A revolução forçada feita por apoiadores de Getúlio trouxe um momento turbulento na história do nosso país
Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/10/2021, às 00h00
Getúlio Vargas (ao centro) com seguidores durante discurso em Itararé - SP - Chronus via Wikimedia Commons
O final da década de 1920 se aproximava, e o sistema oligárquico deixava de agradar a nação. Surgia o tenentismo, e o cenário das eleições de 1930, cada vez mais próximas, seria diferente.
A política do café com leite, firmada entre as oligarquias paulista e mineira em 1898, se rompeu quando o então presidente, Washington Luís, hoje conhecido como o último líder da República Velha, apoiou Júlio Prestes, um candidato paulista, no lugar de um mineiro. Getúlio Vargas (ao centro) com seguidores durante discurso em Itararé - SP - Chronus via Wikimedia Commons Getúlio Vargas (ao centro) com seguidores durante discurso em Itararé - SP - Chronus via Wikimedia Commons
Júlio Prestes (ao centro) na Academia Militar dos Estados Unidos / Créditos: Arquivo Nacional via Wikimedia Commons
Após o rompimento entre as duas oligarquias, o lado mineiro buscou pela oligarquia gaúcha e, com isso, lançou Getúlio Vargas como seu candidato. Quando Júlio Prestes venceu, parte insatisfeita da chapa de Vargas, chamada Aliança Liberal, passou a planejar um levante armado, que foi levado para frente após o assassinato do vice da chapa, João Pessoa, morto em Recife.
Com isso começaria, em 3 de outubro de 1930, a Revolução de 30, um golpe de Estado planejado e executado por militares que colocou Getúlio Vargas de forma provisória no poder, após depor Washington Luís e barrar a posse de Júlio Prestes.
Getúlio Vargas governaria o Brasil a partir de então e seu mandato, chamado de Era Vargas e dividido em três fases (Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo), duraria quinze anos, com início em 1930 e término em 1945.
O Governo Provisório (1930-1934)
Vista de início como uma fase de transição, essa parte do governo de Vargas foi marcada pelo clamor paulista por uma nova Constituição e pelos esforços do presidente para centralizar o poder.
Embora buscasse tomar atitudes contrárias à elaboração de um novo documento, Getúlio o fazia de forma silenciosa, evitando uma Assembleia Constituinte e promovendo a dissolução do Congresso Nacional.
A falta de mobilização do gaúcho fez com que sua relação com os
paulistas se tornasse cada vez mais distante. Perante um grande
desgaste, que se formava desde a perda deles durante a Revolução de 30,
os paulistas buscaram agir. Eles deram início a Revolução Constitucionalista de 1932, um movimento que pedia a nova Constituição e o direito de nomear um interventor dentro do governo.
Combatentes constitucionalistas voluntários de Presidente Prudente - SP / Créditos: Acervo Altino Correia via Wikimedia Commons
O movimento dos paulistas perdeu militarmente, mas conseguiu fazer com que o presidente aprovasse a criação de uma Assembleia Constituinte, de onde nasceu a Constituição de 1934.
Entre as mudanças trazidas por essa Constituição e as consequências dela estão a criação de um Ministério do Trabalho e uma reforma eleitoral que deu o direito de voto às mulheres.
Governo Constitucional (1934-1937)
Com início após a crucial elaboração da Constituição de 1934, acreditava-se que essa fase do governo de Vargas seria uma base democrática para um novo período da política brasileira, mas, novos grupos, como a AIB, e a ANL, surgiam e o próprio presidente, influenciado pela radicalização que se dava na Europa, tinha outros planos em mente.
A Ação Integralista Brasileira (AIB) se organizou em meio do Governo Provisório.
Tendo Plínio Salgado como líder e, conhecidos como “camisas verdes”, os integralistas buscavam se opor ao comunismo e influências estrangeiras de forma radical e conservadora.
Oficiais da milícia integralista do Paraná / Créditos: Estado Maior da milícia do Paraná via Wikimedia Commons
Já a Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi uma organização fundada pelo Partido Comunista do Brasil em 1935. Ela contava com membros descontentes com a administração de Getúlio Vargas do país e que lutavam contra o fascismo, o imperialismo e o integralismo. Seu membro mais célebre foi Luís Carlos Prestes, que planejou a Intentona Comunista, um levante armado em 1935 que ocorreu em Natal, Recife e Rio de Janeiro, mas fracassou.
Luís Carlos Prestes, Anita e Olga Benário / Créditos: Wikimedia Commons
O surgimento desses grupos fez com que o então presidente tivesse uma
oportunidade única de justificar as medidas autoritárias que gostaria de
tomar: Getúlio implantou um estado de sítio no qual o Brasil permaneceu até 1937.
Estado Novo (1937-1945)
A terceira e última fase da Era Vargas, o Estado Novo, foi uma ditadura com início no golpe de Getúlio em que ele cancelou as eleições para permanecer no poder. O gaúcho mantinha o poder centralizado e trouxe vasta propaganda.
Partes marcantes e essenciais para compreender o governo varguista dessa época foram seus decretos-leis, mantidos como prática constante, já que não havia Legislativo, dado o esforço da centralização feito por ele. Dentro dessa fase, Assembleias, Câmaras e o Congresso permaneceram fechados.
A censura e a propaganda andavam juntas dentro do Estado Novo, onde a atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) servia para regular as artes, jornais e revistas por meio da censura de opiniões contrárias ao governo e criar ações para promover atos do presidente e sua imagem como um todo.
Getúlio Vargas em 1930 / Créditos: Wikimedia Commons
Foi durante a última fase do governo de Vargas, conduzida por um líder autoritário mas populista, que os brasileiros receberam alguns dos benefícios trabalhistas que estão presentes até hoje.
Ao final de 1945, depois de um enfraquecimento do apoio da elite à era varguista, Getúlio foi obrigado pelos militares a renunciar e foi deposto, mesmo após certo esforço para permanecer no governo, expressado por meio de tentativas falhas de conduzir reformas políticas.
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