sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

SEGUNDA GUERRA EM NATAL – O DEPÓSITO DA ADP DA RUA CHILE

03/01/2021



Rostand Medeiros – IHGRN

Parte Integrante do livro Lugares de Memória – Edificações e Estruturas Históricas em Natal Durante a Segunda Guerra Mundial, páginas 73 a 75.

Sobre esse depósito, Lenine Pinto assegura que o local original era ao lado do Centro Náutico Potengy, tradicional clube de remo localizado na Rua Chile. Para esse autor, o prédio seria como um “ship Chandler”, um local da Airport Development Program (ADP), especializado em fornecimento de suprimentos para os navios da Marinha dos Estados Unidos.

Ali, segundo Lenine, eram estocados grandes carregamentos de suprimentos, acondicionados em caixas, fardos e outras embalagens. Quando esse material estragava, pelo menos para o padrão dos norte-americanos, era jogado no Rio Potengi. Aí um funcionário brasileiro do local só colocava esses produtos no rio com a maré vazante, onde o material flutuava até a comunidade do Canto do Mangue. Pessoalmente, já ouvi alguns depoimentos de pessoas que recolheram no Rio Potengi várias latas de manteiga de ótima qualidade.

Lenine comentou, por meio do relato de Rui Garcia, que ao final do conflito o que sobrou nesse depósito e em outros “três grandes depósitos de comestíveis” que os americanos possuíam em Parnamirim, foi vendido para o Exército Brasileiro[1].

Durante a realização desta pesquisa, em contato com outros pesquisadores do tema, surgiram dúvidas se o depósito nesse endereço teria sido realmente utilizado para esse fim. Ou teria sido em outro local?

A dúvida surgiu por esse ser um depósito que possui pequenas dimensões na atualidade e que, aparentemente, não teria condições de ser um local de armazenamento da ADP. Vale lembrar que essa era a empresa que desenvolvia a gigantesca obra da Base de Parnamirim.

Foto antiga do Porto de Natal.

Seria, então, esse local de maiores dimensões, ou ele sofreu alterações?

Segundo relatos de trabalhadores e administradores de empresas na região, quando estivemos visitando o prédio em 2014, aparentemente a resposta é não!

Pudemos perceber na época dessa visita que a edificação apresentava poucas alterações mais radicais.

Outra dúvida estava nas proximidades.

Não muito distante do endereço da Rua Chile, número 44, existe um local conhecido naquele setor com “Frigorífico” e pertencente à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN). Pela sua grande dimensão, antes de ter sido utilizado para conservação de gêneros alimentícios, ali poderia ser esse o antigo depósito da ADP?

Atendendo a um pedido nosso, o Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte solicitou informações sobre o caso ao Almirante Elis Treidler Öberg, atual Diretor-Presidente da CODERN. Esse, por sua vez, encaminhou um texto do jornalista Aproniano César Fagundes Trindade, pesquisador da história do Porto de Natal desde 1972 e fundador de um museu que guarda a história do nosso porto. Nesse texto Trindade informou ter sido o local idealizado como frigorífico durante a Segunda Guerra e destinado ao abastecimento das tropas aqui sediadas. Mas sua construção só se iniciou em 1948 e foram concluídas em 1951. Isso descartou a utilização do “Frigorífico” como o antigo depósito da ADP, pois os norte-americanos deixaram definitivamente Natal em 1947.

Nesse sentido, sem maiores opções e mesmo com as dimensões reduzidas, deixamos valendo a informação de Lenine Pinto, que aponta ter sido o prédio da Rua Chile, 44, o antigo depósito da ADP.

Sobre a utilização do Porto de Natal durante a Segunda Guerra Mundial, soubemos, por intermédio do trabalho do jornalista Aproniano César Fagundes Trindade, que nosso porto podia receber navios de até 27 pés de calado. Petroleiros, destroieres e cruzadores penetravam nesse porto sem nenhuma dificuldade. Após a Guerra, o porto começou a entrar em crise, sendo uma das causas o fato do canal de acesso não ter sido mais dragado por anos e, por isso, muita areia acumulou-se no seu leito.

Essa situação agravou o problema dos transportes marítimos em Natal. No início de dezembro de 1950, devido à impossibilidade de acesso à barra de navios de calado superior a 20 pés, Rui Moreira Paiva, então agente da Companhia Nacional de Navegação Costeira, comunicou à imprensa local que os navios de passageiros daquela empresa não aportariam mais em Natal.

Quem da capital potiguar quisesse viajar para as capitais do norte e sul do país teria que embarcar em Recife ou Fortaleza.

Obviamente essa situação acarretou sérios prejuízos para a economia potiguar, pois reduziu as exportações dos nossos produtos e encareceu a importação das mercadorias[2].

NOTAS


[1] PINTO, Lenine. Natal, USA. 2. Ed – Natal-RN: Edição do autor, 1995. Páginas 81 e 82.

[2] SMITH JUNIOR, Clyde – Trampolim Para a Vitória. 1. Ed. – Natal-RN: Ed. Universitária, 1993, Páginas 15 a 27.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

"Mate o Véio" por Genival Lacerda - Sr. Brasil - 09/11/14

 




Vencedores da Mega da Virada ainda não resgataram prêmio de R$ 325 milhões

Até as 14h30 desta quarta-feira (6), os dois ganhadores do prêmio máximo da Mega da Virada ainda não haviam comparecido para receber os R$ 162.625.108,22 a qual cada um tem direito, segunda a Caixa Econômica Federal.

O prêmio total de R$ 325 milhões é o maior colocado em sorteio até hoje pela Caixa. O montante foi dividido ente um morador de Aracaju, em Sergipe, que fez a aposta em uma das casas lotéricas, e um de São Paulo, que anotou os números sorteados pela internet.

Os vencedores têm até 90 dias para recolher o prêmio. Caso não seja reivindicado, o dinheiro vai parar no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, o FIES.

Outros premiados

Cinco dos seis números sorteados foram anotados por 1.384 apostas. A quina rendeu a cada um o valor de R$ 48.978,81. Acertaram a quadra 105.342 jogos, que renderam R$ 919,27 para cada vencedor.

CNN BRASIL

 ECONOMIA

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

A INDÚSTRIA DE DOCES E BALAS SIMAS

 

Fatos e fotos de Natal Antiga
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Administrador
 4 h 
Certamente 99,9% dos potiguares já provaram de alguma bala fabricada pelas indústrias SIMAS INDUSTRIAL S/A, uma das mais tradicionais indústrias potiguares. Quem não se lembra do cheiro de açúcar fabricando as balas e pirulitos na sede da industria que ficava na av Salgado Filho?
O inicio
De uma velha fabriqueta da rua Tavares de Lira à moderna indústria de balas e doces situada à margem direita da avenida Salgado Filho, há uma longa história de lutas travadas por um modesto grupo empresarial potiguar contra o poder de concorrência dos grandes grupos sulistas verdadeiros donos do mercado brasileiro de tais produtos.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A começou em 1947, sob a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO, com um capital de 200 contos de réis.
Na época, foi fundada a Fábrica São João, operando em regime quase artesanal e tentando conquistar um lugar ao sol no mercado de Rio Grande do Norte.
A preocupação com a qualidade e a melhora gradativa dos seus produtos logo mostraram resultados positivos. Meses depois de iniciar suas atividades, a Fábrica São João já tinha mais procura do que oferta. Inclusive os Estados vizinhos iniciaram as compras dos produtos aqui fabricados. Para atender ao consumo, ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO cuidou de importar as primeiras máquinas de balas, da Inglaterra e da Alemanha.
O crescimento
O crescimento da empresa prosseguiu de modo racional e constante. Dentro do programa de expansão, em 1963 a firma instalou a sua própria fábrica de latas, para atender o seu próprio consumo e ao de outras empresas locais. Em 1964 a empresa adquiriu o controle da Fábrica de Doces Muriú, ampliando então sua linha de produção, e passando a atuar também no ramo de doces e conservas, aproveitando como matérias primas frutas regionais.
O Apoio da SUDENE
No ano de 1968, já com um capital de 700 mil cruzeiros, mudando a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO para SIMAS INDUSTRIAL S/A, os dirigentes da empresa foram apoiados pelos incentivos fiscais da SUDENE. Um projeto de ampliação, modernização e relocalização da fábrica de doces foi encaminhado ao órgão encarregado do desenvolvimento com aprovação imediata pela Resolução n. 41/62 do Conselho Deliberativo da SUDENE.
A nova fábrica era já uma realidade em 1971, produzindo, por dia 10 mil kg de goiabadas, bananadas, balas, pastilhas, drops, doces de leite, etc. e consumindo nada menos do que 3 mil sacos de açúcar por mês.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A abastecia, já naquele ano de 1971, todo o mercado Norte e Nordeste (inclusive os produtos já estavam sendo vendidos na Transamazônica em construção naquela época e que em muito contribuiu pra divulgar a marca dos produtos SIMAS).
A SIMAS INDUSTRIAL S/A contava com 116 empregados em 1971, com uma linha de 30 produtos que chegavam às mãos do consumidor com as marcas SÃO JOÃO, SAMI’s s MURIÚ. A produção em 1971 deveria subir para 20.000 kg/dia, com a importação das novas máquinas.
Sozinha, a empresa adquiria toda a produção de goiaba do Rio Grande do Norte (naquele ano de 1971 foi de 200 toneladas), e se constituía no maior comprador de caju, banana e várias outras frutas regionais.
Com um capital social de Cr$ 7.000.000,00 em 1971 a SIMAS INDUSTRIAL S/A era, segundo a revista RN Econômico, um atestado da capacidade realizadora do homem nordestino. Segundo a Revista RN Econômico a empresa, praticamente, já tinha libertado o Nordeste da necessidade de importar balas e caramelos, liderando as vendas destes produtos em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, sem falar no Norte do país, onde atuava quase sem concorrentes.
A empresa tinha à frente Orlando Gadelha Simas, seu diretor presidente e fundador. Os seus demais diretores eram: José Gadelha Simas — diretor comercial; João Gadelha Simas — diretor-assistente; Antônio Thiago Gadelha Simas Neto — diretor-industrial; e Eduardo Orlando Araujo Gadelha Simas — diretor-financeiro. Estes dois últimos nomes trouxeram ao empreendimento a vitalidade, a criatividade e o dinamismo da nova geração.
A fábrica da Avenida Salgado Filho era um cartão de visita de Natal, não apenas pelo que tem de moderno em equipamentos e não apenas pela excelente qualidade dos produtos que lançava no mercado, mas pelo seu conjunto arquitetônico e pelas linhas artísticas que chamam a atenção de quem passava pela avenida.
Não era sem razão que os inúmeros compradores dos produtos São João e Muriú, vindos de outros Estados a convite dos diretores da empresa, ao visitarem a SIMAS INDUSTRIAL S/A tinham a mesma palavra de exaltação e de surpresa pela grande indústria que se conseguiu implantar em Natal e pelos grandes lucros que ela vinha proporcionando aos clientes e aos investidores.
Atualmente a empresa está situada no Distrito Industrial de Macaiba-DIM as margens da BR-304.
Fonte: RN Econômico, 1971, p.24-25 via Crônicas Taipuenses.

















 Comunicado da Academia Norte-rio-grandense de Letras

A imagem pode conter: 1 pessoa, texto que diz "ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS A Academia Norte-rio- grandense de Letras, em luto, lastima informar O falecimento do Acadêmico NELSON PATRIOTA (Cadeira 8), ocorrido hoje, de causa natural. Natal 06.01.2021 Oportunamente serão dados detalhes do velório e do sepultamento."
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Teus olhos de busca

Erotismo moreno
Sensualidade a fervilhar
No corpo suado
Escorrendo desejo.
Teus olhos de busca
Pedindo socorro
Em outro lugar
De boca fechada
Desenho do amor.
Teus olhos de busca
A testa franzido perguntas
Sem revelar
Tudo o que virá
Teus olhos de busca
Sorriso aberto
De alegria infantil
Revelando anseio
Da busca intensa
Que sua alma viverá
J. A. Simonetti / @ja_simonetti

 

PASTORADOR DE AURORAS

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

A visão de quem passa pelo empório dos Guarapes (Macaíba) testemunha um tipo inexprimível de mistério, grandeza e história, que não se manifestam, apenas, na visibilidade dos olhos. Espelho e sombra nos envolvem totalmente. Reflete a casa perdida da infância de qualquer um de nós, mesmo que distem quase duzentos anos de nascença. As cores da vida vem de dentro. Ao derredor da construção principal, aflora o lirismo vegetal e memórias mil de luar. Diante dos Guarapes paraliso o meu corpo e silencio a boca, ante a emoção e a paz emblemática onde nascem, depois, todas as palavras. Templário erguido ao comércio, ao labor, a vida, a riqueza, ao capital, nele, somente restando, hoje, a raiz e o cupim, sem jardim, sem teto, gasto em sombras, sem rumor, apenas um eco antigo e longínquo da voz imaginária do grande capataz dos mistérios circundantes: Fabrício Gomes Pedroza.
“Feliz do homem que conhece a terra onde será enterrado”, disse o saudoso Dom Nivaldo Monte, já perto de sua partida e despedida. Ele não tinha nas mãos o acento da desesperança. Reescrevi hoje novo texto sobre os Guarapes movido pela aflição de um vento novo, ressurgente, após a longa noite da burla, do engodo e do humano ressentimento. Segundo os pesquisadores, os técnicos, as prospecções ao redor da área indicam um dominó de ocorrências ainda desconhecidas. Estão invisíveis, dissipadas e espalhadas no ar fino das brumas do rio Jundiaí soprando na paisagem do nunca mais. Queremos vê-la restituída, reerguida, alongada até o antigo cais e a capela, até desfazer todas as incertezas. Tudo, para sentirmos o peso da criação do homem que investiu e inovou a economia de Macaíba e do Rio Grande do Norte.
No esforço criativo de restaurar os Guarapes, congregam-se neste ano da paz de 2021, verdadeira confraria habituada as longas viagens repetidas. Para essa plêiade não interessa equívocos e maus murmúrios. Basta que a lembrança retorne submissa na velha casa que repousa em clarões e longos silêncios. Sobre a história do monumento já falei em textos anteriores. Após os gemidos, resta-me, agora, a alegria de haver achado o caminho. Um outro rumor intemporal já escuto e já me revejo diante de um espelho de sustentação. A porta que abriu não me traz enganos. As primeiras imagens dos Guarapes reconstruído renasceu dessa porta. E logo eu que me achava perdido, volto a perceber que não estou só. Estava exausto de ser enganado. Hoje, consegui a vontade política e a sensibilidade de fazer, dos que estão no poder.
A constelação de todos que se mostram envolvidos na obra constitui o fulgor da partida, do início de uma peleja. Naquela colina se ouvirão, logo mais, vozes diárias entre arcos voltaicos de sua beleza e significado para a história do Rio Grande do Norte. Dede o tempo dos holandeses, do temível Jacob Rabbi, disse-me o geólogo Edgar Ramalho Dantas que os Guarapes e Jundiaí, juntos, desafiam os estudiosos pelo circuito de circunstâncias no chão sagrado dos antepassados, a suscitarem descobertas, grutas, ecos irresignados, águas novas e subterrâneas. Atravessando o rio, vê-se de frente o memorial de Uruassu, santuário dos mártires e bem perto dali as ruínas de Extremoz. Para trás, o Solar do Ferreiro Torto, já restaurado. Chega-se a conclusão que o entorno de Natal, naquele tempo foi o maior teatro de operações da produção de alimentos, comércio, moldura de dissídios e lobisomens, que somente os Guarapes renascido pode restituir pelo olho e o tino do estudo e da pesquisa, já em campo.
(*) Escritor.











PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...