POESIA:
Minha Terra tem poetas
De inspirações magistrais, (1)
Nascidos ao farfalhar
De Verdes carnaubais. (2)
Minha terra floresceu
Às margens do rio Assu, (3)
E deu filhos que lutaram
Nos campos de Curuzu. (4)
Autor: Rômulo C. Wanderley.
(1). A cidade do Assu sempre foi a cidade dos poetas. A poesia é um dom natural dos assuenses.
Estudando-se a
literatura potiguar, conclui-se que nenhuma outra cidade, com exceção de
Natal, tem sido berço de tantos poetas, seresteiros e boêmios. Eles
nascem com a vocação irresistível dos menestréis. Versejam com a
inteligência que Deus lhes dá, às vezes sem instrução e sem cultura
(...).
Os poetas
populares proliferam pelos quatro cantos da cidade. A glosa é o gênero
de composição mais apreciado. Os acontecimentos quotidianos são glosados
com graça e ironia. E, nas campanhas políticas, os contendores se
revezam no mote e na glosa, descendo, quase sempre, à ironia à Bocage e à
Gregório de Matos.
(2). Os
carnaubais são uma nota destacada na paisagem assuense. Constituem um
espetáculo maravilhoso para os olhos e para a sensibilidade poética e
musical. (...).
O eminente
polígrafo Luís da Câmara Cascudo, numa viagem que fez ao interior do
Estado e da qual se resultou uma série de crônicas intituladas "Viajando
o Sertão" (Imprensa Oficial, Natal, 1934) deslumbrou-se com os
carnaubais do Assu (...).
(3). A cidade
do Assú foi fundada à margem esquerda do rio Assu, que banha todo o
município, numa extensão de mais de 80 quilômetros. Esse rio nasce no
Estado da Paraíba, com o nome de Piranhas, penetra em território
norte-rio-grandense pelo município de Caicó, e avança para o Norte, até
desaguar no Atlântico, agora em território macauense.
Segundo Nestor
Lima (Rev. do IHGRGN, vol. XXV), "O rio Assu, ou Piranhas, que nasce em
Conceição do Piancó/PB, penetra no município de Caicó, desce em direção
sul norte, para começar a banhar o município do Assu no lugar Saquinho, e
marginando e confinando o território a leste, passa pelos seguintes
lugares:
Poço do Cavalo,
Bonito, Mutamba, Caiçarinha, Floresta, Várzea da Luíza, Bugio,
Marcação, Lagoa da Pedra, Riacho Fundo, Castelo, Quixeré, Cachorro,
Itans, Mocó, Poassá, Juazeiro-fechado, Farol, Casa Forte, Baviera,
Fura-boca, Santa Clara, Rio dos Cavalos, Poço da Ema, Santo Antônio,
Parelhas, Martins, Forquilha do Rio, Estevão, Comboeiro, Carão, Gerimu,
Poço-verde, Melancias, Tabatinga, Saco, Xambá, São João, Rosário,
Córrego, Curralinho, Oficinas, Garcia, Cobé, Logradouro, Imburanas e
Barra, onde entra no mar".
(4). Os
assuenses Ulisses e Perceval Caldas lutaram, heroicamente nos campos do
Paraguai e, destacadamente, nas batalhas de Curuzu e Humaitá.
Foram
autênticos "voluntários da pátria" Quando souberam da luta em que estava
empenhado o Brasil, apresentaram-se às autoridades, sendo que Ulisses,
que completava 18 anos, 10 meses e 12 dias de idade, marchou para a
guerra, apenas obtido o consentimento paterno. (...).
Fonte: Canção da Terra dos Carnaubais - Rômulo Chaves Wanderley.