sábado, 12 de março de 2016

Ninguém me disse quem tu eras,
Ninguém falou que virias.
Vieste, e havia primaveras
Em que só tu florias ...
Não sei ainda se vieste
Pois não distingo o sonho e a vida.
Sei qual o bem que me trouxeste,
Mas não me foi guarida.
Era um desejo começado,
Era um anseio por achar.
Só me resta do teu agrado
O tornar-te a sonhar."
Fernando Pessoa
em "Poesia"


quinta-feira, 10 de março de 2016

TodoNatalense

Sou nordestino e me orgulho demais desse lugar, me orgulho da luta contra o preconceito que enfrentamos, pelo sotaque arrastado, me orgulho do sangue quente que tem nosso povo sertanejo que madruga pra cuidar da sua terra ou das suas crias, do pescador que enfrenta esse mar pra trazer seu sustento, das mentes brilhantes que temos com esse berço cultural e talentoso que formamos, me orgulho desse povo que não desiste e insiste, mesmo sabendo de tantas pessoas sem oportunidades com o que lhes foi roubado nessa centralização econômica dos grandes centros, me orgulho porque sou da terra de Câmara Cascudo e da Dona Maria da esquina que é uma guerreira, sou cabra da peste, sou rio, sou mar, sou sertão, sou dunas, sou espetáculo da natureza que preservamos, mas nossa maior riqueza é no interior, com humildade, respeito e sabedoria popular! Do seu João da casa de taipa no interior a doutora Joana do flat em frente a praia, SOMOS NORDESTINOS COM ORGULHO!

Aos 96, músico famoso por tocar para Lampião faz 50 shows por ano

O pífeiro Sebastião Biano influenciou músicos como Gilberto Gil e Caetano.
Próxima apresentação do artista será em Ubatuba, litoral de São Paulo.

05/03/2016

Do G1 Vale do Paraíba e Região (*)

Sebastião Biano com seu pífano (Foto: Geórgia Branco/divulgação)O músico Sebastião Biano de 96 anos ao som do seu pífano (Foto: Divulgação/Geórgia Branco)
Famoso por se apresentar para o cangaceiro Lampião quando ainda era criança, o pifeiro Sebastião Biano segue na ativa aos 96 anos. Último remanescente da banda Pífanos de Caruaru, o músico que influenciou artistas famosos como Gilberto Gil e Caetano Veloso faz entre 40 e 50 shows por ano.
Neste sábado (5), Biano se apresenta às 20h no casco acústico do Projeto Tamar, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. O show levará aos palcos o segundo CD do tocador de pífano com o grupo ‘Terno esquenta muié’, com duração de 90 minutos e entrada franca.
Carreira
Nascido em Alagoas, em 1919, Sebastião Biano aprendeu logo aos cinco anos a tocar o instrumento que lhe acompanha por toda carreira: o pífano. Trata-se de uma pequena flauta com um timbre mais intenso e estridente, devido ao seu diâmetro menor. Ainda criança fundou o grupo Pífanos de Caruaru, que era formado por seu pai, tios e irmãos. Entre os grandes sucessos da banda estão ‘Pipoca moderna’ e ‘A briga do cachorro com a onça’.
Sebastião Biano em turnê (Foto: Geórgia Branco/divulgação)Sebastião Biano ao lado dos integrantes do 'terno
esquenta muié' (Foto: Geórgia Branco/divulgação)
Um dos marcos na carreira de Sebastião Biano aconteceu há quase 80 anos. Em 1927, quando tinha oito anos, se apresentou para o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. “Estávamos em uma igreja no interior de Pernambuco, quando o cangaceiro pediu para meus irmãos e eu tocarmos para ele e seu bando. Todos nós estávamos com muito medo. Como a gente era criança, tocamos com todo cuidado para agradar ao Lampião” lembrou Sebastião Biano.
Após a apresentação, o alívio veio ao saber que Lampião tinha gostado do que ouviu. “Depois que terminamos de fazer nosso som, que foi na verdade o som que Virgulino tinha pedido ficamos bem mais tranquilos, eles até comentaram que nossa apresentação foi boa”, lembrou ainda Biano.
Influência
A banda Pífanos de Caruaru criada pelo artista, influenciou Gilberto Gil e Caetano Veloso no surgimento do movimento da música conhecido como tropicalismo, quando o compositor o conheceu em 1967.
No álbum de Gil ‘Expresso 2222’, da década de 70, a primeira trilha é ‘Pipoca moderna’, música de Sebastião Biano que também foi gravada por Caetano no disco ‘Joia’, em 1975. O grupo recebeu em 2004 o prêmio de Melhor Álbum de música de raízes brasileiras na 5ª edição do Grammy Latino.
Turnê
Atualmente, Biano se envolveu em um novo projeto, e deu início às apresentações com o grupo ‘Terno esquenta muié’, no qual foram feitos dois CDs: o primeiro leva o nome da banda e o segundo chama ‘Chego Já’, lançado em 2015.
(*) colaborou Leonardo Medeiros
Sebastião Biano em turnê (Foto: Geórgia Branco/divulgação)Sebastião Biano em turnê com o 'terno esquenta muié' (Foto: Geórgia Branco/divulgação) http://g1.globo.com/
Fernando Caldas
hoje (10), Na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras será lançado o livro intitulado Praieira - A Canção da Cidade do Natal - 93 anos", em homenagem ao nosso poeta maior (93 anos da composição Serenata do Pescador, mais conhecida como Praieira, de autoria do poeta Othoniel Menezes (1895 - 69), considerado como "o principe dos poetas potiguares. O referenciado livro tem organização da pesquisadora Leide Câmara membro da ANRL.
" ... Praieira do meu pecado, morena flor não te escondas, quero ao sussurro das ondas do Potengi amado, dormir sempre ao teu lado".... (Othoniel Menezes).

quarta-feira, 9 de março de 2016



Sou apenas Mulher!
Meu nome?
É...Fortaleza, União, Prosperidade,
Luz, Caminho, Estrada, Sedução,
Sinceridade, Verdade, Luta, Dedicação.
Meu nome é Justiça, Raça, Garra, Talento,
Luta ou Puro coração.
Posso chamar-me Calmaria, ou quem sabe Furacão.
Serei eu desejo ou fonte de sedução?
Tenho no âmago a seiva eterna que nutre,
no corpo a vida que vibra.
Sou concha frágil e sou rochedo.
Meu nome é Canção de Embalar,
é Suspiro Dorido e Compaixão.
Sou Mulher, início da vida
seiva eterna que nutre no corpo a vida que vibra.
Meu nome é Mãe, Amante, Fonte De Vida.
Ventre Abençoado ou Sonho de Deus realizado!
Mas Mulher Pecado, NÃO!


Cristina Costa

EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS, 89 ANOS

fotografia dos ex-alunos do Educandário Nossa Senhora das vitórias, de Assu/ (que hoje completa 89 anos de sua fundação -1927), de 1945. Na fotografia: Algumas das irmãs, padre Júlio Alves Bezerra ou monsenhor Honório? Gelza Tavares (mulher de Edmilson Lins Caldas que por sinal fora a primeira criança a ser batizada na primeira capela daquela escola),os irmãos Maria Eugênia e Fernando Fonseca (filhos de doutor Ezequiel Fonseca Filho), Alaô e Alexis pessoa (filhos do casal dona Glorinha e Seu Pessoa), Maria do Céu Amorim - Cecéu (filha do escritor Francisco Amorim), Alba Martins,  entre outros alunos da turma daquele ano de 1945, do Colégio das Freiras (Filhas do Amor Divino). Aquele educandário completa hoje (9), 89 anos de sua fundação. É preciso registrar que Monsenhor Honório fora um dos fundadore daquele colégio que, por sinal, é muito pouco lembrando. Fica o registro e a homenagem de um ex-aluno.


Fernando Caldas

Clique na imagem. Foto cedida pelo assuense Nilo Fonseca.

terça-feira, 8 de março de 2016

O blog homenageia a todas as mulheres do universo, especialmente as mulheres Norte-riograndenses, pelo dia de hoje.(Dia Internacional da Mulher).
FLOR DO AMOR
Por Maria Eugênia Montenegro
Quero te ofertar a flor
Dos beijos que plantei em tua boca.
Tem o perfume suave do amor
E a ternura de almas se encontrando.
Quando vires a flor entreaberta,
Lembra - te, querido amor,
Das lágrimas que a regaram.
E sentirás, quando beijá - la,
Um amargo sabor de sal
Que as pétalas trêmulas captaram.

segunda-feira, 7 de março de 2016




AS ROSAS FALAM

Já disseram que as rosas não falam
que só perfumes exalam
desconhecem o poder que elas têm.
As rosas dizem tanto que nos calam
falam de amor como ninguém.
Falam de paz e da natureza
não falam pra quem não quer ouvir.
falam de poesia de beleza
e de um mundo a colorir.
que digam às borboletas
que com elas falam baixinho
sejam brancas, vermelhas ou violetas
falam com muito carinho.
As rosas têm seus segredos
e seus momentos de amor 
que os contam sem medo
no ouvido do beija-flor...
As rosas vivem sempre
enfeitando os caminhos
e sorriem alegremente
nos chamando baixinho.
Só precisamos abrir os olhos
pra ouvir as rosas...

Autor: Wíliame Caldas, poeta de Ipanguaçu


domingo, 6 de março de 2016


Jailton Avelino Dos Santos Avelino‎Desejo de ser feliz

A LUTA ENTRE OS MAIA E OS SUASSUNA NO SERTÃO PARAIBANO


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 tokdehistoria.com.br

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Autor – Rostand Medeiros
Na história do Nordeste do Brasil as lutas envolvendo as tradicionais famílias do sertão, que culminaram em sangrentas confrontações, sempre foram situações que marcaram a memória de muitas localidades.
Este fenômeno jamais foi exclusivo desta parte do Brasil, mas nesta região ocorreu com uma frequência preocupante e com exemplos de extrema brutalidade que, em alguns casos, perduram até hoje.
As razões para os conflitos foram inúmeras, mas duas situações se mostram presente na maioria destes casos: questões de terras e hegemonia do poder político.
Utilizando muitas vezes os terríveis combustíveis da vingança e do sacrossanto dever do homem sertanejo de “lavar a honra”, estas contendas deixaram marcas intensas, ceifando vidas até de quem não tinha nada haver com estes problemas.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Estes conflitos eclodiram, cresceram, extinguiram várias vidas e, na maioria das vezes, se retraíram diante das repercussões das mortes ocorridas, ou das ações dos agentes do Estado na tentativa de manter a ordem, por não ter mais quem desejasse combater, ou cansaço mesmo..
Com a ampliação dos meios de comunicação no Nordeste algumas destas lutas ganharam pelo país afora ares de verdadeiras batalhas épicas, marcando de forma indelével muitas comunidades.
Não faltaram aqueles que rezaram fervorosamente e ascenderam maços de velas pelo fim do problema e o retorno da paz.
Normalmente estes confrontos familiares acabavam sem ser apontado algum vencedor hegemônico, ou algum clã derrotado na sua totalidade. No final todos os que participavam eram perdedores.
A cidade paraibana de Catolé do Rocha presenciou um destes casos a partir da segunda década do Século XX.
Aqui está um pouco desta história.
Todos Enredados na Mesma História de Terror
Composta de homens valentes e denodados, o caso de Catolé do Rocha envolveu as famílias Maia e Suassuna, onde a querela entre estes grupos perdurou por décadas e chegou a ter sido destacadamente noticiado em periódicos de todo Brasil.

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Edição de domingo do Jornal do Brasil, dia 24 de novembro de 1985, com a reportagem do jornalista paraibano José Nêumanne Pinto sobre a luta dos Maia e Suassuna.

Em 1985, mais precisamente na edição de domingo, dia 24 de novembro, o jornalista paraibano José Nêumanne Pinto apresentou nas páginas do Jornal do Brasil uma magistral reportagem sobre este conflito, onde apontava que a luta entre as duas famílias já durava mais de 50 anos.
Nêumanne mostrou na época, com extrema propriedade, que aquela era “Uma história antiga, especial para corações fortes. Seus personagens são homens rudes do sertão. Não importa se um – João Agripino de Vasconcelos Maia Filho – já foi até ministro (De Minas e Energia, na época do governo Jânio Quadros), ou o outro é um bem-sucedido empresário do Rio (Ney Suassuna, na época da reportagem proprietário do Colégio Anglo-americano e diretor da Associação Comercial da Barra da Tijuca), ou se um terceiro, José Agripino Maia, é governador de estado (Rio Grande do Norte) e se um quarto é conhecido internacionalmente como escritor (Ariano Suassuna). Na verdade, mesmo que alguns tentem fugir, todos estão enredados nesta mesma história de terror, cujo mais recente capítulo ainda não está para acontecer”.

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Foto de Catolé do Rocha, realizada pelo escritor paulista Mário de Andrade, quando esteve neste município paraibano em janeiro de 1929 – Fonte – revistacarbono.com

Segundo o jornalista Nêumanne, o clã dos Suassuna no sertão paraibano originou-se a partir de um padre que se chamava Felipe, deixou a batina e se estabeleceu em Catolé do Rocha. Era descende das famílias Cavalcanti de Albuquerque de Pernambuco. Pertenceram a família o Visconde de Albuquerque e o Marquês de Muribeca, que foi lente da Faculdade de Direito de São Paulo.
Já os Maia vem de Francisco de Souza Maia, descendente de portugueses desembarcados em praias cearenses e primeiro membro destacado da família na política. Conhecido como coronel Maia foi o responsável por enviar seus descendentes para estudarem em faculdades, como as de Direito de Recife e São Paulo e a de Medicina em Salvador. Este pensamento avançado para a época criou entre os seus descendentes a importância dos estudos para ascensão social, política e profissional.
O Início
Para o jornalista José Nêumanne Pinto, igualmente sertanejo da cidade paraibana de Uiraúna, a raiz do conflito entre os Maia e Suassuna era eminentemente uma rixa política. Para ele muito raramente as duas famílias cerraram fileiras em uma mesma causa, em um mesmo partido e o tempo só fez com que se distanciassem cada vez mais. A última ocasião que Maia e Suassuna foram do mesmo partido aconteceu na época que no Brasil o Presidente da República era o paraibano Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa.
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Mas o fato que acende a chama, o que detonou tudo, começou mesmo em 1922, quando Francisco Sérgio Maia, o Chico Sérgio, filho do coronel José Sérgio Maia de Vasconcelos, queria namorar Noemi Suassuna, a mais bela cunhada de Christiano Suassuna.
Este tentou impedir o namoro por considerar Chico Sérgio uma pessoa de pouca saúde. Não podemos esquecer que naquelas primeiras décadas do século passado, com medicina bem limitada, mesmo que o pretendente fosse de boa família, o seu estado de saúde era algo a ser considerado pelas famílias de uma jovem na aprovação de uma futura relação. Mas o caso em questão envolvia outras pequenas desavenças e provocações na área política entre as duas principais famílias de Catolé do Rocha e aquela recusa adicionou mais lenha a fogueira.

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Catolé do Rocha na atualidade.

Com a intenção de dar um susto em Chico Sérgio, João Mantense, um capanga de Cristiano Suassuna, foi à fazenda do coronel José Sérgio Maia e lá encontrou o jovem Chico conversando em numa roda de amigos. Passou a jogar pedras e pedaços de tijolos no rapaz. Uma banda de tijolo atingiu uma de suas pernas, causando sérias lesões.
Independente do alcance do ferimento ocorrido em Chico Sérgio, evidentemente que o pior foi o atrevimento de João Mantense e do seu Senhor. E a resposta logo veio na forma de uma grande surra no capanga de Christiano Suassuna, em plena feira de Catolé do Rocha. O cabra tomou um verdadeiro “chá de pau”, mandado aplicar pelo coronel José Sérgio Maia.

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João Suassuna discursando em um evento no Rio de Janeiro – Fonte – Revista “O Malho”, do Rio de Janeiro, edição de 18 de outubro de 1924.

Apesar da surra mais que merecida, os membros do clã Suassuna sentiram-se ofendidos pela execração pública de João Mantense. Américo, filho de Pio, irmão de Christiano e de João Suassuna, futuro governador paraibano (Pai do escritor Ariano Suassuna), tomou as dores do episódio e o caldo engrossou.
O magistrado, ex-ministro e ex-governador paraibano João Agripino Filho registrou em suas memórias como se desenrolou o primeiro movimento verdadeiramente grave deste conflito. Tempos depois estas memórias se tornariam o livro “Agripino – O Mago de Catolé”, de autoria do jornalista Severino Ramos.

www.catolenews.com.br
João Agripino Filho – Fonte –http://www.catolenews.com.br

O que João Agripino Filho testemunhou não deixa dúvidas da valentia dos envolvidos e sempre me impressionei com este episódio.
Para melhor informar o leitor do blog TOK DE HISTÓRIA, junto ao relato de João Agripino Filho, trago a entrevista que este concedeu a José Nêumanne Pinto em 1985.
 “-Nessa Casa não tem Homem para Responder a esse Fogo?”
João Agripino Filho era criança, tinha quase oito anos de idade (nasceu em 1 de março de 1914) e estava na calçada com seu pai (João Agripino de Vasconcelos Maia) e sua mãe (Dona Angelina Mariz Maia), que tinha seu irmão mais novo no  colo (Antônio Mariz Maia, que no futuro seria desembargador). Em meio a este momento de tranquilidade na pacata cidade paraibana, o esquentado Américo Suassuna chegou com um rifle na mão e ficou passando na frente da casa dos Maia.
Logo perguntou ao bacharel João Agripino “-Você têm coragem?”.
João Agripino Filho narrou que seu pai estava desarmado naquele momento. Mesmo assim, de forma muito calma, sorriu e respondeu com outra pergunta “-Porque você quer saber?”
Américo então falou de maneira fria e ameaçadora:
“-Quero saber se você quer trocar tiros?”
Sem perder a calma, João Agripino disse simplesmente:
“-Atire”.
Na hora que o membro do clã Suassuna levantou a arma, João Agripino saiu levando Dona Angelina, o bebê e o jovem João Agripino para dentro de casa. Américo não se fez de rogado e abriu fogo.

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Na foto vemos João Agripino de Vasconcelos Maia Filho e sua mãe, Dona Angelina Mariz Maia – Fonte – http://www.catolenews.com.br

Enquanto as balas batiam em vários locais da casa, em meio ao som dos disparos, poeira do reboco caindo, desespero do momento, Dona Angelina Mariz Maia gritou a plenos pulmões:
“-Nessa casa não tem homem para responder a esse fogo?”.  
Raimundo Suassuna, irmão de Américo, entrevistado por José Nêumanne Pinto em 1985, apontou que foram os capangas de João Agripino, conhecidos como João Boquinha e Cícero Honorato, que responderam aos tiros de Américo e um deles estava armado com um fuzil. João Agripino Filho informou em suas memórias que seu pai conseguiu se armar e igualmente respondeu ao fogo de Américo.
Diante da resposta aos seus disparos, Américo se abaixou atrás de grossos pilares de madeira, que continham argolas para amarrar os animais que vinha para a feira da cidade e continuou descarregando sua arma. Testemunhas comentaram que o atirador dos Suassuna teve muita sorte, pois o pilar de madeira em que ele buscou proteção ficou bastante atingido pelos disparos efetuados. Provavelmente uma coisa que ajudou Américo era o fato dele ser um homem de baixa estatura e um tanto atarracado.
Aparentemente o tiroteio durou cerca de quinze a vinte minutos. Segundo Raimundo Suassuna a troca de balas encerrou quando seu pai Pio Suassuna interveio ao gritar para os Maia que “-Eles não teriam coragem de matar um filho dele!”. Raimundo narrou ao jornalista de Uiraúna que os buracos de bala feitos pelo seu irmão na casa dos Maia ficaram expostos por vários anos e estes diziam que eles só tapariam quando Américo fosse morto.

www.paraiba.com.br
José Nêumanne Pinto – Fonte – http://www.paraiba.com.br

João Agripino Filho afirmou a José Nêumanne Pinto que “-Jamais esqueceu aquela cena”.
Pessoalmente não conheci o local do tiroteio, nem onde se posicionaram os atiradores, nem a distância entre os inimigos e se eles eram, ou não, bons de tiro. Mas fato é que aquele episódio, onde não faltou o conceito de coragem, valentia, bravura e o temperamento de muitos sertanejos para lutar de peito aberto no campo da honra, deu início a uma das mais sérias e difíceis rivalidades entre famílias que o Nordeste testemunhou.
Outros Atores
O conflito entre os Maia e Suassuna prosseguiu de maneira variada e alternância de intensidade. Às vezes envolvendo na questão outros atores, de outras regiões da Paraíba.

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Ariano Suassuna era um dos membros mais conhecidos da família Suassuna. Ele nunca participou da luta contra a família Maia, mas uma parte de sua obra recebeu influência destes episódios.

Um fato que teve enorme repercussão em todo país foi o ataque de cangaceiros a cidade paraibana de Sousa. Ocorrido em 27 de julho de 1924, foi protagonizado pelo cangaceiro Francisco Pereira Dantas, conhecido como Chico Pereira. Este era paraibano da vila de Nazareth (hoje Nazarezinho), que em parceria com os irmãos de Lampião (que nessa época se recuperava de um ferimento) e numeroso bando de cangaceiros assaltaram Sousa. Este caso teve como um dos principais motivos à concretização de uma vingança pessoal deste cangaceiro contra seus inimigos que residiam naquela próspera cidade paraibana. Entre estes estava Octávio Mariz, ligado em parentesco aos Maia de Catolé do Rocha.
Como se diz que “inimigo do meu inimigo, consequentemente é meu amigo”, independente da negativa repercussão do episódio de Sousa, João Suassuna, já então governador da Paraíba, e seus irmãos, mantiveram ligações próximas com Chico Pereira.

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Seda da fazenda Conceição, na zona rural de Catolé do Rocha, antiga propriedade de José Maia de Vasconcelos, que foi visitada por Chico Pereira e parentes de João Suassuna em 1926.

Existe uma notícia publicada em um jornal carioca (A Manhã, edição de 2 de junho de 1926), dando conta que no mês de março daquele ano o cangaceiro Chico Pereira esteve nas propriedades Marcelina e Maniçoba, pertencentes aos irmãos Suassuna. Além disso ele foi visto circulando tranquilamente em automóvel particular em Catolé do Rocha, junto com pessoas da família Suassuna. Vale ressaltar que nesta época Anacleto Suassuna, um dos irmãos do governador João Suassuna, conhecido na região como “major Quietinho”, era o delegado da cidade de Catolé.
A mesma nota aponta que Chico Pereira e os parentes do então governador paraibano estiveram em uma ocasião na fazenda Conceição, de propriedade de José Maia de Vasconcelos, na época juiz em Mossoró, Rio Grande do Norte.

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Jornal carioca A Manhã, edição de 2 de junho de 1926.

Nesta ocasião Chico Pereira não atacou esta fazenda, apenas parou com seus amigos para pedir “água”. Mas a “visita” deixou totalmente abalada a esposa do juiz e suas duas filhas, além de certamente deixar os homens da família Maia em total estado de alerta.
João Agripino Filho comentou no livro “Agripino – O Mago de Catolé”, que os acirramentos levaram as duas famílias a criarem situações únicas e peculiares. Nos dias de eleição foi criada uma linha imaginária em Catolé do Rocha, que tinha como base a igreja matriz de Nossa Senhora dos Remédios e dividia os setores políticos dos dois clãs na urbe. E ai de quem ousasse transpô-la para fazer intriga política e cabular votos!
E a divisão das duas famílias continuou em assuntos políticos até mesmo externos a Catolé do Rocha.

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Imagem meramente ilustrativa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Em meio às repercussões do conflito na cidade de Princesa, na Paraíba, e da deflagração da Revolução de outubro de 1930, os Maia apoiaram politicamente o governador João Pessoa no plano estadual e Getúlio Vargas na esfera federal. Já os Suassuna cerraram fileira junto ao coronel José Pereira, de Princesa, e no quadro político nacional deram apoio ao paulista Júlio Prestes.
Quem conhece história do Nordeste e do Brasil sabe qual dos dois lados levou a melhor nestas alianças!
A Luta Chega a Natal
E o tempo passou e a questão continuou!
Lauro Maia era o prefeito eleito da cidade potiguar de Patu, fronteiriça a Catolé do Rocha. Era uma liderança política ligada a João Café Filho, que naquele mesmo ano ser tornaria o único potiguar a alcançar o mais alto cargo do poder executivo brasileiro.
Então, no dia 3 de junho de 1954, por volta das onze e meia da noite, defronte ao Hotel América, na Avenida Rio Branco, no centro da capital potiguar, Lauro Maia foi brutalmente assassinado.

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Nota sobre a morte de Lauro Maia no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho de 1954.

O pistoleiro desferiu quatro tiros com um revólver calibre 38 contra o prefeito de Patu, que efetivamente foi atingido por dois balaços e faleceu três dias depois no antigo Hospital Miguel Couto, atual Onofre Lopes. O caso inclusive foi publicado no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho daquele ano.
A suspeita maior recaiu sobre José de Deus Dutra, ligado politicamente aos Suassuna em Patu. Por falta de provas José Dutra foi absolvido. Já o filho de Lauro Maia, o médico Lavoisier Maia Sobrinho, não quis vingança e foi clinicar em Catolé do Rocha. Mas ele também seria alcançado pela violência daquele conflito.

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Na foto vemos a esquerda Lavoisier Maia Sobrinho, quando no cargo de governador do Rio Grande do Norte, dando um abraço no ex-governador potiguar Aluízio Alves.

Segundo José Nêumanne Pinto, na edição do Jornal do Brasil de 1985, comentou que Lavoisier Maia, que durante os anos de 1979 e 1983 foi governador do Rio Grande do Norte, estava na noite de 9 de setembro de 1956 na festa de comemoração de bodas de casamento do juiz de direito Sérgio Maia, no Prédio da Intendência, localizado à Rua Epitácio Pessoa, no centro de Catolé do Rocha. Depois houve uma animada comemoração em clube local.
Em meio à festa, Chiquinho Suassuna queria que um parente seu entrasse no recinto e participasse do evento, mas Lavoisier Maia barrou a entrada deste membro do clã opositor. Isso gerou uma altercação, que descambou para um tiroteio onde ficaram feridos Lavoisier e Chiquinho. Nesse mesmo episódio foi morto com um tiro acidental o agente de estatística Cantidiano de Andrade.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Lavoisier salvou-se por um verdadeiro milagre, mas continuou ao longo de sua vida política e pessoal com sequelas daquele tiroteio e só recentemente deixou a vida pública. Já Chiquinho Suassuna continua vivo e morando em Catolé do Rocha.
Após estes acontecimentos houve um período de trégua na luta das famílias. Mas os ressentimentos, contudo, permaneceram como chagas abertas. Bastava que acontecesse algum problema mais sério para que as acusações voltassem à tona e a violência retomasse o seu sinistro crescimento.
Sangue continuou sendo derramado e ainda por alguns anos corpos tombaram em meio a esta luta!
Trabalhando Pela Paz!
Ao escrever este texto não pude deixar de recordar de Eleanor Roosevelt, que disse certa vez que “Para conseguir a paz não bastava apenas falar sobre ela, mas acreditar e trabalhar por ela”.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto de Cid Barbosa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Um dia os membros das famílias Maia e Suassuna trabalham juntos e, através do entendimento e não pela força das armas, encerraram aquela luta.
O famoso ator britânico Charles Chaplin disse certa vez que “O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito”. Não sei se neste caso houve um final perfeito para todos os envolvidos nestes episódios. Certamente que não. Além disso, não existem meios de voltar no tempo, de voltar atrás para serem corrigidos diretamente os erros do passado.
Mas ao menos agora estes clãs podem moldar o futuro de suas novas gerações com maior tranquilidade.

De:  Assu Antigo E QUEM SE LEMBRA DA FORMAÇÃO DO GRUPO DOS 11, DO ASSU Era 1963, tempo efervescebte no Brasil, o presidente João Goulart (Ja...