quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

RESSÁBIOS DE LUXÚRIA

De: Assu Antigo
Foto: carro alegórico que reuniu vários blocos para o tradicional desfile nas ruas, tendo o Rei Momo destacado em ponto máximo - Geraldo Dantas, além dos organizadores da festa, Costa Leitão e Maria Olimpía.
A imagem pode conter: 26 pessoas
A cidade, especialmente as moças, envolviam-se no embalo momesco, providenciavam as fantasias, decoravam os carros alegóricos. Com ousadia, buscavam um traje que tivesse decotes e chamasse à atenção dos espectadores, inspiravam-se em um tema polêmico e em evidência. Os pais providenciavam a compra das caixas de lança perfume Rodoro para completar a folia.
O executivo da cidade, com muito entusiasmo, buscava recursos para dar vida aos blocos carnavalescos que a cada dia tinha uma fantasia estarrecedora para apresentar. Tudo finalizado e preparado conforme programado, chegava o grande dia. O Clube Municipal era a casa que acolhia os foliões animados pelas orquestras, a Furiosa de João Chau, a de Francisquinho Músico ou a de Sr. Cristóvão Dantas, além da ARCA e AABB.
À tarde era o desfile dos carros alegóricos, imponentes e muito bem decorados. Eram motivo de uma fotografia ou até de manchete no jornal do colunista social mais bem afamado, Demócrito Amorim. As pessoas reuniam-se nas calçadas para prestigiarem os desfiles que ficariam como um fato para a posteridade. O percurso circulava a Praça Getúlio Vargas, seguia pela Praça do Rosário e ia até o Colégio das Freiras. Assim, acabava e começavam os preparativos para a noite.
Às 22 horas as portas das residências das famílias tradicionais abriam-se para liberar suas filhas que iam para o Baile, acompanhadas pelo olho clínico de seus pais que, assim como elas, tomavam assentos às mesinhas reservadas do Clube.
Todos preparados, a autoridade máxima estendia as suas saudações às famílias por tê-las presentes ali e era dada a primeira dobrada pela orquestra. A felicidade em esperar pelo carnaval de cada ano era prazerosa! Entrava no salão o primeiro bloco a rodopiar e marcar o passo ao som de envolventes marchinhas carnavalescas. Os foliões portando lança perfume borrifavam sobre os outros, espalhando-se pelo ar o cheiro gostoso. Os adultos cheiravam o lenço que tinha mão, tomavam porres de lança. Caso contrário, tinham às mesas whisky com guaraná, cerveja ou coca- cola com rum montila. Um funcionário do Banco do Brasil ocupava o cargo vitalício de Rei Momo e era um dos mais animados que a cidade via, Geraldo Dantas. O reinado, posteriormente, foi ocupado por João (Samuel) Batista Fonseca e Edmilson da Silva.
As antigas marchinhas de carnaval eram tocadas repetidamente com as pessoas dando voltas e mais voltas no salão, enquanto outras só ficavam paradas nas bordas a jogarem lança perfume e dançando em cima das mesas. Noite alta, começavam as paqueras e o envio de recados de um para o outro com o intermédio daquela amiga alcoviteira, namoros proibidos e ousados, mas com muito respeito. A cidade era pequena e no outro dia poderia estar tudo nos ouvidos dos pais e nas conversas da rua.
Os Papangus, composto somente por mulheres como Alba de Sá Leitão, Alba Soares, Ozelita Dias, Evangelina Tavares e Zélia Tavares, aglomeravam-se, alternadamente, na casa de cada integrante para darem início aos assaltos às casas de pessoas amigas. O assalto às residências consistia em uma recepção regada à músicas, brincadeiras, bebidas, petiscos e tira-gostos. Era um bloco que provocava muita curiosidade e animação devido a ocultação das faces das mulheres.
Havia também o bloco composto somente por homens chamado Karkarás, com uma única mulher como porta-estandarte, Zélia Tavares. No carnaval de 1965, ainda no ápice da Revolução de 1964, jovens estudantes uniram-se e fizeram surgir As Rebeldes, um nome que denotava muita ousadia, com mulheres à frente do seu tempo, e que as fantasias fugiam dos padrões convencionais. A Personal Stylist era Ivete Medeiros e esta buscava indistintamente temas que causassem espanto nas pessoas, tendo as fantasias guardadas em segredo. As Rebeldes estrearam com o figurino que reivindicava o uso do LSD. É necessário relembrar o homem que acompanhado pelas suas três filhas inexplicavelmente marcavam o passo pelas ruas da Assu então pacata. Exercia a profissão de sapateiro e era Pernambucano, com ritmo do frevo pulsando forte dentro de si, seu sobrenome já predestinava seus feitos: Djalma dos Passos Barros. Merecidamente, ele foi o maior expoente do frevo em Assu.
Alguns dos blocos eram: As Independentes, As Viajantes, Soldados do Tio Sam, Os Palhaços, Os Papangus, As Rebeldes, Os Bengalinhas, Vassourinhas, Os Índios, Os Karkarás, As Selenitas, As Incríveis, Futuristas, Os Irresponsáveis, Baghassus, Xafurdo, As Marinheiras. Eram inúmeros blocos que surgiam a cada ano, trazendo novas perspectivas e características. O Carnaval era uma festa familiar, com a perspectiva de unir e agregar valores. Em tempos de carnavais, políticos rivais esqueciam as diferenças e juntos participavam da festa momesca. Seletivamente organizada as festas aconteciam na maior amizade e convivência saudável. Com muito riso e alegria, haviam no salão mais de mil palhaços, além de Arlequim chorar pelo amor da Colombina no meio da multidão.
Por Pedro Otávio Oliveira

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Por que o Carnaval e a Páscoa não têm data fixa?

MOON

O Carnaval antecede à Quaresma. Esta, por sua vez, é a preparação para a Páscoa cristã

Este artigo visa oferecer resposta exata à pergunta acima, dado ser ela causa de dificuldades a não poucos leitores.
  Para começo de conversa, devemos nos lembrar de que o Carnaval antecede à Quaresma. Esta, por sua vez, é a preparação para a Páscoa cristã. Pois bem, fazendo o caminho inverso, notamos o seguinte: a data da Páscoa não é calculada pelo calendário solar comum, mas, sim, pelo antigo calendário lunar, conforme prescrito no livro bíblico do Êxodo 12,1-14. Ora, segundo tal calendário, a data da Páscoa é móvel a cada ano, por conseguinte, também não podem ser fixas as datas da Quaresma e do Carnaval. Daí a questão: qual regra determina o Domingo de Páscoa?

Em resposta, dizemos que é preciso observar, antes de tudo, o equinócio da Primavera (momento no qual o sol corta a Linha do Equador tornando os dias iguais às noites). Isso se dá duas vezes no ano: 21 e 22 de março, no hemisfério norte, e 22 e 23 de setembro no hemisfério sul. A nós interessa, é óbvio, só a primeira data, uma vez que as regras para a data da Páscoa foram elaboradas no hemisfério norte. Pois bem, basta tomar uma folhinha comum e nela observar a última lua nova anterior ao equinócio da Primavera. Feito isso, é só contar o tempo entre duas luas novas consecutivas o que dará 29 dias, 12 horas, 40 minutos e dois segundos. O primeiro Domingo após o 14º dia da primeira lua nova posterior ao equinócio da Primavera será a data da Páscoa cristã.

Trazendo para este ano de 2020, temos: em 21 e 22 de março, o equinócio da Primavera. A última lua nova antes dessa data é 23 de fevereiro. As duas luas novas seguintes são 24 de março e 22 de abril. Então, marque o dia 24 de março e acrescente-lhe 14 dias, estaremos em 7 de abril. O domingo posterior será, obrigatoriamente, a Páscoa (12 de abril). Ou, de forma mais prática, o primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da Primavera é o Domingo de Páscoa: neste ano, essa lua cheia também cai no dia 7 de abril. Uma coisa, no entanto, é certa: todos os anos, a primeira lua nova antes do equinócio da Primavera ocorre, necessariamente, entre 8 de março e 5 de abril, a Páscoa cristã sempre tem de ser comemorada, então, entre 22 de março e 25 de abril (data mais tardia possível).

Elucidada a data da Páscoa, voltemo-nos à Quaresma e ao Carnaval que a antecedem. Eis o procedimento: uma vez encontrada a data da Páscoa, contem-se seis semanas anteriores ou 42 dias. Desse total de dias, retirem-se os 6 Domingos, dado que neles não se faz jejum ou penitência. Temos, assim, 42-6 = 36. 

Contudo, como a Quaresma, segundo o próprio nome sugere (cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13), compõe-se de 40 dias acrescentam-se aos 36 dias mais 4 anteriores; ou seja, da quarta-feira, dita de Cinzas, ao sábado. Ora, o Carnaval ocorre, então, nos 4 dias anteriores à quarta-feira de Cinzas.

Sobre o Carnaval, devemos dizer que teve, segundo consta, origem nos festejos agrários do Egito e do Oriente Próximo, por volta de 4000 a.C., com suas marcas próprias: a diversão, mas uma diversão acompanhada da libertinagem sexual e da desordem social. Hoje, em pleno século XXI, as reflexões em torno dessa festa popular parecem centrar-se em dois principais pontos: 1) as graves ofensas a Deus por meio de pecados diversos que não devem ser jamais fomentados, mas, sim, combatidos dentro da lei e da ordem e 2) o gasto de dinheiro público – aliás, já cancelado por alguns prefeitos – que poderia ser canalizado para saúde, moradia, educação, segurança pública etc.
Queiramos refletir!

De:  https://pt.aleteia.org

�� ( DICAS TOP) 7 ÁRVORES BAIXAS QUE NÃO PREJUDICAM SUA CALÇADA - PARA VO...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Poesia - Inverno no Sertão


A vida é necessariamente celeste. E por necessariamente celeste, necessariamente imortal  Daí o alvo contínuo na marcha que se nos faz para Deus. – O homem tem a seu alvo uma plenitude imortal.

Caldas, poeta do Assu

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

 A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, céu, nuvem e atividades ao ar livre
Eu admiro muito o trabalho do nosso genial Artista Plástico Gilvan Lopes. O mesmo vem fazendo um trabalho lindíssimo pelas ruas de nossa cidade e, vendo uma pintura interessantíssima na parede lateral de uma casa no bairro Dom Eliseu, nas proximidades da Igreja de São Tarcísio, onde o mesmo retratou uma inspiradora cena em que está sentado em um banco, os geniais poetas, João Lins Caldas e Renato Caldas, me veio uma inspiração, e, para render uma homenagem a todos os envolvidos nessa cena, criei os seguinte versos:


João Lins e Renato Caldas
Tirando um dedo de prosa
Numa pintura famosa
Numa esquina do Assu
O saudoso bispo Xandú
Junto com São João Batista
Abençoou os dois artistas
Nesse encontro magistral
Jesus por ser divinal
Pôs nas mãos do pintor
Gilvan Lopes o mentor
Dessa cena genial
 
(Chagas Matias)


- Acho que a educação boa é a melhor.
- E a boa?
- A boa é ainda a melhor.

Caldas, poeta e pensador potiguar do Assu

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Aqui estão doenças "que só existem" no Nordeste, pelo menos com esses nomes. Quais delas você já teve?

Aqui estão doenças "que só existem" no Nordeste, pelo menos com esses nomes. Quais delas você já teve?
" ANTÔJO "
" ESPINHELA CAÍDA "
" DOR NOS QUARTOS "
" PÉ DISMINTIDO "
" MOLEIRA MOLE "
" QUEBRANTO "
" TOSSE DE CACHORRO "
" FARNIZIM "
" PASSAMENTO "
" FRIEIRA "
" COBREIRO DE PÉ "
" PEREBA "
" CURUBA "
" REMELA NO ZÓI"
" GASTURA "
" DOR NO PÉ DA BARRIGA "
" DOR DE VIADO "
" BODE "
" BOI "
" IMPINGE "
" PILÔRA "
" PANO BRANCO "
" XANHA "
" BICHEIRA "
" FININHA "
" ALÔJO "
" BICHO DE PÉ "
" EMPACHADO "
" FASTIO "
" DOR NO ESPINHAÇO "
" BUCHO QUEBRADO "
" DENTIQUÊRO "
" CALO SECO "
" UNHA FOFA "
" PÉ INCHADO "
" CORPO REIMOSO "
" MUCUIM "
" BERRUGA "
" SETE COUROS "
" CORPO MUÍDO "
" LANDRA INCHADA"
" DIFRUÇO "
" GÔTO INFLAMADO "
" MÔCO "
" PÁ QUEBRADA "
" CADUQUICE "
" VISTA CANSADA "
" QUARTO ARRIADO "
" PAPÊRA "
" DOENÇA DOS NERVOS "
" OMBRO DISMINTIDO "
" QUEIMA NO ESTROMBO "
" JUÍZO INCRIZIADO "
" FERVIÃO NO CORPO "
" CAMPANHIA CAÍDA "
" ESMORECIMENTO NO CORPO "
" DESENCHAVIDO "
" PITO FROUXO "
" ESCURECIMENTO DE VISTA "
" TISGA "
" INFRAQUICIDA "
" VENTO CAÍDO "
" FRACO DOS NERVOS "
" ESPORÃO DE GALO "
" BICO DE PAPAGAIO "
" DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA "
" DOR NAS CRUZ "
" DOR NOS BRUGUMI "
" MAL JEITO NO ESPINHAÇO
" INTALO "
" DOR NAS CADEIRAS "
" RUÇARA "
" DOR NA JUNTA "
" MONDRONGO "
" INQUIZILA "
" PÉ DURMENTE "
" ESQUENTAMENTO"
" CARNE TRIADA "
" NERVO TORTO "
" DOR NO MUCUMBÚ "
" SOLITÁRIA"
" ENTOJO "
" PAPEIRA – TIRISSA "
" LUNDU "
" NÓ NAS TRIPAS – ALGUEIRO "
" ESTOPOR "
" GÔGO – UNHEIRO "
" BOQUEIRA "
" CALOMBO "
" DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO "
" ZÔVO GÔRO
" MURRINHA "
" OVO VIRADO "
" CANSAÇO NO CORAÇÃO "
" JUÊI DISMANTELADO "
" ZÓIO NUVIADO – VAZAMENTO "
" ÁGUA NAS JUNTAS "
" RESGUARDO – INTUPIDO "
" MUFUMBA "
" VÊIA QUEBRADA "
" CHABOQUE DO JOELHO ARRANCADO
Gostou? Mande esse post pra seus amigos nordestinos.

100 nomes de doenças engraçadas no Nordeste

por Henrique Araujo

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Há dez anos atrás ou dez anos atrás, qual é o certo?

Vivien Chivalski, do Instituto Passadori de Educação Corporativa, explica qual é a expressão correta: "dez anos atrás" ou "há dez anos atrás"





Festival em tributo a Raul Seixas em 2009 em Belo Horizonte

* Respondido por Vivien Chivalski – facilitadora do Instituto Passadori – Educação Corporativa
São Paulo – Uma armadilha na vida corporativa são os excessos – há muitas reuniões, e-mails, relatórios. Tudo que é demais pode ser questionado e isso não é diferente na língua portuguesa.

Quando há abusos, o nome técnico – pleonasmo – pouco importa. O fato é que a repetição de termos inúteis, supérfluos, redundantes compromete a coerência da informação e da frase.

A expressão “há dez anos atrás” é um exemplo desse erro. O verbo haver impede a palavra atrás em seguida sempre que estiver relacionado a tempo, à ação que já se passou. Há, portanto, duas formas corretas para a frase: “há dez anos” ou “dez anos atrás”.

Parece fácil, mas o erro é comum e chega a ser um vício repetido no dia a dia e reforçado muitas vezes. Quem não ouviu Gilberto Gil cantar “vamos fugir para outro lugar, baby” ou Raul Seixas declarar “eu nasci há dez mil anos atrás”?

Vamos deixar a liberdade poética para outra discussão. No ambiente corporativo, a consequência é que usamos expressões que não somam sentido à mensagem. São vazias e totalmente desnecessárias, principalmente, quando sabemos que o texto de trabalho precisa ser claro e objetivo.

Aqui estão outros exemplos:

O resultado deverá demorar ainda mais dois dias – as palavras ainda e mais não devem estar juntas, pois passam o mesmo significado. Escolha uma delas.

 Precisamos criar novos caminhos – criar o novo é redundância óbvia, pode parecer até brincadeira.

Já não há mais tempo para resolver isso – já e mais têm o mesmo valor na frase, usar as duas é como subir para cima. Escreva “já não há tempo para resolver isso” ou “não há mais tempo para resolver isso”.

Precisamos restaurar as casas antigas da cidade – dispensa comentário – não restauramos o que é novo.

Essas frases podem transmitir desleixo ou falta de revisão. Para não cair nessas ciladas, só posso deixar uma dica: fique atento.
Vivien Chivalski – facilitadora do Instituto Passadori – Educação Corporativa
O fácil faz-se logo, o difícil demora um pouco,
o impossível....
É impossível?
Mesmo?
Entregamos nas mãos de Deus que vira milagre! 


Cristina Costa, poetisa portuguesa

 https://scontent.fnat1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/1184958_686369528057833_784186224_n.jpg?_nc_cat=104&_nc_ohc=nJU43b1oQRMAX-8b3j1&_nc_ht=scontent.fnat1-1.fna&oh=7692014bc97cac56dc69ab039793d178&oe=5ED5B3ED

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020



Eu entrego em tudo por tudo a tudo que dos princípios de Deus.
Entrego e me entrego:
Deus permitirá que haja luz crescentemente por todos os caminhos da eternidade.

Caldas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


TODOS OS ACONTECIMENTOS DO MUNDO SÃO SENSÍVEIS AOS MEUS PENSAMENTOS.
O meu pensamento, para os acontecimentos do mundo,
Em tudo que dos meus sentidos, os meus sentidos para virem um a um, de todas as raízes do mundo.
Eu sou o meu sentido
A expressão de todos os meus sentidos
A expressão de todo o meu sentido todo o meu mundo.

Da treva impenetrável â luz perfuradora de todas as trevas,
Dos campos devastados ao mundo de cadáveres apodrecidos,
O atasca pestilento, as feridas de todas as terras,
Os vermes, como pequenos monstros sonolentos,
E os grandes monstros, as garras afiadas, agitadas mandíbulas,
Tudo há que se alastra para o mundo que a arder de que particular ao meu pensamento

As casas demolidas,
Os corpos mutilados
As árvores, para o céu, os galhos ressequidos.
A multidão a relutar de todos os apedrejados,
O mundo todo de todos os gemidos,
A cósmica amargura de todos os condenados,
A dor profunda de todo os perseguidos,
Ah! que assim são as chagas profundas de todos os meus sentidos....

Penso dos meus pensamentos estrangulados,
Dos meus sentidos devastados,
Das sombras, para o chão, tudo meu cérebro para enterrado...
As misérias do chão,
Tudo que dos infernos na sua miséria,
- Eu preciso morder, e rasgar, e triturar tudo D’aquele maldito coração...

A sombra incolor da minha vida,
Tudo em que fui transformado...
O mundo do meu céu como um morto perdido...
- E ri dos seus dentes, e ri dos seus olhos o riso maldito do condenado...

Senhor, cegai-o; varrei-o, ventos, atirai-o para longe das fronteiras da terra.
E de tudo que for céu, e tudo que for graça, e de tudo que for amor e que for sentimento.
Deus, amaldiçoai-o; negai-o, todos vós energias da terra
E todos para enterrá-lo, todos para sepultá-lo em todos e em tudo todas as forças do raio...

João Lins Caldas. (Poema inédito).

 

A imagem pode conter: texto que diz "Se a mesma coisa pode ser dita de mil maneiras, por que não escolher a mais gentil?"

... Depois foi que eu achei a grande alma. E o grande coração para pulsar também dentro de mim.

Caldas
A linda Pomba Europea 🐦❤️

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...