terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


TODOS OS ACONTECIMENTOS DO MUNDO SÃO SENSÍVEIS AOS MEUS PENSAMENTOS.
O meu pensamento, para os acontecimentos do mundo,
Em tudo que dos meus sentidos, os meus sentidos para virem um a um, de todas as raízes do mundo.
Eu sou o meu sentido
A expressão de todos os meus sentidos
A expressão de todo o meu sentido todo o meu mundo.

Da treva impenetrável â luz perfuradora de todas as trevas,
Dos campos devastados ao mundo de cadáveres apodrecidos,
O atasca pestilento, as feridas de todas as terras,
Os vermes, como pequenos monstros sonolentos,
E os grandes monstros, as garras afiadas, agitadas mandíbulas,
Tudo há que se alastra para o mundo que a arder de que particular ao meu pensamento

As casas demolidas,
Os corpos mutilados
As árvores, para o céu, os galhos ressequidos.
A multidão a relutar de todos os apedrejados,
O mundo todo de todos os gemidos,
A cósmica amargura de todos os condenados,
A dor profunda de todo os perseguidos,
Ah! que assim são as chagas profundas de todos os meus sentidos....

Penso dos meus pensamentos estrangulados,
Dos meus sentidos devastados,
Das sombras, para o chão, tudo meu cérebro para enterrado...
As misérias do chão,
Tudo que dos infernos na sua miséria,
- Eu preciso morder, e rasgar, e triturar tudo D’aquele maldito coração...

A sombra incolor da minha vida,
Tudo em que fui transformado...
O mundo do meu céu como um morto perdido...
- E ri dos seus dentes, e ri dos seus olhos o riso maldito do condenado...

Senhor, cegai-o; varrei-o, ventos, atirai-o para longe das fronteiras da terra.
E de tudo que for céu, e tudo que for graça, e de tudo que for amor e que for sentimento.
Deus, amaldiçoai-o; negai-o, todos vós energias da terra
E todos para enterrá-lo, todos para sepultá-lo em todos e em tudo todas as forças do raio...

João Lins Caldas. (Poema inédito).

 

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