quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

 

PASTORADOR DE AURORAS

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

A visão de quem passa pelo empório dos Guarapes (Macaíba) testemunha um tipo inexprimível de mistério, grandeza e história, que não se manifestam, apenas, na visibilidade dos olhos. Espelho e sombra nos envolvem totalmente. Reflete a casa perdida da infância de qualquer um de nós, mesmo que distem quase duzentos anos de nascença. As cores da vida vem de dentro. Ao derredor da construção principal, aflora o lirismo vegetal e memórias mil de luar. Diante dos Guarapes paraliso o meu corpo e silencio a boca, ante a emoção e a paz emblemática onde nascem, depois, todas as palavras. Templário erguido ao comércio, ao labor, a vida, a riqueza, ao capital, nele, somente restando, hoje, a raiz e o cupim, sem jardim, sem teto, gasto em sombras, sem rumor, apenas um eco antigo e longínquo da voz imaginária do grande capataz dos mistérios circundantes: Fabrício Gomes Pedroza.
“Feliz do homem que conhece a terra onde será enterrado”, disse o saudoso Dom Nivaldo Monte, já perto de sua partida e despedida. Ele não tinha nas mãos o acento da desesperança. Reescrevi hoje novo texto sobre os Guarapes movido pela aflição de um vento novo, ressurgente, após a longa noite da burla, do engodo e do humano ressentimento. Segundo os pesquisadores, os técnicos, as prospecções ao redor da área indicam um dominó de ocorrências ainda desconhecidas. Estão invisíveis, dissipadas e espalhadas no ar fino das brumas do rio Jundiaí soprando na paisagem do nunca mais. Queremos vê-la restituída, reerguida, alongada até o antigo cais e a capela, até desfazer todas as incertezas. Tudo, para sentirmos o peso da criação do homem que investiu e inovou a economia de Macaíba e do Rio Grande do Norte.
No esforço criativo de restaurar os Guarapes, congregam-se neste ano da paz de 2021, verdadeira confraria habituada as longas viagens repetidas. Para essa plêiade não interessa equívocos e maus murmúrios. Basta que a lembrança retorne submissa na velha casa que repousa em clarões e longos silêncios. Sobre a história do monumento já falei em textos anteriores. Após os gemidos, resta-me, agora, a alegria de haver achado o caminho. Um outro rumor intemporal já escuto e já me revejo diante de um espelho de sustentação. A porta que abriu não me traz enganos. As primeiras imagens dos Guarapes reconstruído renasceu dessa porta. E logo eu que me achava perdido, volto a perceber que não estou só. Estava exausto de ser enganado. Hoje, consegui a vontade política e a sensibilidade de fazer, dos que estão no poder.
A constelação de todos que se mostram envolvidos na obra constitui o fulgor da partida, do início de uma peleja. Naquela colina se ouvirão, logo mais, vozes diárias entre arcos voltaicos de sua beleza e significado para a história do Rio Grande do Norte. Dede o tempo dos holandeses, do temível Jacob Rabbi, disse-me o geólogo Edgar Ramalho Dantas que os Guarapes e Jundiaí, juntos, desafiam os estudiosos pelo circuito de circunstâncias no chão sagrado dos antepassados, a suscitarem descobertas, grutas, ecos irresignados, águas novas e subterrâneas. Atravessando o rio, vê-se de frente o memorial de Uruassu, santuário dos mártires e bem perto dali as ruínas de Extremoz. Para trás, o Solar do Ferreiro Torto, já restaurado. Chega-se a conclusão que o entorno de Natal, naquele tempo foi o maior teatro de operações da produção de alimentos, comércio, moldura de dissídios e lobisomens, que somente os Guarapes renascido pode restituir pelo olho e o tino do estudo e da pesquisa, já em campo.
(*) Escritor.











 


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

 NOSSAS RAÍZES SÃO MAIS FORTES DO QUE NOSSAS PRÓPRIAS SAUDADES

Bate bate coração, bate forte neste velho peito. Agora mesmo fui tomado pelos sentimento de recordações, destas criaturas raízes profundas da nossa árvore existencial.

Faço aqui o que disse o poeta sanfoneiro Sivuca - venho de longe, ando na estreada da distância porque tenho histórias pra contar.

Lembrar do tempo em que Ioiô Lacerda, Maria Januária ( meus avós) na sua comunidade do arraial, Inácio Lacerda e Joaquina nos áureos tempos da Timbaúba (meus pais) e mais recentemente morando juntamente com todos nós nesta cidade.

Sem esquecer do mano Arnóbio (Boboia) - é simplesmente dizer que estas raízes fincadas neste solo, depois que subiram ao planalto dos céus, são mais fortes do que nossas próprias saudades.



























 "Muitos copos , abraços, bebida no gargalo, narguile, pegação.

Chega em casa, daquele jeito!
Vai na geladeira bem louco e dá aquele gole bem servido e cheio de saliva no gargalo da garrafa de água.
Come e joga o prato na pia, toma um banho, vai dormir.
Mãe e pai acordam, pegam na maçaneta, na torneira, lavam os pratos e talheres.
Usam o mesmo banheiro.
Logo o pai ou a mãe começam a tossir, passam mal - o filho vem no Facebook pedir oração.
Os pais não aguentam; agonizam e morrem.
Postagens de luto :
"Meu herói",
"Minha rainha"
"Mais uma estrela no céu".
Um enterro rápido e sem dignidade.
Fim.
Fatalidade ?
Pense nisso. É muito fácil culpar apenas as autoridades; cada um de nós tem seu papel nestes tempos sombrios." 😞
Autor desconhecido:
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas dançando, multidão, noite e atividades ao ar livre

AMIGOS - estou trabalhando na próxima edição deste livro. Desta vez, constará os filhos de Antonio Soares de Macêdo (meu tetravô). Quem tiver informações, fotos e/ou documentos para acrescentar na pesquisa é só entrar em contato comigo, aqui no Facebook ou pelo e-mail: tabuademareeditora@gmail.com - sou muito grato por qualquer contribuição. A próxima edição será de luxo e ricamente ilustrada [Wandyr Villar].


VELHA FEIRA DO TORRÃO

Lembro a boa rapadura
Rede e colchão de capim,
Candeeiro e lamparina
Também bonito alfenim,
O pente e espelho de bolso
E veneno pra cupim.
Queijo de manteiga e coalho
Pulseira, brinco e anel,
Ferro de engomar à brasa
Agulha e o carretel,
O chocalho e ferradura
Buchada e sarapatel.
Isqueiro com gasolina
O perfume era loção,
Bom óleo de coco e de ovo
Gaiola com alçapão,
Panela de barro e pote
Também tinha foguetão.
Minha antiga e bela feira
Tempos que não voltam mais,
O cordelista te louva
Lembranças sentimentais,
Isso para preservar
As raízes culturais.

Isso e muito mais no cordel.
Calaça é poeta e escreve sobre a cultura do torrão 'pedavelinense'.

25 de setembro de 2020

domingo, 3 de janeiro de 2021

O SAL NO RIO GRANDE DO NORTE

01/01/2013

https://tokdehistoria.com.br/

Fonte http://naesquinadobrasil.blogspot.com.br/
Fonte http://naesquinadobrasil.blogspot.com.br/

O sal foi um dos primeiros produtos a ser explorado comercialmente no Rio Grande do Norte. A exploração normal e extensiva das salinas de Mossoró, litoral de Areia Branca, Açu e Macau data de 1802. Mas o conhecimento de jazidas espontâneas na região já era conhecida desde o início da colonização.

A primeira referência que se tem sobre sal no Rio Grande do Norte, encontra-se registrado no documento que Jerônimo d’Albuquerque escreveu a seus filhos Antônio e Matias em 20 de agosto de 1605, onde fala de salinas formadas espontaneamente a aproximadamente 40 léguas ao norte, o que corresponde hoje as salinas de Macau. Desse fato, voltamos a ter notícias quando consultamos o “Alto de repartição das terras” feito em Natal em fevereiro de 1614, onde está escrito que Jerônimo de Albuquerque dera aos filhos Antônio e Matias, em 20 de agosto de 1605, umas salinas que estariam a quarenta léguas para o norte (aproximadamente 240 km), mas que nunca foram cultivadas nem feitas benfeitorias.

Salinas na década de 1920
Salinas na década de 1920

Em 1627, frei Vicente do Salvador registrou a colonização Norte-rio-grandense. Notou que “as salinas onde naturalmente se coalha o sal em tanta quantidade que se podem carregar grandes embarcações”.

Outro registro que encontramos nos velhos livros de história fala que em janeiro de 1644, alguns Tapuias, de volta do Outeiro da Cruz (Maranhão), onde tinham estado em combate, entraram nas salinas de Mossoró e degolaram alguns trabalhadores que ali se encontravam.

Em 1808 os salineiros da região foram beneficiados, quando o rei de Portugal, D. João VI, impossibilitado de receber carregamentos de sal de Portugal, assinou a carta régia que liberava de quaisquer imposições a extração do sal favorecendo, sobremaneira, o comércio interno.

Tradicional catavento para extração de sal na década de 1920
Tradicional catavento para extração de sal na década de 1920

Em 1844/45, setenta e oito barcos carregaram em Macau 59.895 alqueires de sal. No entanto, embora o sal extraído no Rio Grande do Norte fosse superior pela sua qualidade intrínseca, perdia essa qualidade pela rudeza como era produzido, de modo que nos anos seguintes perdia mercado para o sal europeu que era mais barato e melhor preparado. Um dos fatores que onerava o preço do sal produzido no Rio Grande do Norte era a dificuldade no transporte por causa do assoreamento das barras dos rios Mossoró e Açu.

Em 1886 é criado um imposto protecionista para tributar o sal estrangeiro. Dessa forma, o sal produzido no Rio Grande do Norte passa a ser competitivo, e isso impulsiona decisivamente o desenvolvimento da nossa indústria salineira.

No período de 1941/45, houve uma retração na extração do sal, motivada pela diminuição da navegação de cabotagem durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, o sal continuou sendo o principal produto comercializado por Mossoró e região, sofrendo oscilações que não comprometeram o mercado de forma mais acentuada.

Os municípios do Rio Grande do Norte produtores de sal são os seguintes: Galinhos, Guamaré, Macau, Areia Branca, Grossos e Mossoró.

Barco tradicional utilizado no transporte de sal
Barco tradicional utilizado no transporte de sal

Depois de toda essa explicação, o leitor poderia perguntar: como Mossoró está entre os municípios produtores de sal se não fica no litoral? Para responder a essa pergunta, temos que dá outras explicações: o clima predominante em Mossoró é semiárido quente, com temperatura oscilando entre 24o e 35o centígrados, temperatura essa que dura a maior parte do ano. O ar apresenta baixo teor de umidade, elevada evaporação, apresentando uma média de 2.850mm. As precipitações ocorrem ao redor de 450 mm anuais e a evaporação líquida é de 2.400, sendo que a intensidade de irradiação solar varia entre 120 e 320 horas/mês, com ventos que apresentam velocidade média entre 3,8 e 4,4 m/s. Junto a isso temos ainda um solo impermeável, o que assegura condições ideais para a cristalização e colheita do sal, com um grau de pureza que atin ge até 98 Baumé (Graus de Baumé é uma escala hidrométrica criada pelo farmacêutico francês Antoine Baumé em 1768 para medição de densidade de líquidos.).

Local de extração de sal
Local de extração de sal

E onde estão localizadas as salinas? Poderia perguntar ainda o atencioso leitor. As salinas de Mossoró estão localizadas na várzea estuarina dos rios Mossoró e do Carmo. Essa várzea é inundada, ora pelas águas do mar, ora pelas águas das enchentes dos rios, que quando cessam as chuvas formam salinas naturais, onde o relevo é plano e baixo, estreitando-se para o litoral, onde a água do mar chega a alcançar até 35 Km do litoral. Essa série de fenômenos naturais é que faz com que Mossoró possa figurar entre os municípios produtores de sal do Rio Grande do Norte.

Fonte do texto – http://salnautico.com.br/historia.php

Fotos – Coleção do proprietário do Blog Tok de História

 Lindomar Paiva· 

Eu gozei a mocidadeTive muitas aventuras Cheguei a fazer loucurasSempre com sobriedadeHoje já com certa idade Vejo que na juventude Com vigor e com saúdeEm todos meus devaneios*Não tive amores. sonhei-os**Mas, possuí-los não pude*
2.
Tive muitas namoradas
Paquerei muitas mulheres
Tive aventuras céleres,
Com mulheres invejadas
E por muitos desejadas
Daquelas que ao homem ilude
Mas sem muita atitude
Que só pensam em galanteios
*Não tive amores, sonhei-os*
*Mas, possuí-los não pude*
Natal (RN), 02/01/202.
*DEDÉ DE DEDECA*
Mote de Raimundo Asfora, glosas minhas.

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