Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Era uma manhã de sexta feira, dia 23 de
maio de 1930. Cedo havia um movimento no campo de pouso do Aeroclube do
Rio Grande do Norte. Circulavam os membros do curso de pilotagem da
Escola de Voo do Aeroclube. Eles estavam no hangar da entidade, se
preparando para uma costumeira seção de voos na “periferia” da pequena
Natal, na região do atualmente populoso e verticalizado bairro do Tirol.
Esta turma de futuros pilotos, que em
dezembro de 1929 haviam se matriculado para o curso, era formada por
filhos da elite local. Faziam parte Otávio Lamartine, Fernando Pedroza,
Aldo Carielo, Eloy Caldas, Plínio Saraiva e Edgar Dantas. O Aeroclube do
Rio Grande do Norte havia sido fundado em 29 de dezembro de 1928,
possuía uma boa infraestrutura de ensino aeronáutico, com sede, hangar e
duas aeronaves modelos “Blue Bird”. Eram as aeronaves Natal I e II.
Naquela tranquila manhã, segundo a edição de 24 de maio de 1930, do jornal A República,
o aluno Plínio Saraiva não se encontrava, mas estavam presentes o
mecânico Abel de Oliveira e o instrutor de voo Djalma Fontes Cordovil
Petit. Este era carioca, militar da Marinha do Brasil, com o patente de
capitão-tenente, que havia realizado seu curso de aviador na Escola de
Aviação Naval, no Rio de Janeiro e era muito hábil com um avião nas
mãos. Foi o primeiro instrutor da entidade e estava em Natal desde o
primeiro semestre de 1928.
Mas voltando aquele dia fatídico.
Primeiramente fizeram voos solo no avião
Natal I, os alunos Otávio Lamartine e Eloy Caldas. Na continuidade
subiria Edgar Dantas. O exercício do dia consistia que cada aluno
decolasse, dessem duas voltas no campo do clube e depois deveriam
proceder a aterrissagem. Tudo indica que a pista de pouso do Aeroclube
cruzava as atuais pistas da Avenida Hermes da Fonseca, uma das
principais de Natal.
Consta que a decolagem foi tranquila, mas, segundo as páginas de A República,
o jovem Edgar Dantas, com apenas 21 anos, realizou uma manobra
imprudente, efetuando uma curva fechada para realizar a aterrissagem, a
apenas 20 metros do solo. Mas devido à baixa velocidade e altitude, o
avião foi de encontro ao solo. A aeronave, conforme podemos ver na foto,
caiu quase na vertical. O piloto foi atingido por uma estaca de uma
cerca, que fraturou seu crânio no frontoparietal, provocando forte
sangramento. Esta cerca pertencia a um curral da propriedade do Sr.
Fausto Amaral.
Segundo o escritor Paulo Pinheiro de
Viveiros, autor livro “História da aviação no Rio Grande do Norte”,
publicado pela Editora Universitária, de Natal, em Setembro de 1974, do
hangar do Aeroclube o instrutor Petit pronunciou “-Vejam como se morre
em plena mocidade!”.
Após o impacto, a turma correu
desesperada para o local. O inglês Eric Gordon, que jogava “tennis” em
uma área do Aeroclube, pegou seu carro para levar o rapaz para o
Hospital Jovino Barreto, atual Onofre Lopes, mas era tarde.
A cidade parou. Várias pessoas foram à
casa de sua família amparar sua mãe, viúva do ilustre Manoel Dantas.
Outra multidão seguiu para ver o avião no solo.
Às quatro e meia da tarde ocorreu o sepultamento, com grande acompanhamento da população local.
Faltava pouco tempo para Edgar receber o seu “brevet” de pilotagem, já tinha voado dez horas solo sem nenhum problema.
Edgar Dantas é atualmente nome de escola em Natal.
Bem, antes que os especialistas em
aviação afirmem que o titulo deste texto é uma mentira, ou que errei,
sugiro que deem uma passada na página 153, do cujo autor é Paulo
Pinheiro de Viveiros. Nesta página lemos que Dantas “Foi o primeiro
civil que se sacrificava no Brasil” (em um avião).
Se assim foi, ou não, o que importa foi como aconteceu.
Em 20 de março de 1931, mudou-se da Av. Tavares de Lira para o endereço definitivo, o prédio da Av. Junqueira Aires, 355, prédio que foi construído em 1895 por Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão, em 1907 com o falecimento de Pedro Velho – fundador do jornal – o prédio foi vendido ao estado, passando a sediar o jornal. Essa mudança de espaço permitiu uma ampliação técnica da sua produção, onde passou a publicar fotografias com mais regularidade. A epígrafe no cabeçalho sempre difundiu as mudanças de discurso no jornal, de 1933 a 1944 se escrevia “Órgão Oficial do Estado”, reprimindo a palavra “poderes” de anteriormente, se especula uma forma de definir frente aos acontecimentos nacionais explicitados ao longo da pesquisa com o controle da imprensa pelo Estado.
Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida. O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida.
Antiga sede social do ABC Futebol Clube na Avenida Afonso Pena com Rua Potengi. Projeto do arquiteto Aguinaldo Muniz, que também idealizou o cinema Nordeste, na Cidade Alta. Foto: Jaeci Emerenciano Galvão
Sabia
que Tércio Tinoco é o único político do RN a destinar recursos para
instituições ligadas a causa das pessoas com deficiência? Nos anos de
2021 e 2022 foram destinados R$ 660.000,00 para importantes entidades.
Nunca
na história de Natal um vereador fez isso, acredita? Entre as
beneficiadas estão: Hospital Varela Santiago, GAAC, Casa Durval Paiva,
APAE Natal, Neurinho, ADOTE, AMICO, SERES, SADEF RN, SUVAG, ASNAT,
ADEVIRN, APAARN, APARN, Heitor Carrilho, Instituto dos Cegos, Federação
das APAES, entre outras.
Isso sim é compromisso! Agora, Tércio
quer fazer muito mais em todo o RN. Com o seu apoio e voto, isso será
possível. Dia 02 de outubro vote
#PraCegoVer
post de Tércio Tinoco falando sobre destinação de recursos destinados a
instituições ligadas a causa das pessoas com deficiência. O post é
composto por uma foto de Tércio usando camisa polo azul e uma informação
de quanto foi destinado
A edificação está situada na Praça Lins Caldas. Construído em 1856 para abrigar o Hospital de Caridade, a partir de 17 de setembro de 1914 o prédio recebeu a instalação do Batalhão Policial Militar. Em novembro de 1935, o prédio foi palco de intenso combate durante a chamada Intentona Comunista. Desde 22 de agosto de 1956, funciona no local a Casa do Estudante.
Fonte: http://www.ipatrimonio.org/natal-casa-do-estudante/...… Ver mais
— em Casa do Estudante do Rio Grande do Norte - CERN OFICIAL/Natal.
Feira: Arte de Wagner Oliveira. Assu/RN.
domingo, 4 de setembro de 2022
O professor João Tibúrcio da Cunha Pinheiro
O
velho mestre do Atheneu, de voz mansa, infexível, cautelosa fez a
história da primeira vogal no latim, grego, galego, português, nas
línguas neo-latinoas
14/11/2020 09h43
3.379
Por: Adrovando Claro
Segundo o professor e folclorista Luís da Câmara Cascudo, o
professor “João Tibúrcio da Cunha Pinheiro” (1845-1927), ensinou Latim e
Português mais de 58 anos, na sua vida política foi liberal, chegou a
Deputado Provincial no biênio 1878-1879 sob a égide luzia de Cansanção
de Sinimbu, mas sem evidências exaltas. No Atheneu, desde 1868, mas já
ensinava antes. Seu jubileu em 1919, determinou um movimento emocional.
Verificara-se que aquele velho de cabelo meio rente na cabeça chata,
lento, gordo, bonachão, sereno, fora mestre de quase toda a gente
alfabetizada em Natal.
Aposentou-se em 1927, ano em que faleceu,
porque ensinar para ele era sinônimo de viver. Em 1928 mereceu um busto
de bronze na praça que leva o seu nome na cidade alta. Primeira
homenagem oficial e pública a um professor. Foi meu mestre de latim. Vez
por outra, aos domingos, vinha “passar o dia” em nossa chácara no
bairro Tirol. Podia perguntar e ouvi-lo dissertar sem livro, de memória,
claro e natural como água no monte. Onde fora estudar? Era autoridade
tradicional e decisiva. Ninguém dessa época consultava-no como a um
oráculo tranquilo e sem pitonisa intermediária. Devo-lhe, entre outras
lições, advertir-me contra o latim hipotético dos filólogos e as
locuções imaginadas nas explicações magistrais.
O velho
mestre do Atheneu, de voz mansa, infexível, cautelosa fez a história da
primeira vogal no latim, grego, galego, português, nas línguas
neo-latinoas. Na sua casinha na Praça das Laranjeiras, a última antes da
descida para o Passo da Pátria, em espreguiçadeira de lona, junto à
primeira janela, lia sozinho, em voz alta, os clássicos latinos nas
tarde infindáveis do verão tropical. Ia visita-lo, levando charutos
baratos (os bons tocava-os pelos pacaias), ouvir-lhe a entonação
meticulosa e sonora do latim imperial. “Tibulo está me fazendo
companhia”, dizia-me, triste e feliz.
Carlos Frederico de O. L. da Câmara - Fonte: ONTEM – memórias –Luís da Câmara Cascudo – EDUFRN – Editora da UFRN.
Eu agora saio a procurar onde de novo achar todos os meu soluços,
Todos os meus gritos, todas as minhas tempestade.
Caldas, poeta do Assu
sábado, 3 de setembro de 2022
Não chore à beira do meu
túmulo, eu não estou lá. Estou no soprar dos ventos, nas tempestades de
verão e nos chuviscos suaves da primavera. Não chore à beira do meu
túmulo, eu não estou lá. Estou no brilho das estrelas e no cantar alegre
dos pássaros. Não chore à beira do meu túmulo, eu não estou lá, eu não
morri.
Em 24 de novembro de 1941, poucos dias antes do ataque japonês à base
de Pearl Harbor, no Havaí, razão da entrada dos Estados Unidos na
Segunda Guerra Mundial, a revista norte-americana Time publicou
uma interessante matéria que apresentava os negócios da empresa de
aviação Pan American Airways, conhecida como Pan Am, no Brasil. Nessa
época a empresa construía doze bases aéreas em nosso país, sendo a
principal Parnamirim Field.
Mesmo com os Estados Unidos ainda não estando oficialmente em guerra
contra os países do Eixo, nesse texto é possível perceber que para esses
jornalistas a participação dos na Guerra já era o assunto do dia. Vemos
também a visão dos americanos em relação às relações do Brasil com os
Estados Unidos e detalhes ligados à construção da grande base de
Parnamirim, inclusive os problemas. Narra também os acontecimentos em
Parnamirim Field, inclusive pretensos casos de sabotagem, situação que
também foi comentada pelo escritor potiguar Lenine Pinto em seu livro Natal, USA (1995).
No final do texto fica evidente um recado transmitido pela revista Time
para pressionar as autoridades brasileiras a realizarem a paralisação
das atividades das empresas aéreas LATI (italiana) e Condor (brasileira,
mas de controle alemão).
Esse texto da revista Time é um retrato de um momento
delicado em nossa história. Um momento que se situa poucos dias antes da
entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra. E apenas quatro dias após
o ataque japonês a Pearl Harbor, chegaram em Natal seis hidroaviões
PBY-5 Catalina da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), do esquadrão
VP-52, mostrando o início do total engajamento dos militares
norte-americanos em Natal.
NEGÓCIO: PAN AM NO BRASIL
Revista Time, Estados Unidos, págs. 89 a 92, Segunda-feira, 24 de novembro de 1941, Volume XXXVIII, Número 21.
A vulnerável ponta oriental do Brasil, que se destaca como um
polegar dolorido em todos os mapas da grande estratégia dos Estados
Unidos, é para uma corporação americana já uma frente de combate ativa. A
corporação: Pan American Airways.
Nessa região as linhas da Pan Am seguem paralelas às companhias
aéreas do Eixo; e lá, por ordem do governo dos Estados Unidos, a Pan Am
estava ocupada na semana passada melhorando ou construindo doze bases
aéreas.
As dificuldades no caminho da Pan Am são tão reais quanto a
guerra e não muito diferentes dela. Os homens da Pan Am confrontam
agentes, espiões e empresários do Eixo todos os dias. Um relatório de
progresso sobre a nova rede de aeroportos, que chegou a Manhattan na
semana passada, foi lido como um comunicado de guerra.
As doze bases estão no Amapá, Belém, São Luiz, Camocim (Ceará),
Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e na Bahia. Sete são aeroportos para
aviões e cinco locais para serem utilizados por hidroaviões (A Pan Am
ainda está negociando outro aeroporto na Bahia.) Em cada projeto
trabalham de 500 a 800 homens.
Para um programa de construção deste porte, que requer 6.000.000
barris de emulsão asfáltica apenas para as pistas, a Pan Am (uma empresa
de transporte) não estava inicialmente equipada. Formou uma subsidiária
chamada Airport Development Program (ADP), contratou a Haller
Engineering Associates como consultora em estabilização de solos e
conseguiu que a Bitumuls of Brazil, Inc. construísse plantas para fazer e
misturar o material de revestimento.
Por deferência aos sentimentos brasileiros, não estão envolvidos
engenheiros do Exército dos Estados Unidos, mas todo o projeto foi
adiado no início por dúvidas brasileiras. Depois foi adiada pela própria
inexperiência da Pan Am, pela chegada tardia das máquinas, pelo excesso
de executivos (em Natal, por um tempo, eles superaram em número os
homens de macacão). Nenhum campo ainda está completo. Mas de agora em
diante mais atrasos serão causados pelo Eixo – como alguns já foram.
O ponto de partida para África, a Lisboa sul-americana, é Natal. Há Lodestars [1] para os britânicos, que decolam para Bathurst [2] a 1.850 milhas de distância (2.978 km). Lá, o Capetown Clipper da Pan Am [3] fez uma pausa na semana passada em um voo de teste de 18.290 milhas (29.434 km) de Manhattan a Leopoldville, no Congo Belga [4]
– um voo que em breve levará a um serviço comercial quinzenal regular.
Em Natal a Pan Am está construindo duas bases, uma para aviões
(Parnamirim), outra para hidroaviões (Rampa) [5].
Normalmente Natal é uma tranquila cidade de 56.165 habitantes, que agora está lotada e em alta. Seu hospital [6] é um dormitório para os construtores de aeroportos; seu hotel transborda de engenheiros [7],
pilotos que cruzam o Atlântico, motoristas de trator e espiões do Eixo.
Dois operadores de escavadeiras dos Estados Unidos alugaram quartos em
um bordel de alta classe, embora não gostem da comida. Eventualmente, a
Pan Am espera construir um hotel perto de seu campo, a onze esburacadas
milhas da cidade (17 km).
Para a base de aviões de Natal a Pan Am está construindo duas
pistas, cada uma com um quilômetro e meio de comprimento; uma estação de
rádio; tanques de gás subterrâneos; um armazém, galpões de carga, etc.
Junto a este campo, e provavelmente mais tarde incluído nele, está outro
construído pela Air France para a sua linha aérea entre Paris e Buenos
Aires. Nesse local aviões Savoia-Marchettis da linha italiana LATI ainda
decolaram esta semana para Roma [8].
Um francês corpulento chamado Reynaud, responsável por este
campo, gosta de lembrar como os grandes hidroaviões da Air France
costumavam passar todos os dias com presentes para ele, legumes frescos
da Argentina, vinho e frutas de Dakar [9].
Desde que a França caiu, ele nem recebeu seu salário. (O chefe da Pan
Am em Natal ocasionalmente lhe dá um conto de réis ou dois). Mas ele
ainda mantém uma lona bem espalhada sobre o único avião da França em
Natal, um velho Fokker; ele corta a grama na pista; e todas as noites,
pelo rádio, ele relata “condições climáticas” para Dakar.
A uma hora de Natal sobre o Atlântico, um piloto norte-americano
do primeiro grupo que transportava aviões para os britânicos em Bathurst
notou que um cilindro estava “ausente”. Ele conseguiu retornar a Natal e
pousar, embora o farol e as luzes da pista estivessem apagados, o campo
deserto. Os mecânicos descobriram uma vela de ignição muito solta,
vários fios de ignição ondulados. Desde então, as luzes do aeroporto
brilham a noite toda e os pilotos ficam duas horas vigiando seus aviões.
Uma noite, um estranho misterioso apareceu em um armazém que
guardava gasolina da Pan Am. Enviando o vigia simplório para telefonar
para o gerente, o estranho colocou perto de algumas latas de querosene
uma bomba incendiária, do tipo caneta-tinteiro da Primeira Guerra
Mundial, e depois desapareceu. O vigia descobriu o fogo, que gerou um
pequeno dano. A gasolina era necessária para as Lodestars, que em breve
partiriam para a África [10].
Em Recife, no extremo leste do Brasil, a ADP assumiu outro campo
da Air France, ladeado por uma estação de rádio da LATI extremamente
poderosa. Os aviões da LATI também usam este campo, quase roçando as
cabeças dos trabalhadores da ADP quando decolam e aterrissam.
Para ampliar a pista de 800 para 1.550 metros, a ADP está movendo
com mão-de-obra 120.000 metros cúbicos de solo, cortando e enchendo
pontos muitas vezes seis metros acima do nível normal.
O superintendente Fred Wohn teve problemas para obter caminhões
basculantes necessários, devido ao pequeno número existente. Um
empreiteiro alemão tinha alguns; quando Wohn tentou alugá-los para o
projeto ADP, ele recusou categoricamente. Wohn finalmente conseguiu seus
caminhões enviando um intermediário para alugá-los para um projeto
anônimo [11].
O solo do Recife é quase areia pura, deve ser aguado para evitar
que seja levado pelo vento. De uma pedreira próxima, a argila é
transportada, espalhada sobre a base de areia em uma camada de seis
polegadas. Sobre isso vão duas camadas de três polegadas de mistura de
estabilização do solo. O resultado equivale a um bom cimento, mas é
barato, rápido e resistente ao sol equatorial.
Recentemente quatro funcionários de primeira linha da Pan Am
foram forçados a retornar em um voo de pesquisa desde o Caribe até
Natal. Eles estavam pilotando um anfíbio Grumman que exigia permissões
especiais, e o Ministério da Aeronáutica do Brasil, que é um órgão
pesado e onde alguns funcionários são simpatizantes do nazismo, se
recusou a conceder a licença de voo.
Apesar de tais obstáculos, o trabalho da Pan Am avança. Há dois
anos a Pan Am operava 35% das companhias aéreas da América do Sul; agora
opera 63%. A espionagem e a sabotagem do Eixo vão diminuir quando LATI e
a Condor fizeram as malas e partirem, como outras linhas do Eixo na
América do Sul já fizeram [12].
Esta semana a LATI. pelo menos, parecia estar em suas últimas
pernas no Brasil. Quando a Pan Am iniciar o serviço South Atlantic
Clipper, não haverá mais motivos para o Brasil tolerar o LATI.
NOTAS
[1] O Lockheed L-18 Lodestar foi um avião bimotor de transporte, desenvolvido e construído pela empresa Lockheed Corporation.
[2] Bathurst, atualmente chamada Banjul, é a principal área urbana da
Gâmbia, uma antiga colônia britânica na África Ocidental. A Gâmbia se
tornou independente em 1965 e Banjul é o centro econômico e
administrativo desse país.
[3] O Capetown Clipper era a designação de um dos doze hidroaviões
quadrimotores Boeing 314 Clipper operados pela Pan Am, que utilizavam
Natal com frequência como ponto de parada e apoio. Eles desciam no Rio
Potengi e utilizavam a base da Pan Am em nossa cidade, local que
atualmente conhecemos como RAMPA.
[4] A cidade de Leopoldville é a atual Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, antigo Congo Belga.
[5] Segundo Lenine Pinto em seu livro Natal,USA, (págs. 58 e
59), o engenheiro Décio Brandão iniciou o levantamento topográfico na
área de Parnamirim em março de 1941. Também neste livro, segundo relato
do Sr. Rui Garcia Câmara, nesse mesmo mês também começou a ampliação do
que hoje é a Rampa, às margens do Rio Potengi. Anteriormente no local
havia uma pequena estação de passageiros da Pan Am.
[6] Atual Hospital Universitário Onofre Lopes, no bairro de Petrópolis.
[7] Nesse caso era o Grande Hotel, comandado por Teodorico Bezerra, no bairro da Ribeira.
[8] Os aviões Savoia-Marchetti utilizados pela empresa italiana LATI –
Linea Aerea Transcontinentali Italiana eram trimotores S-79, que
ligavam o Rio de Janeiro a Roma. Semanalmente em Natal esses aviões,
suas tripulações e passageiros pernoitavam em um local de descanso
próximo a pista de pouso de Parnamirim e realizavam a travessia do
Atlântico Sul pela manhã cedo. A empresa italiana operou até o momento
que o engajamento brasileiro foi se tornando mais forte com os
americanos e teve sua licença cassada.
[9] Dakar, ou Dacar, é a capital do Senegal e antiga capital da área
colonial da África Ocidental Francesa, possui como Natal uma posição
geográfica privilegiada e estratégica, sendo por muitos anos o principal
ponto de contato das antigas aeronaves que partiam da capital potiguar
em direção a África.
[10] Lenine Pinto em Natal,USA (pág. 155) ele comenta sobre
esse caso, mas que ele teria ocorrido em agosto de 1941, no depósito da
empresa Esso, próximo da Base Naval de Natal e esse autor tinha extremas
restrições sobre as informações referentes a esse atentado.
[11] Segundo sua ficha de imigração, Fred Wohn era na verdade o
engenheiro civil Frederick Louis Wohn, de 38 anos, que chegou ao Brasil
no final de julho de 1941.
[12] A Condor era o Sindicato Condor, ou Syndicato Condor, uma
subsidiária da empresa aérea alemã Lufthansa no Brasil. Foi uma das mais
antigas companhias de aviação do mundo, criada em dezembro de 1927.
Essa fotografia é de Vicente Maria da Costa Avelino, pai do Jornalista Pedro Avelino, avô do senador Georgino Avelino. Foi tirada em 1870 e dedicada ao Barão de Assú, Luiz Gonzada de Brito Guerra.