA NA INTEGRA COM OS ERROS E INCORREÇÕES:
    “Aos três do mês de maio de 1932, no arraial de Várzea da Ema em casa de residência do segundo tenente Antonio Justiniano de Souza, sub delegado de policia, foi interrogado o bandido acima referido que disse:
Sargento Otávio Farias- rádio telegrafista, serviu na Várzea da Ema- tran smitia as batalhas entre cangaceiros e policia.
Sargento Otávio Farias- rádio telegrafista, serviu na Várzea da Ema- tran smitia as batalhas entre cangaceiros e policia.
    “Em 1929, estando ele bandido, em seu rancho no lugar denominado São Francisco, foi surpreendido pelo grupo de Lampião que ali chegava a mando do Cel. Petronílio de Alcântara Reis, para que fosse as imediações do Icó e ali receber dinheiro enviado para Lampião, cuja importância era 20:000$000, mas só foram entregues 18:000$000 e que dois restantes Lampião disse que dava por recebido, quando lhe mandasse um cunheito de munição; o que não sabe-se se isso efetuou-se,  mais depois ouviu do bandido ferrugem a declaração de que teve referido Cel. Petronilio havia comprado munição. E que devido a esse encontrão foi ele depoente obrigado a refugiar-se nas Caatingas, pois as forças andavam a sua procura tendo por isso de quando em vez constantes encontros com os cangaceiros, merecendo do mesmo consideração a ponto de lhe ser entregue por “Lampião” um rifle com cem cartuchos, os quais conservou até a data de sua prisão, não tendo, porém feito uso da dita arma para a prática de crime.
    Que sempre foi seduzido por “Lampião”  para fazer parte do seu grupo, mas nunca aceitou, apesar de ter parente no grupo, como sejam: Azulão, Carrasco e Moita Brava. Que esses encontros se efetuavam no lugar denominado Quirino para Lagoa Grande, sendo os sinais convencionados para os referidos encontros, três  pancadas em um pau seco, ou então berrando como boi; que nunca recebeu dinheiro de “Lampião” a não ser algumas roupas dadas pelos cãibras.
    Que nos últimos encontros que “Lampião” teve com as tropas. Ele respondendo notou que alguns companheiros estavam desgostosos por verem os sacrifícios da causa, que nessa data viajaram nos “cascalhos” das aroeiras com direção a Várzea pernoitando a três quilômetros de distância.
    Que nessa mesma noite desligou-se do bando a meia noite com Manoel Sinhô de Aquileu, sem que fossem pressentidos pelos outros e vieram pairar nas “Canouas” onde foram informados por Pedro de Aquileu que havia garantia para todos aqueles que tinham ligações com cangaceiros, uma vez que procurassem as autoridades para se entregarem.
    E baseado nisso em companhia de Pedro veio à procura do Tenente Justiniano em Várzea de Ema onde se acha. Disse mais que “Lampião” depois do combate do touro com o Tenente Arsênio cuja força foi imboscada e morreu quase toda, escapando o referido oficial, pois é um herói que infrentou o grupo que era numeroso, com um fuzil metralhadora dando somente três rajadas conseguiu matar o irmão de Lampião, Ponto Fino e sendo forçado a abandonar a arma deixando-a inutilizada pelos bandidos.
    Que nessa ocasião encontrou Lampião cartas ao Cel. Petronilio acusando Lampião, por isso Lampião resouveu queimar algumas fazendas referido Cel. Petronilio.
Ludugero Varjão- tio de esperança- dono da fazenda Quirino, povoado São francisco
Ludugero Varjão- tio de esperança- dono da fazenda Quirino, povoado São francisco
    Disse mais que ouviu de Lampião dizer que tinha mil tiros de fuzil enterrados em um ponto lá para baixo, não declarado ao certo o lugar e que ia também a Curaçá a procura de outros mil tiros que tinha para lá.
    Quanto ao armazenamento sabe que Lampião tem alguns  rifles ensebados em ocos de pau (ensebados, para não darem o bicho próprio de madeira).
    Perguntado quais são as pessoas que fornecem armas a Lampião respondeu que não conhece mais sabe que nas fazendas Juá, Várzea, e São José há “coitos” onde lhes prestam bastante serviços em abastecimentos.
    E por nada mais dizer nem lhe ser perguntado deus-se por findo estas declarações ao presente auto que vae por todos assignados pelo tenente e testemunhas.
Várzea da Ema, 7 de maio de 1932”
___________________________________________________________
Paulo Afonso, Bahia, 16 de fevereiro de 2013
João de Sousa Lima,
Historiador e escritor, Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro do IGH- Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará- Fortaleza- CE.

Por Canindé Soares

Uma galeria de arte na Cidade Alta

Marcelo é um artista inovador, que transforma nada em tudo e tudo em arte, resumindo, tudo não mão dele vira arte, mas o forte dele é criar formas coloridas e abstratas através do uso de materiais inusitados à base de ceras em bastão. Marcelo também é um daqueles artistas que sua obra infelizmente só terá o devido valor depois de sua morte. Uma pessoa que se dedica totalmente a arte. Para se ter um idéia, ele transformou a pequena casa herdada da família, em um “salão de artes” que está aberto ao publico. “Fiz esse espaço para compartilhar minha arte com os amigos, mas apesar de convites insistentes, raras são as visitas… mas continuará aberto e terei a satisfação de receber quem tiver interesse de visitar” disse Marcelo.

Fui lá, me emocionei e indico. É um lugar simples como Marcelo, mas sua arte é muito mais que simples, é alegre e convidativa,  rica e diversificada, tem uma dinâmica que somente um artista como ele consegue fazer.

O atelier de Marcelo fica na Rua Cussy de Almeida, 327, na Cidade Alta, celular 9942.1348, uma rua estreita mas que quem quiser visitar pode estacionar próximo a SEMSUR, pois seu atelier fica a aproximadamente 100 metros do local e na calçada na frente da casa tem um Pau Brasil ainda jovem.

Veja detalhes no mapa

Abaixo um texto para Marcelo escrito por Dorian Gray

“Acompanho a arte de Marcelo Fernandes de perto; sempre perplexo pela beleza que ele transmite, o sortilégio que anima os verdadeiros vocacionados usando materiais inusitados à base de ceras concentradas em bastão, Marcelo Fernandes reanima texturas, compatibiliza manchas, faz nascer formas nunca antes experimentadas, pelo uso arbitrário, provocador e decisivo da própria dinâmica do fazer.

Não procura, encontra, Não estabelece, nasce. Há uma dictomia perfeita do autor com a arte, que produz o milagre da sua verdade; setas agudas para os os céus; manchas texturadas, como veios da terra agreste; largos horizontes expectantes entre fagulhas crepusculares e remotos vulcões extintos.

Marcelo Fernandes, faz-se mago de uma visão dionisíaca; esplendores de uma terra de frutas e folhas do paraíso. Onde encontra na arte antiga ou na natureza apreendida estas surpresas da criação? Da inventiva, o instrumento do seu trabalho participa de sua arte; influindo-a na direção da emoção de uma nova natureza. A arte de Marcelo Fernandes ainda será objeto de estudo comparativo e de louvores que certamente a colocarão entre os artistas que definitivamente contribuíram para uma linguagem nova, rica de aventura.”

Dorian Gray Caldas


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Prefeitura do Assú participa da segunda edição do 'Fórum dos Secretários e Gestores Municipais do Esporte'

A prefeitura do Assú participará da segunda edição do Fórum dos Secretários e Gestores Municipais do Esporte e do Lazer do RN que acontece nesta sexta-feira, 22 de fevereiro, a partir das 10h, no Plenário da Câmara Municipal de Baía Formosa. Assú estará representado no evento por meio da secretaria municipal de Juventude, Esportes, Eventos e Turismo.

O evento contará com a presença do secretário nacional de Educação, Esporte, Lazer e Inclusão Social, do Ministério do Esporte, Vicente de Lima Neto, que abordará dentro do fórum o tema “As relações do Ministério do Esporte com os Municípios Brasileiros” pertinentes aos programas Segundo Tempo, Esporte e Lazer nas Cidades e Praça da Juventude.

O Fórum dos Secretários e Gestores Municipais do Esporte e do Lazer do RN é um núcleo de debate constante e de troca de experiências entre os municípios potiguares com reuniões bimestrais e no sistema de rodízio no interior do estado. Com a organização, o RN já unificou o calendário esportivo do estado e incluiu as atividades nas políticas públicas voltadas para a área.

AD Comunicações




E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


Pablo Neruda



















E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

Pablo Neruda
Do Facebook

CULTURA - VISITA DO POETA ARTHUR LUZ AO DEPUTADO GEORGE SOARES


Arthur Luz e George Soares em seu gabinete
O Deputado George Soares (PR) recebeu a ilustre visita do jovem poeta, estudante de medicina e mais novo membro da Academia de Letras e Artes do Ceará, o potiguar Arthur Luz.

O jovem escritor é natalense. Filho de assuenses morou por 18 anos em Assu, hoje cursa medicina em Natal. Poeta, escritor e articulista do site Brasil Escola, Arthur também faz parte da Associação Internacional de Escritores e Artistas, venceu por 5 vezes o Curso Nacional de Poesias, Poesias Encantadas, Antologia Poética e possui mais de 300 publicações vista por milhares de pessoas no site Recanto das Letras.

No dia 30 de Março, o poeta que adotou a terra da poesia como “terra natal” vai ao Rio de Janeiro representar o Rio Grande do Norte e receber o Prêmio Internacional Luso Brasileiro de Poesia.

Durante a visita o parlamentar comentou que não só a cidade do Assu ganha mais um artista, mas o Estado é agraciado com o talento do jovem poeta e futuro médico. George Soares concluiu que “O Lugar na Academia de Letras e Artes do Ceará é merecido e torço para que a Academia Norte-rio-grandense de Letras também o reconheça”. 

As poesias de Arthur Luz estão disponíveis no link: http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=68769 
 
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


Conserta(dor) de Almas


Uma alma é um mecanismo complexo
Simultaneamente frágil e resistente
Uma espécie de fábrica de alegrias
E de tristezas, quanto bastem;
Nunca mais do que as que ameacem
A felicidade dos teus dias. 
É tão importante cuidá-lo e mantê-lo
Quanto é ser mais do que parecê-lo.

Uma alma é um gerador de luz
Ou de sombras, conforme seja
Alegre ou triste quem a conduz;
Conforme seja a energia que ela produz:
Ígnea ou bruxuleante e insegura!
Se a tua for mais propensa às trevas
Do que à claridade; mais amiga da lua 
Do que do sol; passeia-a como quem
Passeia uma criança; leva-a como levas
A esperança, pela mão. Uma alma 
Necessita de atenção. De um mecânico
Que a conheça; que não esqueça
Que cada um tem a sua. E que a tua
É a peça de que o teu relógio carece
Para ser tempo; para que a vida aconteça
Como toda a alma deseja e merece!

Não te esqueças: tu és o melhor 
Conhecedor; o melhor consertador 
De almas sobre a terra. Basta teres uma! 

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]
Fotografia de: Cláudia Miranda



















Conserta(dor) de Almas


Uma alma é um mecanismo complexo
Simultaneamente frágil e resistente
Uma espécie de fábrica de alegrias
E de tristezas, quanto bastem;
Nunca mais do que as que ameacem
A felicidade dos teus dias.
É tão importante cuidá-lo e mantê-lo
Quanto é ser mais do que parecê-lo.

Uma alma é um gerador de luz
Ou de sombras, conforme seja
Alegre ou triste quem a conduz;
Conforme seja a energia que ela produz:
Ígnea ou bruxuleante e insegura!
Se a tua for mais propensa às trevas
Do que à claridade; mais amiga da lua
Do que do sol; passeia-a como quem
Passeia uma criança; leva-a como levas
A esperança, pela mão. Uma alma
Necessita de atenção. De um mecânico
Que a conheça; que não esqueça
Que cada um tem a sua. E que a tua
É a peça de que o teu relógio carece
Para ser tempo; para que a vida aconteça
Como toda a alma deseja e merece!

Não te esqueças: tu és o melhor
Conhecedor; o melhor consertador
De almas sobre a terra. Basta teres uma!

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]
Fotografia de: Cláudia Miranda

CONTO



A VARA DE BAMBU
 
O sol ainda não tinha surgido no horizonte, quando Francisca acordou definitivamente. A noite inteira ela não tinha conseguido repousar. As preocupações “martelaram” seus neurônios. Nos últimos dias, vinha enfrentando muitas dificuldades. No entanto, sua principal inquietação era encontrar uma forma de sustentar seus dois filhos.
Estava separada do seu marido havia uma semana por desentendimentos e ciúmes, por parte dele. Encontrava-se residindo, miseravelmente, em um casebre de taipa, coberto de palha de carnaúba, sem água, luz ou qualquer tipo de conforto na comunidade de Juazeiro na zona rural do Assu. 
Francisca era uma mulher de feições modestas: estatura mediana, magra, cabelos lisos descendo sobre seus ombros, andar faceiro demonstrando que em alguma época contou com uma condição social melhor do que a que estava vivendo. Achava-se desolada sem saber que rumo tomar na busca de angariar recursos para alimentar sua família.
Naquela manhã, um pouco mais de meio quilo de farinha, uma xícara de sal e meio litro de leite, que diariamente conseguia com o vizinho, era tudo que existia naquele mísero recinto. O desespero poderia ser total se não fosse a personalidade forte daquela mulher.
Surgiram os primeiros raios de sol. Francisca varria o terreiro, com uma vassoura feita artesanalmente por ela do olho da carnaubeira. Inesperadamente avistou, no oitão do casebre, uma velha vara de bambu com linha e anzol, escondida por entre as palhas que protegiam as paredes de barro dos escassos pingos das chuvas. Ela já não lembrava o tempo em que seu ex-marido tinha usado aquela armadilha.
Sua moradia ficava a aproximadamente três quilômetros do leito do rio Assu, que naquela manhã encontrava-se cheio, “de barreira a barreira”, como falavam os ribeirinhos.
- Meu Deus, esta pode ser a nossa salvação! – Pensou ela em voz alta.
Rapidamente terminou a faxina, foi ao canto do quintal e encostou a vassoura na cerca construída de talo da carnaúba. Entrou em casa e seguiu até as redes dos meninos que dormiam sossegados. Por algum momento, hesitou em não chamá-los, mas não podia perder tempo, precisava imediatamente ir ao rio em busca de alguma coisa para comerem.
- Manoelzinho... Vicentinho... Acordem filhos!
Decorridos alguns minutos, caminhava ela, a passos curtos, em uma estreita estrada carroçável, ladeada por cercas de arames farpados formando um corredor que dava acesso ao rio. Manoelzinho, o mais velho, com apenas seis anos de idade era puxado carinhosamente pelo braço, enquanto Vicentinho, de apenas três anos, era conduzido e amparado nos braços da mãe.
Uma cabaça com água fria, a velha vara de bambu e uma bolsa de palha de carnaúba com uma faca e uma toalha surrada dentro, era tudo que levavam. No caminho ao passarem por um pequeno milharal, Francisca esticou-se sobre a cerca e pegou uma espícula de milho. Seria a isca para a pesca. 
Chegando à margem do rio viu o mundaréu d’água e se assombrou. Tentando manter a calma, foi até uma frondosa oiticica estendeu a velha toalha no chão e colocou sobre ela o filho menor.
- Manoelzinho, fique “de olho” no seu irmão. Cuidado pra ele não sair daqui! – Disse ela rumando em direção à barreira.
O sol já estava alto, acima de quarenta e cinco graus, quando ela acabou o milho da espiga tentando pescar algo. O menino menor começou a chorar... O outro cochilava sem ânimo.  A fome já atormentava as crianças. Exausta, Francisca veio até elas, deu água da cabaça aos dois e depois tomou um gole. Precisava poupar aquela água potável. 
Quando ia retornando, avistou um fogoso calango comendo restos de frutas deixadas pelas aves. Não pensou duas vezes, apanhou um garrancho seco da oiticica e partiu para o animalzinho indefeso. A perseguição não foi fácil. Minutos depois estava o pequeno réptil dividido em “iscas” fresquinhas, quase pingando sangue. Colocou uma delas no anzol e jogou a “sorte” na água.
Os peixes debicavam incessantemente. Francisca já estava na oitava “isca”... O suor descia sobre seu rosto, sendo enxugado a cada passada do braço pela testa. Ela estava intrigada, não imaginava que pescar fosse tão difícil.
De súbito, a vara quase lhe escapa das mãos. Ela sem nenhuma experiência puxou o bambu em direção ao ombro arqueando-o de forma inacreditável para a idade daquela armadilha de pesca. Não conseguiu puxar o peixe. Sem saber o que fazer, gritando incessantemente, começou a correr de costas arrastando a vara até o peixe ficar pulando em terra firme.
- É uma piranha... É uma piranha! Chega menino, me ajude pelo amor de Deus! - Gritou ela desesperada.
A luta foi travada para que o peixe que pulava valentemente, não retornasse à água. O contentamento de Francisca pelo feito, quase heroico  era maior que o medo de ser mordida. A piranha tinha coloração cinza-clara, com a região do mento vermelha, pesava aproximadamente dois quilos. Uma paulada certeira na cabeça deu por encerrada a batalha contra o peixe.
Aquele foi um dia de alegria e fartura na pequena família de Francisca... Os dias seguintes constituem outras estórias de lutas de bravas Franciscas nordestinas.

Fonte: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro


POESIA DE JADSON QUEIROZ

SONHEI QUE TINHA UM CANTINHO
E COM VOCÊ IA NELE MORAR
VIVÍAMOS COM MUITO CARINHO
E O TEU CORAÇÃO EU IA CONQUISTAR.

ERA UM SÍTIO BEM PEQUENO
COM FRUTEIRAS NO QUINTAL
UM RIO A CORRER, CALMO E SERENO,
ERA UMA VIDA TRANQUILA E LEGAL.

AO ACORDAR BEM CEDINHO
OUVIA O CANTO DO PARDAL
E A VACA A MUGIR NO CURRAL,
E NÓS, TOMANDO DO SEU LEITE QUENTINHO.

O BANHO NO RIO E A PESCARIA,
O PEIXE FRESCO, FRITADO E COSIDO,
A DOSE DE CACHAÇA, O CAJU E O PIRÃO, SERIA,
A REALIZAÇÃO DAQUELE DIA TÃO QUERIDO.

COM A VIOLA EU CANTAVA
UMA CANÇÃO DE NINAR,
E VOCÊ ME OLHAVA E ESCUTAVA,
ESPERANDO A NOITE CHEGAR.

QUANDO ESCURECIA, ACENDIA A FOGUEIRA
PARA O FRIO ESPANTAR.
FICAVAS FELIZ E FAGUEIRA
E NOS MEUS BRAÇOS, VINHAS SE ACONCHEGAR.

ERA ASSIM QUE EU QUERIA
A MINHA VIDA LEVAR,
PORÉM, ACABOU A ALEGRIA,
FOI UM SONHO, TIVE QUE ME CONTENTAR.
SONHO
 

                                     POESIA      DE   JADSON      QUEIROZ



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SONHEI QUE TINHA UM CANTINHO
E COM VOCÊ IA NELE MORAR
VIVÍAMOS COM MUITO CARINHO
E O TEU CORAÇÃO EU IA CONQUISTAR.

ERA UM SÍTIO BEM PEQUENO
COM FRUTEIRAS NO QUINTAL
UM RIO A CORRER, CALMO E SERENO,
ERA UMA VIDA TRANQUILA E LEGAL.

AO ACORDAR BEM CEDINHO
OUVIA O CANTO DO PARDAL
E A VACA A MUGIR NO CURRAL,
E NÓS, TOMANDO DO SEU LEITE QUENTINHO.

O BANHO NO RIO E A PESCARIA,
O PEIXE FRESCO, FRITADO E COSIDO,
A DOSE DE CACHAÇA, O CAJU E O PIRÃO, SERIA,
A REALIZAÇÃO DAQUELE DIA TÃO QUERIDO.

COM A VIOLA EU CANTAVA
UMA CANÇÃO DE NINAR,
E VOCÊ ME OLHAVA E ESCUTAVA,
ESPERANDO A NOITE CHEGAR.

QUANDO ESCURECIA, ACENDIA A FOGUEIRA 
PARA O FRIO ESPANTAR.
FICAVAS FELIZ E FAGUEIRA
E NOS MEUS BRAÇOS, VINHAS SE ACONCHEGAR.

ERA ASSIM QUE EU QUERIA
A MINHA VIDA LEVAR,
PORÉM, ACABOU A ALEGRIA,
FOI UM SONHO, TIVE QUE ME CONTENTAR.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


AÇÃO PARLAMENTAR


GEORGE SOARES BENEFICIA VALE DO ASSU E SERRA DO MEL ATRAVÉS DE REQUERIMENTOS
George Soares participa do Programa Registrando

Iniciado os trabalhos legislativos após o recesso parlamentar, o deputado George Soares apresentou na Sessão Ordinária desta terça-feira, 19, dois requerimentos ao Governo do Estado. O primeiro solicita a concessão do lote n° 01 na Vila Rio Grande do Norte para a Prefeitura Municipal de Serra do Mel, o segundo reforça a solicitação já apresentada no ano passado para o restabelecimento dos dias de funcionamento da Central do Cidadão, de terça a sábado, no município de Assu.

A concessão do lote para Serra do Mel servirá para desenvolver projetos da Secretaria de Agricultura do município visando o fortalecimento da agricultura familiar e implantação de novas tecnologias para o cultivo.

Já o restabelecimento do horário da Central do Cidadão em Assu facilita que os municípios circunvizinhos usufruam dos serviços deste estabelecimento, especialmente aos sábados, mediante a tradicional feira livre.

“Esses pleitos contribuem tanto para a capacitação dos cidadãos como para a comodidade deste”, comentou.
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


QUANDO AS PEDRAS CAÍRAM DO CÉU NO RIO GRANDE DO NORTE

O meteoro de aproximadamente 10 toneladas caiu a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satka, na Russia, mas a onda expansiva afetou várias regiões adjacentes e até a vizinha república centro-asiática do Cazaquistão.
Um meteoro de aproximadamente 10 toneladas caiu a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satka, na Russia, mas a onda expansiva afetou várias regiões adjacentes e até a vizinha república centro-asiática do Cazaquistão.
Casos de Quedas de Corpos Celestes no Rio Grande do Norte
Um Meteoro atravessou o céu da Rússia na manhã desta quinta-feira, dia 15/02/2012, lançando bolas de fogo na direção da Terra e fazendo centenas de vítimas, quebrou janelas e provocou vários outros problemas. O nosso Rio Grande do Norte já viu este tipo de situação.
Autor-Rostand Medeiros
O Rio Grande do Norte, desde que a sua história passou a ser registrada através de documentação escrita, guarda poucos informes de fatos naturais que, de tão incomuns, marcaram o momento em que ocorreram, fazendo com que os homens do passado registrassem para a posteridade estes acontecimentos insólitos.

Um dos fenômenos naturais incomuns que mais chamavam a atenção dos antigos habitantes das terras potiguares eram os tremores de terra. Comuns até os dias atuais, estes acontecimentos geológicos ocorrem principalmente na região da antiga Baixa Verde, atual município de João Câmara. Desde o final do século XVIII, antigos cronistas já registraram a impressão que os tremores deixaram junto aos antigos habitantes. Quem está na faixa dos 30 anos de idade, certamente deve se lembrar do terremoto ocorrido em 1986, que abalou a região, alcançando a magnitude de 5.3 na escala Ritcher e que marcou profundamente a história potiguar e chama a atenção dos geólogos.
Se ocasionalmente os potiguares sentem o solo tremer, muito mais raros são os registros de bólidos vindos do céu, de meteoros despencando com estrondo na nossa região. Entretanto, estes fenômenos já ocorreram.
Uma chuva de meteoritos em Macau
Nos anais do VIII Simpósio de Geologia do Nordeste, realizado em 1977, em Campina Grande, Paraíba, encontramos o resumo de uma pesquisa realizada pelos geólogos brasileiros Celso de Barros Gomes, da USP (Universidade de São Paulo), W. S. Crurvello, do Museu Nacional do Rio de Janeiro acompanhado dos cientistas norte-americanos K. Kiel, da Universidade do Novo México e E. Jarosewich, do Instituto Smithsonian, de Washington, que estiveram na região de Macau e Açu, em busca de restos de um meteorito, que caiu do céu no dia 11 de novembro de 1836.

A queda deste bólido ocorreu ás cinco da tarde, nas imediações da foz do rio Açu, em uma área territorial que então pertencia ao município de Macau. Segundo os relatos da época devido ao impacto no solo, morreram algumas vacas e a queda do objeto celeste foi acompanhada de um forte clarão e ribombos. Aparentemente o meteorito se fragmentou em vários pedaços, alguns maiores e outros tocaram o chão no formato de uma chuva de pequenas pedras. Fontes pesquisadas por estes cientistas relataram que o clarão produzido pela queda deste meteoro foi visto por uma embarcação que se encontrava a 324 milhas náuticas, ou cerca de 600 quilômetros de distância, da costa potiguar. Consta que os tripulantes relataram a passagem do objeto seguindo em direção a costa, que não era visível aos tripulantes a esta distância.
Durante as pesquisas de campo, foram encontrados restos do meteorito, que foi recolhido e transportado para o sul do país, onde análises detalhadas apontaram a existência principalmente de ferro-níquel na sua composição.
O resumo deste trabalho científico não informa de qual fonte histórica provinham estes dados, mas aparentemente este é o primeiro relato conhecido, descrevendo a queda de meteoritos no Rio Grande do Norte.
Um juiz informa a queda de um meteorito em Açu
Dezenove anos depois, coincidentemente a mesma região anteriormente atingida seria o local da queda de outro meteorito.
Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, volume XIV, de 1916, encontra-se a transcrição de um documento datado de 28 de agosto de 1855, produzido pelo então juiz de direito de Açu, João Valentim Dantas Pinagé, que informa ao então Presidente da Província, Antônio Bernardo dos Passos, que ele estava enviando a capital da província algumas amostras de um meteorito que havia caído na região de Açu. Informava o magistrado que as amostras apresentadas pesavam juntas “duas arroubas”, equivalente a 30 quilos, e sua queda havia deixado o povo da região assombrado com o fato que aquelas rochas “pudessem vir do céu”.
O juiz informava que o objeto foi visto desde as “praias”, provavelmente entre as áreas territoriais dos atuais municípios litorâneos de Guamaré, Macau e Porto do Mangue, e por outros locais da Comarca de Açu. Durante a sua queda, o meteorito foi visto vindo da direção nordeste, seguindo em descendente na direção sudoeste e sendo testemunhado por várias pessoas na região.
Infelizmente o juiz Pinagé não informou exatamente a data do ocorrido, nem o local exato do impacto, mas indica que recebeu as amostras que remetia para Natal “quatro dias depois da passagem do meteoro”.
Tarcísio Medeiros, em seu ótimo livro “Aspectos geopolíticos e antropológicos da história do Rio Grande do Norte”, comenta sobre este fato.
Um “corisco” assombra Santana do Matos
Quarenta e dois anos depois, no dia 8 de abril de 1897, a primeira página do jornal “A Republica”, estampava uma nota intitulada “Aerólito”, onde uma “pessoa de fé, ultimamente chegada do sertão”, informava que no dia 21 de março, um domingo, pelas cinco e meia da tarde, foi visto por diversas pessoas, tanto na área urbana e na zona rural da pequena Santana do Matos, um objeto incandescente, em formato de um ”globo brilhante caindo do céu”.
“A Republica”, 8 de abril de 1897.
As testemunhas comentaram que durante a queda o objeto se mostrava extremamente luminoso e soltava fagulhas. No impacto, segundo o informante, o estrondo foi ouvido a uma distância de oito léguas, equivalente a cinquenta quilômetros. O fenômeno natural chamou a atenção de todos, tendo um grupo de pessoas se deslocado ao ponto onde ocorreu à queda.
Segundo a nota, o impacto se deu na região da “serra de São João”, a sudeste da sede do município de Santana do Matos, onde as pessoas do lugar informaram que um grande “bálsamo”, provavelmente alguma árvore frondosa, fora reduzida a “estilhaços”, mas nenhuma parte do “aerólito” foi encontrado.

A não existência de uma cratera de impacto, que houvesse deixado uma marca mais permanente no solo da região, deixa a entender que o bólido poderia ser classificado como um meteorito de pequenas dimensões. Provavelmente durante a queda, com o atrito junto à atmosfera terrestre, esta rocha foi perdendo massa, criando fagulhas e ao tocar o solo teve força suficiente apenas para destruir esta possível árvore frondosa. O que de toda maneira causou um tremendo espanto aos habitantes da região.
No final do século XIX, ainda era comum a utilização por parte da imprensa do termo aerólito, em detrimento a meteoro ou meteorito. Para o homem simples do campo, e a nota registra isto, a pedra caída do céu era tão somente um “corisco”.
Extremamente econômico na discrição, o relato não cita fontes, nome do informante e outras informações mais apuradas. Mas tudo indica que o local da queda seja localizado no município de Jucurutu, próximo a fronteira com Santana do Matos, na área da fazenda conhecida como “São João”, ou “Saco de São João”, onde existe uma serra homônima.
Um corpo celeste ilumina a noite de Caraúbas
Passados seis anos da queda deste meteorito, o Rio Grande do Norte, foi novamente “visitado” por outra rocha vinda do céu. Na edição do jornal “A Republica”, de 23 de outubro de 1903, o correspondente baseado na cidade de Caraúbas, remeteu uma série de notícias referentes ao município. Entre estas constam informes da seca que assolava a região e sobre o benemérito trabalho do senhor Benevenuto Simões, em perfurar poços na busca do precioso líquido. Em meio a notas políticas, sobre casamentos e de viagens de membros da elite local ao Rio de Janeiro, uma pequena nota, novamente intitulada “Aerólito”, informava ter sido “nossa vila espectadora de um lindo drama”.
“A Republica”, 23 de outubro de 1903.
Por volta das nove horas da noite do dia 30 de setembro, uma quarta-feira, foi visto um brilhante meteorito que percorreu todo o firmamento, deixando um rastro luminoso em sua queda e produzindo uma forte iluminação sobre a pequena cidade. O bólido foi visto vindo da direção sudoeste, seguindo descendentemente na direção oeste, e que após cinco minutos produziu um forte estrondo.
Devido à diferença de tempo entre a visualização do meteorito e o estrondo produzido pelo impacto, partindo do princípio que o correspondente calculou corretamente o tempo, este bólido caiu em uma área distante da sede municipal e a nota do jornal não especifica o ponto exato da queda.

Mesmo sendo um fenômeno raro, chama a atenção à economia de informações do correspondente, onde é mais provável que o mesmo não tenha sido testemunha direta dos fatos, anotando informações prestadas por terceiro, mas nada mais sobre este fato foi comentado.
Os meteoritos
Os meteoritos são classificados de fragmento de um meteoroide que resistiu ao impacto com a atmosfera e alcançou a superfície da Terra ou de outro planeta antes de se consumir. Eles podem ter desde poucos quilos e dimensões mínimas a serem pesadas pedras voadoras de várias toneladas. Quase todos os meteoritos são fragmentos procedentes dos asteroides ou cometas. Podem ter em suas composições minérios como ferro-níquel, silicatos ou ferro metálico. Os meteoritos têm geralmente uma superfície irregular e uma camada exterior carbonizada, fundida. Todos os dias a terra é bombardeada por uma chuva de pedras vindas do espaço, a maioria são inofensivos micrometeoritos. Acredita-se que por ano, caiam sobre a terra seis toneladas de rochas.
Os maiores meteoros, quando se chocam com a Terra, sempre deixam suas marcas, criando crateras profundas.

Acredita-se que o maior meteorito que atingiu a atmosfera da terra, mas sem comprovação definitiva, ocorreu no dia 30 de junho de 1908, na bacia do rio Podkamennaya Tunguska, a 64 quilômetros ao norte de Vanavar, na Sibéria, Rússia. Acreditam os cientistas que um meteorito de 30 metros de comprimento, explodiu a 10 quilômetros de altitude, tendo produzido uma onde de choque sentida a mais de 1.000 quilômetros de distância. O maior meteorito conhecido, que se chocou contra a superfície terrestre, foi encontrado em Hoba West, próximo a Grootfontein, na Namíbia, África, com 59 toneladas.
Estima-se que ao longo de 600 milhões de anos, o planeta Terra tenha sido atingido em mais de duas mil ocasiões por asteroides de grande peso. A maior cratera do mundo, comprovadamente criada pela queda de um meteorito, é chamada Coon Butte, ou Cratera Barringer, localizada próximo à cidade de Winslon, Arizona, nos Estados Unidos.

Em 1784, no sertão da Bahia, próximo a região de Canudos, caiu próximo a uma serra, um meteorito de 5.400 quilos, conhecida como Pedra de Bendegó. Este corpo celeste, com muito sacrifício, foi transportado em 1888 para o Rio de Janeiro e encontra-se até hoje exposto no Museu Nacional. Contudo, cientistas descobriram que o maior meteorito que já tocou o solo brasileiro, ocorreu na divisa entre Goiás e Mato Grosso, é conhecido como “Domo de Araguainha”, deixou uma marca na forma de uma cratera de 40 quilômetros e este impacto ocorreu à cerca de 350 milhões de anos.
Os impactos ocorridos no Rio Grande do Norte e aqui relatados, certamente não foram os únicos casos de impacto destes corpos celestes em solo potiguar, que apesar de possuir uma superfície territorial pequena, não está isento de receber novas “visitas celestes”.
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