E quem não se lembra de Manoel Calixto Dantas, também chamado pelos mais íntimos de Manoel do Lanche? Ele era estabelecido (vendia miudezas e jogo de bicho), num dos box do Mercado Público do Assu. Ele era natural de Carnaúba dos Dantas e assuense por opção e escolha, terra que viveu durante mais de cinquenta anos, constituiu família e fez boas amizades. Como não podia ser diferente, por ter convivido com os poetas assuenses, Manoel começou a escrever versos populares. Sua predileção para versejar era a glosa (décima), sextilha e trova sobre o cotidiano da terra assuense. Tempos atrás, os poetas do Assu aproveitava os momentos de campanhas políticas, para satirizar os candidatos em forma de versos, bem como elogiar o candidato de sua preferência, além de pedir o voto popular, se candidato fosse. Manoel Calixto era um deles. Pois bem, numa certa eleição, década de setenta, Manoel candidatou-se disputando uma cadeira a câmara dos vereadores do Assu, pelo então MDB, atual PMDB, então comandado em Assu pelo deputado Olavo Montenegro e João Batista, explorou a sua verve para chegar próximo ao eleitor, pedir o voto da seguinte forma:
Negue o soldado ao Tenente,
Negue esmola ao aleijado,
Negue ao faminto o bocado,
Negue ao Major a patente,
Negue ao seu filho a benção,
Negue o direito ao patrão,
Negue tudo, isto eu suporto
Só não me negue o seu voto
No dia da eleição.
E essa outra:
Falte uma noite a seresta,
Falte ao garoto inocente,
Falte o remédio ao doente,
Falte uma noite de festa.
Numa fase como esta,
Falte tudo ao seu irmão,
Falte a festa de São João,
Todas as faltas suporto
Só não me falte esse voto
No dia da eleição.
Fernando Caldas
Negue o soldado ao Tenente,
Negue esmola ao aleijado,
Negue ao faminto o bocado,
Negue ao Major a patente,
Negue ao seu filho a benção,
Negue o direito ao patrão,
Negue tudo, isto eu suporto
Só não me negue o seu voto
No dia da eleição.
E essa outra:
Falte uma noite a seresta,
Falte ao garoto inocente,
Falte o remédio ao doente,
Falte uma noite de festa.
Numa fase como esta,
Falte tudo ao seu irmão,
Falte a festa de São João,
Todas as faltas suporto
Só não me falte esse voto
No dia da eleição.
Fernando Caldas