sábado, 29 de junho de 2013

Que a gente
não permita que
as batalhas da vida
nos roubem a
delicadeza do olhar.

*Sirlei L. Passolongo
Recordar Florbela Espanca 


















Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fatuo, uma miragem…
Sou um reflexo… um canto de paisagem
Ou apenas cenario! Um vaivem

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!…

Sou um verme que um dia quis ser astro…
Uma estatua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor…

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador…

Florbela Espanca ,in "Charneca em Flor"
Imagem: Azher Aliraqi
inguém consegue entender o poder que tem
o encontro de duas ausências no mesmo abraço.
É afeto por todo lado.

Cristina Costa
✿⊱╮♡ ✿⊱╮ღ ♥ ღ ✿⊱╮♡ ✿⊱╮


Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fatuo, uma miragem…
Sou um reflexo… um canto de paisagem
Ou apenas cenario! Um vaivem

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!…

Sou um verme que um dia quis ser astro…
Uma estatua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor…

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador…

Florbela Espanca ,in "Charneca em Flor"
Imagem: Azher Aliraqi



sexta-feira, 28 de junho de 2013

Não há escolas. Há o talento.

João Lins Caldas


UM SAMBA-CANÇÃO PARA PIRANGI 

José Victoriano de Medeiros

No ano de 1913, em Natal, na 3ª. Companhia Isolada de Caçadores (à época, o único estabelecimento militar do Exército Nacional, no Estado), foi colega de farda de Othoniel Menezes, ambos na graduação de terceiros-sargentos. Dois ou três anos mais velho do que o poeta, vem dessa época a longa e profunda amizade entre os dois companheiros. Mais tarde, na perseguição à Coluna Prestes, no Piauí, encontrar-se- iam novamente: Vitoriano, capitão da Polícia Militar; Othoniel, como segundo-sargento do Exército. No início da década de 1930, Vitoriano, no posto de major, comandou a Polícia Militar do Estado. O oficial – que se reformou como coronel – era homem de leituras, conhecendo bons autores e, também, poeta e músico. É o autor da Marcha Oficial da PM Potiguar (letra e música). (NOTA de Laélio Ferreira, in OTHONIEL MENEZES - Obra Reunida)

Do Mural/Facebook de Laélio Ferreira.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

ENSAIO FOTOGRÁFICO

“Minha cartilha tem um A de que cor?”

Cássia Eller cantou, enquanto que, na terra da poesia, os sobrados expõem os As dos enamorados e pelas ruas deixam em portas e janelas a expressão da alma, na fotografia de um tempo… Tempo que a pintura ainda tem riscado ou borrado por épocas e séculos em nossos casarões, num desenho histórico, perpetuando entre isto ou aquilo, do passar e do ficar, de quem ver na moldura, o retrato.
















Foto: Fábio Luiz
Texto: Paulo Sérgio

Cenário: Casarões do Assu 
 

HISTÓRIA

OS REIS DOS ÍNDIOS JANDUÍS
Os cronistas do período holandês no Brasil se admiraram com a longevidade dos tarairiús, principalmente a do Rei Janduí que, conforme escreveram, “gozava do conceito de contar 160 anos (...) capaz de conduzir um tronco de carnaúba aos ombros, em plena carreira”.
Janduí ou Nhandu-i, na língua tupi, quer dizer “pequena ema” ou “o que corre muito”. Janduí foi líder do grupo étnico / cultural Tarairiú; foi o rei dos tapuias quando sua principal aldeia ficava nas imediações da cidade do Assú.
Janduí foi sucedido por seu filho Canindé que liderou os tapuias nas últimas décadas do século 17; rompeu com os portugueses e iniciou um conflito com suas tribos saqueando os colonos, matando o gado e incendiando as fazendas no Vale do Assú/Piranhas, que resultou na vinda de sucessivos Terços Paulistas para combatê-lo.
O Rei Canindé comandava 22 aldeias entre o Rio Grande e Pernambuco, com cerca de 15.000 habitantes. 5.000 deles eram guerreiros hábeis, “experientes em armas de fogo”.
Canindé, para os portugueses, era o terrível e feroz adversário, sendo que eles, os portugueses, é que eram os invasores. Para o seu povo, Canindé era o herói que tentava manter o seu território, seus rios e suas caças. E, 1690 ele foi preso no sertão Acauã, juntamente com outros 9 “maiorais”, por Cristovão de Mendonça, sargento-mor das tropas de Domingos Jorge Velho.
Em 1692, foi firmado um "Acordo de Paz" entre Canindé, o rei dos Tapuias e D. Pedro II, rei de Portugal. Nesse mesmo ano, Canindé e parte do seu povo, já reduzidíssimo, receberam “suas terras”, no rio Jundiá-Pereba ou Jundiá-Perereba. Atualmente esse lugar se chama Jundiá de Cima, no município de Várzea no Rio Grande do Norte. 
Em 1695, morreu Canindé, de febre-amarela. O então capitão-mor do Rio Grande, Bernardo Vieira, que havia aldeado os Janduís, noticiou ao rei de Portugal: “(...) Depois que dei conta a Vossa Majestade (...) assituado o gentio Canindé, sucedeu (...) o achaque de maleitas, do qual morreram sete crianças, e juntamente o seu principal Canindé...”
Portanto, caros leitores, este foi um breve relato sobre estes dois líderes indígenas que habitaram a nossa região. 
Esta narrativa baseada em trechos do livro Um Rio Grande e Macau – Cronologia da História Geral do historiador Getúlio Moura. Por sinal, quero parabenizar o Getúlio Moura pela bela obra.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Quem não ama a Pátria desama tudo.

Caldas, poeta potiguar

De JK


Imagem da linha do tempo/Facebook de Laélio Ferreira

Ou com ela ou comigo

Virgílio Caldas era negociante de carne de gado no lugar então denominado Sacramento, atual e próspero município de Ipanguaçu (RN). Pois bem, Virgílio era mulherengo, gostava de jogar cartas (baralho) e de tomar "umas e outras". Ele teve uma relação amorosa com certa moça daquela lugar e não quis continuar com o relacionamento, não deu muita importância. O pai daquela jovem procurou o Major Montenegro para resolver a questão, obrigar Virgílio a se casar com sua filha. O Major em Ipanguaçu além de grande fazendeiro era o chefe político, o padre, o juiz de direito, o juiz de paz, ouvido e procurado para resolver qualquer problema que por ventura existisse naquela localidade. Major Montenegro (ele foi o primeiro prefeito de Santana do Matos (RN) e deputado provincial) mandou alguém de sua confiança convidar Virgílio a comparecer até à sua casa. De pronto, Virgílio atendeu o seu chamamento. Ao chegar, o Major foi direto ao assunto: "Virgílio, prepare-se para se casar!"  Virgílio Caldas calado estava, calado ficou. O Major não gostando do silêncio de Virgílio, o advertiu novamente:  "Como é rapaz, resolva logo! Ou você se casa com ela ou comigo!"  Virgílio destemido que era, respondeu: "Major. Pra se casar com macho tem que pensar duas vezes!"

Fernando Caldas


Zelito Coringa

  • "Natural do Vale do Assú, da cidade de Carnaubais, estado do Rio Grande do Norte. É poeta, cantor, compositor e multi-instrumentista, e utiliza a tradição oral dos cordéis e seus personagens, histórias e autores para produzir sua música com pedais, violões, viola e rabeca , além de instrumentos que ele mesmo criou. Criando uma textura única e contemporânea do nordeste e sua beleza, contrastado pela seca, nossa realidade política. Zelito Coringa segue divulgando a nossa região pelos quatros cantos do Brasil. O mais cigano dos artistas potiguares, abridor de cancelas, e fazedor de belas canções."

terça-feira, 25 de junho de 2013

POESIA

SÃO JOÃO DO ASSU
Matriz de São João / Ornamentação festejos juninos (fotógrafo: Roberto Meira)
          I
Assu Terra da Poesia,
Dos verdes Carnaubais, 
Dos Janduís, ancestrais... 
Pátria da boemia, 
Berço da harmonia, 
Lar de um povo cristão, 
Seja assuense ou não, 
Senta no mesmo terreiro 
Neste Assu hospitaleiro, 
De Lindalva e São João. 
          
           II
Assu dos festejos juninos 
Religiosos e profanos 
Que Reúne todos os anos 
Turistas e peregrinos... 
Homens, mulheres, meninos,
Desta imensa nação, 
A cada um, com fé e oração, 
Acolhemos como romeiro... 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          III
Nesta festa tradicional 
De quase trezentos anos 
Nela sempre buscamos 
Seguir o seu ritual... 
E de forma fenomenal, 
Mantemos fogueira, balão, 
Dançamos forró, xote, baião, 
Quadrilha de beradeiro... 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 
          
          IV
Ao longo da nossa história 
A fé está acima de tudo, 
A devoção roda o mundo 
Nos rituais de oratória... 
E puxando pela memória, 
Rebuscando a tradição 
Registramos com emoção 
As promessas ao Padroeiro... 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          V
No largo da nossa Matriz 
A população festeira 
Agita a brincadeira, 
Vez por outra sobe o nariz... 
Num gesto puro... Feliz, 
Pra vê subindo o balão 
E o pipocar do rojão. 
Viva! - Grita o pipoqueiro... 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          VI
Destacando os paroquianos 
Donatila é nosso exemplo 
Cuida de tudo no Templo 
Evitando quaisquer danos... 
Lembra bem os lusitanos 
Seguindo sua devoção 
Concentrada em oração 
Durante o ano inteiro, 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          VII
Padre Canindé com sabedoria 
Celebra o novenário 
E como bom missionário 
Faz ecoar sua homilia... 
Momento que a família, 
Seja assuense ou não, 
Escuta com atenção 
A palavra do mensageiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          VIII
Padre Flávio aqui chegou 
Pra sacolejar nossa fé 
Bem cedo já tá de pé 
E a benção nunca negou... 
A noveninha implantou 
Incentivando a devoção 
E as crianças em ação 
Rezam ao Santo Padroeiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          IX
Das tradições habituais 
Mantidas como folguedo, 
O pau-de-sebo é o brinquedo 
Que conserva seus rituais... 
Anima as tardes culturais 
Da grande programação, 
A Princesa, por tradição, 
Monta o pau sempre altaneiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          X
Sanfoneiros, violeiros, 
Dançarinas, cantadores, 
Artesãos, animadores, 
Poetas, Mamulengueiros... 
Coordenados por noiteiros 
Com o aval da população 
Rezam com fé e emoção 
Novena e missa ao Obreiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          XI
A tradicional fogueira 
É acesa nos dias Santos 
E em todos os recantos 
Tal qual a carnaubeira, 
É como a nossa bandeira: 
Está em cada coração, 
Agitando a emoção
Deste povo forrozeiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          XII
Pra selar responsabilidade 
Com a festa do próximo ano 
Chamamos ao povo sano 
De fé, devoção, lealdade...
- Vamos apagar com saudade 
Nossa fogueira de tradição... 
Mas, deixaremos um tição, 
Para alimentar o braseiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João. 

          XIII
Às equipes empenhadas
Nossos agradecimentos
Vocês são os instrumentos
Das ações tão propagadas...
Das noites tão animadas,
De paz e de comunhão,
Neste grande encontrão
De povo bom e ordeiro, 
Neste Assu hospitaleiro
De Lindalva e São João

          XIV
Obrigado, devotos senhores! 
Obrigado, devotas senhoras! 
Daqui um ano, nestas horas, 
Retornamos nossos louvores... 
Que nestas terras de valores, 
De coragem, fé e oblação, 
A paz reine no sertão 
Deste povo brasileiro 
Neste Assu hospitaleiro 
De Lindalva e São João.


Poema de Ivan Pinheiro recitado pelo autor & Iza Caldas no dia 24 de junho de 2013, durante o cerimonial de encerramento dos festejos de São João Batista do Assu - Patrimônio Cultural, Imaterial e Histórico do Rio Grande do Norte.
Por detrás da Alegria e do Riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas, por detrás do Sofrimento, há sempre Sofrimento. Ao contrário do prazer , a dor não tem máscara.

Oscar Wilde

Do Face de Ana  Paula Santos




Van Gurgel é poeta glosador assuense.

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...