sexta-feira, 25 de maio de 2012
Hoje vi-te naquela amurada de prata
eras céu de Janeiro
já lá vai tanto tempo que fomos mar e céu
estavas linda como aquela manhã de Outono
o teu andar voava elegante
como se não tivesse chão
era poesia nos teus cabelos
que de vento eram feitos
os sonhos não cabiam em nós
nem neste mundo
amei-te sem saberes
que a lua também chora à noite
José Guerra (2012)
Prefeitura do Assú muda realidade de escola em Bela Vista Piató
Mais uma escola reformada, reestruturada e ampliada acaba de ser inaugurada pela prefeitura do Assú. O benefício foi entregue nesta quinta-feira,24, a comunidade de Bela Vista Piató.
A Escola Municipal Senador Georgino Avelino recebeu um investimento de R$ 75.093,09 referente as obras de ampliação da cozinha, reparo nas instalações elétrica e hidráulica, piso em cerâmica e pintura, proporcionando à escola uma nova realidade num ambiente com melhores condições para o ensino e aprendizagem.
As novas instalações da escola municipal Senador Georgino Avelino traz ainda uma Sala de Informática instalada através do Programa Nacional de Informática na Educação, o PROINFO, do Governo Federal, oportunizando aos 120 alunos atendidos pela unidade desenvolverem melhor seus trabalhos e atividade escolares.
Enviado por AD Comunicações
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Tá monótono? Vá pra Caraúbas
Terra de cabra-macho
Dois matutos “adversários”,
o Coroné e o Zé das Cuia, se
encontram na única barbearia
de Caraúbas. Lá sentados, lado a
lado, não trocam uma só palavra.
Os barbeiros temiam iniciar
qualquer conversa, pois poderia
descambar para discussão, e o
Coroné tinha fama de brabo e
só andava armado. Terminam
a barba de seus clientes, mais
ou menos ao mesmo tempo.
O barbeiro que atendeu o Coroné
estendeu o braço para pegar a
loção pós-barba e oferece, no que
foi interrompido rapidamente por
seu cliente que disse:
- Não, obrigado. A minha esposa
vai sentir o cheiro e pensar que eu
estive num puteiro.
O outro barbeiro virou-se para o
Zé das Cuia: - E o senhor?
- Oxente, popassá! A minha muié
num sabe mermo como é cheiro
de puteiro... Nunca trabaiô pur lá...
Dizem que a barbearia está
fechada até hoje, para reforma.
Postado por Fernando Caldas
Prefeitura do Assú entrega reforma e ampliação de escola de Bela Vista Piató
A comunidade escolar de Bela Vista Piató, zona rural do município do Assú, recebe mais um benefício da gestão municipal com o trabalho de reforma, ampliação e reestruturação da Escola Municipal Senador Georgino Avelino.
O trabalho executado com recursos próprios do município no valor de R$ 75.093,09 beneficiou a escola com obras de ampliação da cozinha, reparo nas instalações elétrica e hidráulica, piso em cerâmica e pintura, proporcionando à escola um ambiente com melhores condições para aprendizado e ensino.
Os 120 alunos atendidos pela unidade escolar também serão beneficiados com uma Sala de Informática para desenvolverem seus trabalhos e atividades, instalada através do Programa Nacional de Informática na Educação, o PROINFO, do Governo Federal.
A Prefeitura do Assú entrega a Escola Municipal Senador Georgino Avelino com suas novas instalações à comunidade de Bela Vista Piató, nesta quinta-feira, dia 24 de maio, às 9h.
(Artigo enviado por AD Comunicações)
(Artigo enviado por AD Comunicações)
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Nordeste já tem mais da metade dos municípios da região em situação de emergência pela seca
Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió
O número de municípios que decretaram situação de emergência por conta da seca que castiga o Nordeste continua crescendo. Com os novos decretos publicados esta semana, a região passou a ter mais da metade das cidades nos nove Estados reconhecidamente atingidas pela estiagem prolongada.
Segundo levantamento realizado pelo UOL com as defesas civis estaduais, até a terça-feira (22), 907 dos 1.794 municípios nordestinos já tinham confirmado o estado de emergência, o que representa 50,5% do total de cidades. O número ainda pode crescer, já que alguns Estados ainda estão recebendo decretos das prefeituras.
UOL visita cidades afetadas pela estiagem
Foto 1 de 83 - A seca atinge grande parte do Nordeste. Segundo dados das defesas civis estaduais, mais de 750 municípios já decretaram situação de emergência e mais de 4 milhões de pessoas foram afetadas na região. Às margens da AL-220, o rio Traipu está completamente seco. Ele é uma das fontes de abastecimento da cidade alagoana de Jaramataia Mais Beto Macário/UOL
Somente nos últimos dias, Maranhão decretou emergência em 11 municípios –até então, o Estado era o único que não havia manifestado publicamente problemas com a seca. Na última segunda-feira (21), a Federação dos Municípios do Estado do Maranhão se reuniu para discutir pela primeira vez a questão. Segundo as prefeituras atingidas, já há registro de perda da safra. Em algumas localidades, choveu apenas metade do esperado para o primeiro quadrimestre do ano, o que destruiu culturas como mandioca e feijão.
Municípios em emergência
Bahia | 242 |
Paraíba | 170 |
Rio Grande do Norte | 139 |
Piauí | 122 |
Pernambuco | 100 |
Ceará | 69 |
Alagoas | 36 |
Sergipe | 18 |
Maranhão | 11 |
Na Bahia, o número de decretos de situação de emergência chegou a 242 na última segunda-feira (21). Segundo a Defesa Civil Estadual, ainda há municípios do semiárido que não encaminharam documentação, mas já estão com decretos em fase de finalização. Esta semana, o governo iniciou a distribuição de arroz e feijão doado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a região de Irecê foram encaminhadas 1.800 toneladas de feijão e 900 toneladas de arroz. Segundo a Conab, serão distribuídos até 12 caminhões (de 10 toneladas cada um) por dia.
Dos 170 municípios que decretaram emergência na Paraíba, 91 já estão sendo atendidos pela operação Pipa, do Exército. O governo do Estado promete que ainda este mês vai aumentar o número de veículos contratados. A maior preocupação agora é que os municípios entreguem a documentação necessária. Segundo o governo, 80 cidades ainda estão com pendências, o que impede o início de ações emergenciais, como o pagamento do programa Garantia Safra e do Bolsa Estiagem, ambos do governo federal.
No Rio Grande do Norte, 139 municípios estão com a situação de emergência reconhecida pelo Estado, que iniciou as obras para construir 2.800 cisternas. Ao todo, 18 mil estão previstas. O governo também anunciou que o próximo passo será a restauração de cerca de 800 poços já perfurados, mas que não estão em funcionamento. Já aos 40 municípios que possuem poços de água salgada, o Estado vai distribuir dessalinizadores, por meio do programa Água Doce.
Em Pernambuco, a Coordenadoria de Defesa Civil contabiliza cem municípios em situação de emergência no agreste e no sertão do Estado. O governo anunciou medidas de apoio ao sertanejo, como o aumento no preço da compra do leite de R$ 0,76 para R$ 1,00 além da ampliação na oferta de carros-pipa e linhas de crédito para o pequeno agricultor. Segundo levantamento do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), mais de 90% das plantações de feijão e milho foram perdidas pela falta de chuva.
Boletim da Defesa Civil do Ceará divulgado na última segunda-feira mostra que são 69 municípios com decretos homologados por conta da seca. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia, choveu em maio apenas 15% do que era esperado. Na sexta-feira (18), o governo do Estado anunciou que vai construir 1.500 cisternas para ajudar no armazenamento da água.
Leia mais
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- Operações flagram fazendas e fábricas desviando água durante estiagem no Nordeste
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- Veja relatos no diário de bordo
Em Alagoas, o número de municípios em emergência chegou a 36. O governo do Estado anunciou, em reunião na segunda-feira (21) com os prefeitos das cidades atingidas, que a verba estadual de combate à seca será destinada à compra de alimentos e contratação de carros-pipa. A estimativa é que 400 mil pessoas estejam sofrendo com a estiagem. Segundo levantamento dos municípios são necessárias 1.041 viagens de carros-pipas por dia para suprir a demanda.
Nos 18 municípios em emergência em Sergipe, 104 mil pessoas estão diretamente afetadas pela estiagem. Segundo a Defesa Civil Estadual, 126 carros-pipa estão sendo distribuídos por dia para amenizar o desabastecimento das comunidades rurais.
No Piauí, 122 municípios tiveram decreto de situação emergência homologado pelo Estado. A Secretaria Estadual da Defesa Civil informou que vai contratar carros-pipa para os municípios mais afetados, garantindo o abastecimento de água. Na primeira etapa, serão contratados 300 caminhões|. O programa do governo também oferece cesta básica às famílias atingidas e ração para os animais.
Estiagem prolongada
Segundo moradores ouvidos pelo UOL durante visita às cidades mais afetadas da região, a seca deste ano seria uma das maiores da história. Contudo, segundo o meteorologista e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Humberto Barbosa, a mensuração exata do tamanho da seca não é possível de ser realizada, já que há uma série de fatores e dados que têm de ser levados em conta. Além disso, a estiagem registrada este ano ainda não teve seu ciclo encerrado. Contudo, governos estaduais citam que é a pior estiagem em ao menos 30 anos.
Um documento enviado nesta terça-feira (22) aos governadores e à presidente Dilma Rousseff, elaborado pela ASA (Associação do Semiárido) --que reúne cerca de 750 entidades do sertão nordestino--, diz que o momento enfrentado pelo Nordeste é “extremamente grave” e que a estiagem deverá se prolongar até 2013.
“Desde o ano passado não chove o suficiente para acumular água nas cisternas para consumo da família e para a produção. O quadro atual é grave! Há que se priorizar o socorro imediato às famílias que estão sem água, mas há a mesma urgência em investir em ações estruturantes para que essas famílias possam enfrentar os períodos de longa estiagem, cíclicos e previsíveis, sem passar fome ou sede”, alega a ASA, cobrando ações de convivência do sertanejo com a estiagem e políticas públicas que minimizem os tradicionais ganhos da “indústria da seca”.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Por Walflan de Queiroz [1930-1995], poeta potiguar.
O que é romântico não pode desaparecer da vida nem da morte.
Infelizmente da minha janela, não vejo senão um céu opaco e indiferente.
Não adianta desejar.
Violetas não resolvem meu problema.
Tudo passa e o vento de Abril leva meus melhores pensamentos.
Que náusea a vida!
Fico desgraçadamente só.
Nenhuma relação me leva ao tempo de menino.
O URUBU E COLIBRI
Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)
OBS: Qualquer semelhança com a realidade política, jurídica e
parlamentar brasileira, não é mera coincidência.
Conta a fábula que o
colibri morria de inveja do urubu. Acostumado a voar em baixas altitudes, via o
urubu ganhar o espaço em longo bater de asas, desafiar grandes distâncias,
planar sereno sobre montes, montanhas, conviver na companhia de brancas nuvens.
“Como é majestoso o vôo do urubu”, pensava, diante da insignificância do
contexto em que vivia. Parado, ficava a imaginar a beleza dos cenários, a
diversidade geográfica, a imensidão dos espaços observados do alto. Olhava para
si e se via pequeno, frágil, impotente pela diminuta estrutura corporal que
carregava. “Como alcançar grandes altitudes, conhecer novos horizontes, almejar
ter uma visão larga do mundo sendo tão pequeno?”, se indagava. Perguntas,
perguntas e mais perguntas. E quase nenhuma resposta para apascentar a sua
angústia interior. De fato, de concreto mesmo, só a tristeza pela distância que
o separava do urubu.
Acalentava um grande desejo de, um dia, conhecer de perto tão fascinante
personagem. “Ah, pensava, quantas histórias bonitas o urubu terá para me
contar, quantas pessoas interessantes ele deverá ter conhecido como fruto de
suas exuberantes expedições aéreas”. Enquanto cuidava da casa, do seu
exasperante dia-a-dia, o colibri remoia uma vontade enorme de travar
conhecimento com o urubu, de vê-lo de perto diante dos olhos. Mexe daqui,
indaga dali, tenta dacolá, terminou conseguindo marcar uma audiência com o
importante viajor dos altos ares. O urubu recebeu-o entediado. “O que quererá
comigo ave tão insignificante? Porventura pensa que posso ficar aqui perdendo
tempo com as bobagens que, com certeza, me trará? Esse povo miúdo abusa da
nossa educação, da nossa boa vontade. Afinal, receber colibri para tratar de
quê? Colibri, bahhhh!”
Indiferente ao clima abusado que iria encontrar, o colibri antegozava a
grande conquista. E se preparava para o dia do grande encontro. Que durou
poucos minutos. Após manifestar a sua admiração por tão grande deferência, o
colibri não deu nem tempo ao urubu de raciocinar. Sapecou-lhe um convite para
almoçar em sua casa. Sem ter outra resposta em mente, o urubu aceitou.
Agendaram o futuro compromisso para dali a quinze dias. O urubu bateu suas
grandes asas e se foi. O colibri ficou embasbacado. Deu-se umas beliscadas para
ter certeza de que não estivera sonhando e voltou para casa – saltitante.
Passada a euforia inicial, uma coisa lhe chamou a atenção: o mau cheiro que
exalava do urubu. “Seria dele próprio ou fruto de uma coincidência? Ah, certamente
algum animal morto por perto fizera aquela descortesia”. Pediria desculpas ao
visitante no dia do almoço – conformou-se.
O preparo da refeição lhe deixou afogueado. Pesquisou as mais finas
iguarias, os repastos mais saborosos. Com rigor planejou sua agenda para que
nada atrapalhasse tão esperado momento. Mas malditas das malditas desgraças!!!!
Ao acordar naquele dia encontrou o corpo de um burro morto, putrefato, em
frente à sua casa. O fedor era insuportável, nauseabundo. Tentou de todas as
maneiras resolver a questão. Chamou o serviço municipal de limpeza, ensaiou um
mutirão com outros habitantes do bairro. Não houve jeito. A hora se aproximava
e o cadáver do burro permanecia lá, inamovível, impregnando a região com um
odor terrível. O urubu chegou e – interessante – nem reclamou do forte mau
cheiro, enquanto o colibri se desculpava e se esmerava nos salamaleques. Para
piorar a situação, nada agradava ao ilustre convidado. O urubu rejeitava as
iguarias e os manjares postos à sua frente.
Aflito, o colibri pediu licença ao urubu e internou-se na cozinha
para tentar um novo prato. Perdeu tempo na nova empreitada. Quando deu por si
imperava na casa um grande silêncio. “Onde estará o visitante?”, afligiu-se
mais ainda. Procura, procura e nada. “Vergonha, vexame! Com certeza ele foi
embora”. O colibri não se perdoava a afronta feita ao urubu – e lastimava a
amizade perdida. Desalentado, deu uma chegadinha no terraço da casa. Qual não
foi sua surpresa ao flagrar o urubu inclinado sobre o burro morto, refestelando-se
com a carniça fedorenta, engolindo, com sofreguidão, nacos e mais nacos do
corpo do finado animal. Estupefato – e impotente – o colibri a tudo assistia.
Terminada a refeição o urubu bateu suas longas asas e alçou vôo. Do colibri nem
se despediu. Como herança deixou apenas uma forte fedentina no ar. E foi curtir
a podre refeição na imensidão azul celeste.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
No tempo da minha infância (Ismael Gaião)
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.
(Se gostou, compartilhe)
Postado por Fernando Caldas
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.
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Postado por Fernando Caldas
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