sexta-feira, 2 de abril de 2021

AÇU POR JOÃO CELSO NETO

Perpétua de Babal (ou seria Babau, com u, que se escrevia o apelido de Aderbal seu pai?) trouxe suas memórias da terra natal. Outros também o fizeram como outros que ali moraram ou a adotaram para sempre.

De mim, Açu (assim consta de meu registro civil) esteve presente em esparsos poemas, um dos quais um soneto falando do “cadavérico caminho do cemitério de minha terra” onde, aos 18 anos, imaginei que para lá iriam me levar quando um dia enfim eu morresse (“Versos Íntimos”, 1966, p. 22).

Ainda naquelas incultas produções falei (p. 7) que queria gritar que ela era “- em todo o Universo – a terra do verso, da glosa, da quadra, soneto e poema, do vate maturo que ama e venera“.

Açu é para mim, sobretudo, o resultado das lembranças indeléveis dos meus primeiros 4 anos de vida, enquanto morava lá, e das férias que raramente deixaram de ser ali gozadas até quase 15 anos. Aos 4 e meio (junho de 1949), mudamo-nos para Natal e aos 15 (1960) para o Rio de Janeiro. Depois desta mudança para tão longe, passei duas férias em 1963, as de verão até depois do carnaval de 1964.

A cidade foi ainda ponto de passagem a que eu me obrigava de 1970 a 1971, tempo em que, morando em Recife, participei da implantação e aceitação do sistema de micro-ondas da Embratel (fabricante: GTE) entre Recife e Fortaleza. Havia uma estação repetidora logo depois da saída do Açu em direção a Mossoró, no Sítio Palheiros, bem à beira da estrada.

E voltei de passagem, voltando de Fortaleza por terra com a família. Além dessa  oportunidade, passei uma semana lá em 1986, para as comemorações dos cem anos do nascimento de meu avô, e em 1999, para receber uma comenda que ressaltava minha atividade de Engenheiro Eletricista (na verdade, eu me formara em Eletrônica) quando eu já deixara a Engenharia e me tornara Advogado, seguindo a tradição da família.

O avô de quem herdei o nome foi um dos mais renomados Advogados (provisionado) de lá, dando hoje o nome ao Fórum. Meu tio e padrinho Expedito foi Adjunto de Promotor, ele também um provisionado com Banca no sobrado de Sebastião Cabral, em cima da bodega de Chico Celestino (pai de Alberto e de uma bruxinha que me encantou em certo carnaval), quase vizinho à casa onde nasci (Praça Pedro Velho, 4) e tendo a casa de Renato Caldas entre uma e outro. Meu pai também se graduou em Direto, pela então Faculdade de Direito de Alagoas, em 1956. E outro tio meu, Emílio (irmão de mamãe, de Expedito e de Celso da Silveira), formou-se pela Faculdade Nacional de Direito - Rio de Janeiro – da mesma Universidade do Brasil onde concluí meu curso de Engenharia (faz alguns anos que o nome mudou para UFRJ). Minha filha caçula também tem inscrição na OAB.

Certamente, meu querido Açu mudou demais ao longo do tempo. Suas figuras populares na minha infância eram Manoel de Bobagem e Bonzinho, os craques do Centro Esportivo Açuense eram Edson de Assis, Zé Pretinho e Pirrão, além, lógico, dos poetas Renato e João Lins Caldas.

A rua mais badalada da cidade já era, com certeza, a Manoel Montenegro, onde ele próprio morava, acho que vizinho a Vemvem Tavares e pertinho do “Castelo” que fora de meu avô e onde, acredito, nasceram minha mãe e todos os meus tios. No outro quarteirão e do mesmo lado da calçada ficavam as casa de tio Lauro Leite, Eduardo Wanderley (avô de Perpétua) e, na esquina, a casa de Dr. Pedro Amorim. Também tio Zequinhas Pinheiro ali construiu sua casa, nos fundos do Banco do Brasil antes de ser transferido para a antiga casa de Manoel Soares, avô de meus primos Netinho, Frederico, Domicito, Lauritinha, Milton e Fátima. Deles, quantas recordações de nossa convivência no Camelo, a fazenda da família que foi desapropriada por conta do Açude Mendobim no final dos anos 60 (minha última ida foi em 1971, já então uma casa abandonada; ficamos hospedados na outra fazenda, o Limoeiro).

Claro que o que ficou mais marcado foi o pessoal da família: minha tia Maria Olímpia (irmã de papai) mais conhecida como Maroquinhas, suas tias Lília, Lindu, Nila, Elita e Idália, os tios maternos que já citei Expedito e Celso e aquele mundaréu de primos “legítimos” ou mais afastados, coisas de uma cidade pequena. Até os primos deles se tornavam íntimos, como os de Mara filhos de Clarice de Sá Leitão e dos filhos de tio Domício (irmão de Chico Soares) e daquelas tias paternas de meu pai Oswaldnho, Enóe e Nadja Amorim; Salete e Dedé Avelino; Socorro e Laurita Leite.

Ser do Açu era um fator que me aproximou pela vida a João Batista França, Conrado Tavares, Geovane Lopes, Ivanice Abreu e vários outros conterrâneos que só fui conhecer no Rio de Janeiro.

Sem falar nos filhos de tio Né Dantas (irmão de minha avó materna) que fui conhecendo (eram dezenas...) na fazenda (Chico e Procópio) ou fora de lá (Enedina, Maria Leocádia e Justina).

Açu, para mim, é bem mais que um retrato na parede

A primeira palavra de um verso, Rainer Maria Rilke

 



Os versos significam tão pouco quando escritos jovens! Uma vida inteira deve ser esperada e saqueada, se possível uma vida longa; e então, finalmente, mais tarde, talvez eles soubessem como escrever as dez linhas que seriam boas.

Pois os versos não são, como alguns acreditam, sentimentos (são sempre muito cedo), são experiências. Para escrever um único versículo é necessário ter visto muitas cidades, homens e coisas; você precisa conhecer os animais, você tem que sentir os pássaros voando e saber que movimento as florzinhas fazem quando se abrem pela manhã.

É preciso saber pensar em caminhos de regiões desconhecidas, em encontros inesperados, em despedidas há muito vistas chegando; na infância, cujo mistério ainda não foi esclarecido; em pais que se mortificaram quando trouxeram uma alegria que não foi compreendida (era uma alegria feita para outro); nas doenças infantis que começam de maneira tão singular, com transformações tão profundas e graves; nos dias passados ​​em quartos tranquilos e isolados, nas manhãs à beira do mar, no próprio mar, nos mares, nas noites de viagem que tremiam muito alto e voavam com todas as estrelas - e não basta nem saber como pensar sobre tudo isso -.

É preciso ter lembranças de muitas noites de amor, em que nenhuma se parece com a outra; dos gritos das mulheres em trabalho de parto e dos bebês leves, brancos, adormecidos, que estão fechados. É preciso ainda ter estado ao lado dos moribundos, ter permanecido sentado ao lado dos mortos, na sala, com a janela aberta e os ruídos que vêm aos golpes.

E não basta ter lembranças. É preciso saber esquecê-los quando são muitos e ter paciência para esperar que voltem. Bem, as próprias memórias ainda não são isso. Até que se tornem nós, sangue, olhar, gesto, quando já não têm nome e não se distinguem de nós, até então não pode acontecer que numa hora muito rara, do centro deles saia a primeira palavra de um verso.

Rainer Maria Rilke
As notas de Malte Laurids Brigge

Foto: Rainer Maria Rilke

https://calledelorco.com/

terça-feira, 30 de março de 2021

 


FUTEBOL DO ASSU DAS ANTIGAS

Na gratificante missão de mostrar os craques do futebol assuense e seus times, hoje destaco o Botafogo de Pedro Magalhães e que fez história nas décadas de 50 e 60. Aqui mostrarei duas formações e também o melhor goleiro de todos os tempos Zé Pretinho, e seu compadre e lateral esquerdo Mariano de Vemvem, ainda conosco. Em pé: Pedro Magalhães(Presidente), Mariano, Zé Pretinho, Pão Veneza, Pedrão, Batista Carvalho, Mazinho e João Branco (Massagista);Agachados: Newton, Piolho, Neném, João Eudes e Dr. Hélio. Imagem 2: camisas brancas. Todos de pé: Zé Pretinho, Mariano, Mazinho, Batista Carvalho, Pão Veneza, Newton, Dr. Hélio, Piolho, Major, João Eudes, Labada, Pedrão e Pedro Magalhães. Imagem 3: Zé Pretinho e Mariano Tavares.





Fotos do acervo de Lucílio Filho



segunda-feira, 29 de março de 2021

 


 O mal e o sofrimento


Se eu conversasse com Deus

Iria lhe perguntar:

Por que é que sofremos tanto

Quando viemos pra cá?

Que dívida é essa

Que a gente tem que morrer pra pagar?

Perguntaria também

Como é que ele é feito

Que não dorme, que não come

E assim vive satisfeito.

Por que foi que ele não fez

A gente do mesmo jeito?

Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?


(Leandro Gomes de Barros)

 

A vida não é um feed
A vida não é postagem
Não é pose para a foto
Nem megapixels na imagem,
Não é rede social
Não é troca de mensagem,
Não é falsa ostentação
Não é roupa ou embalagem
Não é troféu ou comenda
De plástica homenagem,
Viajar pra o exterior,
Só para contar vantagem,
A vida até talvez seja
Uma infinita viagem...
Um acúmulo de perdas
Um lapso, uma passagem,
A vida não é seu marketing,
Não é sua mesquinhagem...
A vida não é conceito,
Tendência, essas fuleiragem,
A vida não é segredo,
Não é ouro na bagagem,
Não é tapinha nas costas
Na rasa camaradagem,
Não é troca de favores
Da horrível politicagem,
Não é o que a gente pensa
Ou como as pessoas agem,
A vida não é sucesso,
Promoção da autoimagem,
Não é o falso progresso
Não é fama ou tietagem,
Não é gostar sem amar,
Nem ser uma personagem,
Vida não é ser da moda,
Hodierna camuflagem,
A vida não é status
Ou consumismo selvagem,
Viver não é nada disso,
A vida, filho... é Coragem!

domingo, 28 de março de 2021

 


Frasqueira do ABC . No Juvenal Lamartine
Pode ser uma imagem de 41 pessoas e pessoas em pé

 

Lúcia Caldas. AQUARELA sobre papel hanemule.8n

 

"O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.
Qual é o gosto? - Perguntou o Mestre.
Ruim - disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago.
Então o velho disse: - Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou: - Qual é o gosto?
- Bom! Disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? Perguntou o Mestre.
- Não… - disse o jovem.
O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos.
Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta.
É dar mais valor ao que você tem, do que ao que você perdeu.
Em outras palavras:
É deixar de ser copo para tornar-se um Lago.
Somos o que fazemos, mas somos principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."



sábado, 27 de março de 2021

 O que é que você ver além do chapéu? Comente!



 Conselho de Maria Sabina, uma sábia Indígena Mexicana

“Cure-se com a luz do Sol e os raios da Lua.
Com o som do rio e da cachoeira.
Com o balanço do mar e o agitar dos pássaros.
Cure-se com hortelã, com eucalipto.
Se adoce com alfazema, alecrim e camomila.
Abrace-se com o grão de cacau e um toque de canela.
Ponha amor no chá em vez de açúcar e beba olhando as estrelas.
Cure-se com os beijos que o vento lhe dá e com os abraços da chuva.
Fortaleça-se com os pés descalços no chão e com tudo que daí nasce.
Fique mais esperto a cada dia , ouvindo a sua intuição e, olhando para o mundo com o olho da testa.
Pule, dance, cante, para que você tenha uma vida equilibrada, serena e de paz.
Cure-se com a magia do AMOR INCONDICIONAL e, lembre-se sempre:
VOCÊ é o remédio!”

CHICO ELIZEU - Um homem a frente do seu tempo.

 


sexta-feira, 26 de março de 2021

Igreja potiguar recebe título de Basílica Menor


Foto: Adriano Campelo

O título foi dado pelo Papa Francisco e a Igreja de Nossa Senhora da Guia, em Acari, é a primeira, no Rio Grande do Norte, a receber esse título
Através de um decreto emitido pela Santa Sé, o Papa Francisco tornou a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, na cidade de Acari, na região do Seridó potiguar, uma Basílica Menor. O decreto foi lido pelo bispo diocesano de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz, no final da celebração de “dedicação da Igreja”, na noite desta quinta-feira, 25 de março.

O título pelo Papa em razão da história e da arquitetura da Igreja. Foi nela que o Cardeal Eugênio de Araújo Sales recebeu o Sacramento do Batismo, há cem anos. Dom Eugênio foi sacerdote, bispo auxiliar e administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, e faleceu no ano de 2012, no Rio de Janeiro, onde residia como arcebispo emérito.
Mensagem do arcebispo
O arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, enviou uma mensagem ao bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos, e à Paróquia de Nossa Senhora da Guia, manifestando alegria, em nome da Província Eclesiástica. “Quando Bispo de Caicó, sempre pude apreciar o esmero e a solicitude da Paróquia de Acari pela beleza das celebrações litúrgicas – principalmente na Festa de Agosto –, animadas com o autêntico espírito do Concílio Vaticano II, que impele as comunidades àquela nobre simplicidade que ajuda eficazmente ao serviço divino do louvor a Deus. Ressalta-se a perseverança do Coral que conserva a herança de inestimável valor da música sacra composta pelo Maestro Felinto Lúcio Dantas, que por décadas o regeu em Acari e Carnaúba e que hoje possui a sua obra musical conhecida e apreciada inclusive em Roma”, escreveu Dom Jaime.
O que é uma Basílica Menor
Segundo o documento Domus Ecclesiae (Casa da Igreja),da Congregação para o Culto divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé, as basílicas são igrejas dotadas de especial importância para a vida litúrgica e pastoral de uma diocese e, por isso, possuem “um particular vínculo com a Igreja de Roma e com o Sumo Pontífice”.
LEIA MATÉRIA COMPLETA NO http://arquidiocesedenatal.org.br

 


 


 

Foto rara de Maria Bonita antes de se tornar parte do grupo de Lampião, antes de 1929.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "ANTES Maria Bonita, em foto rara, anteriora"

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...