segunda-feira, 28 de agosto de 2017

UMA PEQUENA HISTÓRIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL EM NATAL

  

https://tokdehistoria.com.br
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Como um simples informe sobre a venda de material militar usado pelo Exército Brasileiro e publicado logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, pode conter interessantes informações sobre este período da nossa História
Rostand Medeiros – Escritor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN
A história é construída a partir das evidências do passado, utilizando as fontes existentes. Em um trabalho que se realiza sempre distanciado do período dos acontecimentos focados.
E em uma busca como essa os pequenos detalhes de fontes mais amplas poderiam ajudar a conhecer a história de uma região e dos acontecimentos de uma determinada época?
Com certeza!
São pequenas peças que surgem e se unem a outras informações e que ajudam a formar um interessante quebra cabeças. Tudo isso só aumenta o conhecimento.
Aqui trazemos o exemplo de um simples informe sobre a venda de material militar usado pelo Exército Brasileiro em Natal, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
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Parnamirim Field – https://catracalivre.com.br
Na sexta-feira, 30 de maio de 1947, surgiu nos jornais da capital potiguar uma nota informando que o comando do 1° Grupo do 3° Regimento de Artilharia Antiaérea, colocava a venda em hasta pública doze caminhões da marca “Thornycroft”. O negócio seria efetuado na sede da unidade militar naquele mesmo dia, as nove da manhã. As máquinas foram consideradas “sucatas” e avaliadas em Cr$ 8.000,00 (Oito mil cruzeiros). A nota era assinada pelo 1° tenente José do Patrocínio Nogueira, da arma de Intendência.
Mas o que isso tudo significava?
Como todos nós sabemos o Brasil havia participado da Segunda Guerra Mundial, sendo Natal a cidade mais militarizada do país. Na verdade a mais militarizada da América do Sul.
Nos primeiros anos da década de 1940 o Exército Brasileiro deslocou, ou criou, algumas unidades militares para proteger a cidade e a região de algum ataque das potências do Eixo. Entre estas unidades estava o 1° Grupo do 3° Regimento de Artilharia Antiaérea, ou 1/3° RAAAe.
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Flak 88 – Fonte – http://www.goodfon.ru
Esta unidade militar do Exército Brasileiro foi criada em 1940 e tinha sua sede na cidade de Santa Cruz, Rio de Janeiro. Como principal armamento o 1/3° RAAAe possuía os canhões antiaéreos 88 mm C/56, da fábrica Krupp, de Essen, Alemanha. Esse é o conhecido e temido Flak 88 (Flugabwehrkanone 88), provavelmente a peça de artilharia mais lembrada da Segunda Guerra Mundial. 
A primeira vez que o Flak de 88 milímetros combateu foi em 1936 na Espanha, durante a Guerra Civil que arrasou aquela nação. Devido à sua alta velocidade e um projétil pesado e eficiente, esta arma provou ser não apenas uma excelente arma antiaérea, mas também um assassino de tanques. O governo de Getúlio Vargas havia adquirido dos germânicos várias destas peças, quando as nossas relações diplomáticas ainda eram normais com aquele país que se tornou nosso principal inimigo durante a Guerra.
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Flak 88 do 1/3° RAAAe , estacionada provisoriamente nas dependências do antigo 16° Regimento de Infantaria, atual 16° Batalhão de Infantaria Motorizada, no bairro do Tirol, Natal.
Em Natal o 1/3° RAAAe chegou nos primeiros meses de 1942 e tinha seu aquartelamento onde atualmente se encontra as edificações e estruturas do 17° Grupamento de Artilharia de Campanha (17° GAC), na região do atual bairro de Santos Reis e próximo a foz do rio Potengi.
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Medo da guerra em Natal – Informe dos militares publicado em fevereiro de 1942 sobre como deveria ser a ação da população de Natal no caso de um ataque aéreo.
O 1/3° RAAAe  possuía duas baterias de tiro, com quatro canhões Flak 88 cada uma. Uma destas unidades ficava protegendo Parnamirim Field de algum improvável ataque aéreo e as outras quatro ficavam na área da praia de Santa Rita, pertinho das dunas de Genipabu. Nesta última posição estes canhões protegiam a pequena área urbana da capital potiguar, a Base Naval de Natal (então em construção) e a área da base de hidroaviões da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) no salgado rio Potengi. Esta última unidade militar era oficialmente denominada pelos americanos como Naval Air Facility-Natal (NAF-Natal), mas que se notabilizou entre os natalenses como “Rampa”, pelas rampas de acesso utilizadas para a retirada e entrada de hidroaviões no rio.
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A Rampa na época da Segunda Guerra.
Já os canhões Flak 88 desta unidade provavelmente eram rebocados pelos caminhões Thornycroft. Estes por sua vez eram caminhões de fabricação inglesa, de três toneladas, do modelo Thornycroft Tartar 6, fabricados em 1937, ou 38, pela empresa Thornycroft Steam Carriege and Van Comapany, de Basingstone, condado de Hampshire, sudeste da Inglaterra. 
O Exercito Brasileiro adquiriu doze unidades desse modelo apenas com os chassis, fabricando localmente as carrocerias de madeira. Estas máquinas robustas foram importadas para transportar originalmente doze canhões St. Chamond, de 75 mm, modelo 1922, fabricados pela empresa Sheneider-Creusot, da comuna de Le Creusot, sudeste da França.
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Caminhão Thornycroft Tartar 6 e canhão St. Chamond, de 75 mm, modelo 1922, em desfile no Rio de Janeiro- Foto – Hart Preston – Fonte – LIFE Collections
O interessante é que estes caminhões ingleses não rebocavam os canhões franceses, mas os transportavam nas carrocerias, no “lombo”, como se dizia. Por isso as suas carrocerias eram estendidas para transportar o canhão, que era relativamente pequeno, e mais seis soldados.
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Outra imagem dos caminhões Thornycroft Tartar – Fonte – webkits.hoop.la
Como esses caminhões provavelmente circularam rebocando os Flak 88 na área da praia de Santa Rita, ou na região da praia do Forte, conforme podemos ver na foto abaixo, fica muito fácil para um potiguar entender porque estes caminhões foram vendidos como “sucatas”!
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Bateria de canhões de 88 mm na paraia do Forte, Natal.
A alta salinidade existente nas águas do nosso litoral, que tanta dor de cabeça trás aos proprietários de veículos em Natal e região nos dias atuais, bem como a precariedade das estradas, devem ter deixado os caminhões ingleses só o caco.  
Infelizmente não consegui encontrar detalhes do comprador destas “sucatas”.
Para finalizar a análise deste simples anúncio de venda, eu não descobri muita coisa sobre o 1° tenente José do Patrocínio Nogueira.
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José do Patrocínio Nogueira , na foto com a patente de tenente-coronel da arma de Intendência – Fonte – haydeeferreira.blogspot.com.br
Mas através das informações do sitehttp://haydeeferreira.blogspot.com.br, mantido pela sua sobrinha, a arquiteta piauiense Haydée Ferreira, e de outras fontes, eu soube que o tenente José do Patrocínio Nogueira iniciou sua carreira na Escola Militar Preparatória de Fortaleza, Ceará, em 1942 (Junto com o potiguar José Gurgel Guará), onde depois foi encaminhado para Natal. Na sequência serviu em Belém e Belo Horizonte, foi professor do Quadro do Magistério Militar do Exército, chegou a coronel em 1972 e faleceu em 2001 em Fortaleza.
Estas até podem não ser informações de relevo, substanciais. Mas é assim, sem nunca desprezar as pequenas peças do quebra-cabeça, que é feito o estudo da História.
Na Ficha da Polícia RN

Esta é uma foto rara de meados de 1912 da famosa Ponte de Igapó, que se chama originalmente Ponte do Potengi Presidente Costa e Silva (Natal-RN). Foi nesse ano que ela começou a ser construída, e todo o material veio da Inglaterra.
Pode se dizer que existiu uma Natal antes e depois da ponte, porque ela impulsionou o desenvolvimento comercial da cidade a partir do século XX.
A finalidade dela foi ligar a Zona Norte de Natal ao restante da cidade, passando pelo Rio Potengi, que corta a cidade.
Em 2016 a ponte completou um século de vida. Ela foi desativada em 1970.

sábado, 26 de agosto de 2017

Teus olhos brilham como estrelas
Teu sorriso doce convida-me
a tomar refúgio em teus braços.


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Cartão postal com vista do cruzamento da Av Presidente Bandeira com rua Amaro Barreto, no bairro do Alecrim.
Fotógrafo: Não informado
Ano: Por volta de 1950
O pior encontro casual da noite ainda é o do homem autobiográfico. Chega, senta e começa a crônica de si mesmo.

Antônio Maria (Recife, 1921 - Rio de Janeiro, 1964)



    1. Ford Comuta (elétrico), 1967
    NOTICIAS.BOL.UOL.COM.BR

Repare,
que cuscuz com leite quente
é melhor que muita gente.
-Bráulio Bessa
Via-Láctea
XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
– Olavo Bilac, do poema ‘Via-Láctea – XIII (1888), no livro “Antologia: poesias”. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 37-55: Via-Láctea. (Coleção a obra-prima de cada autor).
Ouça o poema “Ora (direis) ouvir estrelas!” – ‘Via-Láctea – XIII (Olavo Bilac) recitado por Juca de Oliveira


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Anos 60

A década de 60 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50.




Podemos dizer que a década de 60, seguramente, não foi uma, foram duas décadas.

A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no àmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo.

A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos.

Com o sucesso do rock and roll, o maior símbolo desta década foi Elvis Presley e seu rebolado frenético, e um dos filmes mais marcantes dos anos 60 foi Bonequinha de Luxo o lançamento do pretinho básico, estrelado por Audrey Hepburn .

As moças abandonavam as saias rodadas, e atacavam de calças cigarretes, e a grande novidade na moda era a minisaia.

Os tecidos apresentavam muita variedade, com estampas e fibras variadas, houve a popularização das sintéticas, além de todas as naturais.

Numa época em que a ficção científica aparecia nos livros e filmes dos beatniks, e em que era preparada a primeira viagem a Lua, tentava-se introduzir na moda elementos de visão utópica e tecnológica. Essa moda influenciou os designer, principalmente os franceses, no desenvolvimento de peças de vestuário e acessórios com placas laminadas, e sintético prateado.

Os cortes eram retos, minisaias, botas brancas com uma visão futurista. As roupas eram psicodélicas ( inspiradas em elementos da art-noveau do oriente, do Egito antigo) ou geométrico ou romântico.

As roupas unisex  ganharam força, e as camisolas sem gola. A mulher ousou usar roupas tradicionalmente masculinas, como smoking, e a lingierie alcançou mudanças proporcionando mais conforto no uso de calcinhas e meia calça, tanto para usar com a mini saia, quanto para dançar twist.

A maquilagem foi focada ao público jovem, os olhos eram marcados e os batons bem clarinhos. As perucas estavam em moda, a preços baixos e em vários modelos e tonalidades.

Os Beatles influenciaram a moda masculina no início da década, com paletós sem colarinho e o cabelo franja. Em Londres surgiram o paletó cintado, gravatas largas e botinas.

A silhueta ajustada no corpo e a gola role tornou-se um clássico no guarda-roupa masculino.

A opção dos sapatos era grande, com variedade de saltos, mas o sapato de salto mais grosso. Nos primeiros anos da década de 60, as bolsas ainda eram em estilo carteira, recebendo motivos e padronagens decorativas em couro ou sintético.

Algumas destas foram confeccionadas em tecido como o tweed e o tartan. O bambu e o acrílico forma muito usados para a estrutura das bolsas.


A imagem pode conter: comida

terça-feira, 22 de agosto de 2017

André Madureira "Antigas imagens em Cartões Postais".
Cartão postal com vista tomada para a então rua 13 de Maio(atual Frei Miguelinho).
A imagem desse postal, circulado em agosto de 1905, tem data entre julho e agosto desse ano.
Em 29 de junho de 1905 a cidade ganha, através do gás acetileno, o novo sistema de iluminação pública. Um dos trechos escolhidos pra primeiro receber o benefício era o da rua 13 de Maio.
Nesse postal aparecem os postes do novo sistema de iluminação instalados há poucos dias na cidade.
Aqui, além do carimbo do dr. Alberto Roselli, alguém escreve:
"Enviarei selos do Congresso Pan-Americano
Existem também cartões postais. Vocês querem?
Vocês os desejam obliterados assim como os selos, ou não?"
Fotógrafo: Não informado
Ano: 1905
A BARONESA DE SERRA BRANCA
Um filme de: Paulo Sérgio Sá Leitão
Imagens: Rodolfo Allen, Roberto Meira e Bruno Andrade Fotografia: Roberto Meira
Barão: Alysson Santos
Baronesa; Josyanne Talita 
Barão criança: Fabio Filho
Baronesa criança: Pietra Fernandes
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
"Fernando Pessoa"

segunda-feira, 21 de agosto de 2017



ROSA DE TODOS OS MESES
Por João Lins Caldas.
Há de janeiro a dezembro
Lindas rosas prediletas.
Eu delas sempre me lembro
- São as rosas dos poetas.
Para alguns são Violetas
Para muitos malmequeres...
Há brancas, morenas, pretas,
- Estas rosas são mulheres.
Quem desfolha uma roseira
Um rosal desfolharia...
Dessas rosas, se eu pudesse,
Uma branca apanharia.
Uma só, que a vida inteira
Uma só me bastaria...
Se, porém, essa morresse
Meu rosal acabaria.
(Linda Flor/Assu, 1911)

(Pintura da assuense Martha Wanderley Salem. Imagem da linha do tempo/Facebook de Dóris Wcarvalho).
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Seminário História e Memória da Fotografia Potiguar 
Casas do alto do Belo Monte, foto de Bruno Bourgard, uma das preciosidades do acervo do Instituto Tavares de Lyra trazida a público pelo historiador Anderson Tavares
Teatro de Cultura Popular Chico Daniel
19 AGO 2017

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...