segunda-feira, 19 de novembro de 2018
Primeiros 54 novos leitos chegam ao Walfredo Gurgel
Pacientes e acompanhantes aprovam troca das acomodações
Um dia para ficar na história do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). Dois caminhões contendo os primeiros 54 novos leitos (de um total de 239) adquiridos pela maior unidade de saúde pública do RN para atendimentos do trauma, chegaram nesta segunda-feira (19). Os equipamentos já começaram a ser montados e já estão em uso pelos pacientes internados nas enfermarias do segundo pavimento. A chegada das camas marca um novo período assistencial para o Walfredo Gurgel.
Segundo a diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, “agora poderemos ofertar maior conforto e segurança para os nossos pacientes. As camas antigas não tinham mais nenhuma condição de uso, estavam velhas e enferrujadas. Estas além de novas, são mais modernas e de melhor manuseio para as equipes de enfermagem”.
Durante esta semana, outros caminhões chegarão à unidade. Ao final, todos os 204 leitos (adultos e pediátricos) de enfermarias e os 35 de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) estarão trocados.
Leonardo Júnior é morador da cidade de Santa Cruz e sofreu um acidente de moto. Internado há 41 dias no HMWG ele foi o primeiro paciente a usar um dos novos leitos e de imediato aprovou a troca. “Essa cama nova é muito mais silenciosa, mais espaçosa e mais confortável. Estou adorando. É uma cama de ótima qualidade”, afirmou.
A jovem Eduarda Vitória é filha do paciente, Euzemar Barbosa, 49 anos, vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e que também já está fazendo uso do novo leito. “As camas antigas eram horríveis, muito enferrujadas. A gente está agradecendo muito, chegaram na hora certa. Agora será mais seguro para dar banho no meu pai, fico bem mais aliviada”, disse Eduarda.
O investimento na aquisição destes equipamentos era um desejo antigo da atual gestão que, infelizmente, esbarrava sempre na falta de recursos. Mas, no final do ano passado, graças a uma Emenda Parlamentar no valor de RS 2.000.000,00 disponibilizada pelo Deputado Federal, Fabio Faria, a concretização dessa vontade tornou-se viável. O recurso federal ainda permitiu a compra de novos monitores multiparâmetros com capinógrafos (oito), poltronas do papai (90), escadas hospitalares (180) e cardioversores (seis).
Confeccionadas em inox, as camas manuais possuem três manivelas, são totalmente articuláveis, permitindo elevação de dorso, altura e joelhos. As elétricas além de possuir as mesmas funcionalidades, são comandadas por motores blindados, bivolt, com unidades de baterias recarregáveis, acionados através de controle remoto com fio e com dispositivos de segurança. No mesmo lote, também foram compradas macas exclusivas para a transferência de pacientes entre setores de internação. Estas são equipadas com cabeceiras reguláveis e grades laterais removíveis em tubos de aço, suporte para soro, para-choque de borracha e freios.
Para outras informações: Assessoria de Imprensa 3232-7595
domingo, 18 de novembro de 2018
sábado, 17 de novembro de 2018
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
sonhar a realidade
Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.
Confúcio
Confúcio
Arte - Jose Echeverria
UMA POTIGUAR EXCLUÍDA DA HISTÓRIA: ROCAS-QUINTAS O TRISTE FIM DE JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
Por Itaércio Porpino
Natal, década de 60, em algum lugar entre os bairros das Rocas e Quintas. Garotos se divertem provocando uma senhora trôpega, suja e maltrapilha. Os meninos fazem coro: "Rocas-Quintas"! E ela, com o dedo em riste, revida: "Me respeitem, que eu tive vida importante"! A zombaria continua, e a mulher, que se tornou folclórica por fazer todo santo-dia, a pé, o mesmo itinerário da linha de ônibus Rocas-Quintas (daí o apelido), retoma as passadas ligeiras e nervosas, parando sempre para catar lixo e restos de coisas podres.
Caicó, final da década de 50. Júlia Augusta de Medeiros, uma das mulheres pioneiras no jornalismo e na educação no Rio Grande do Norte nos anos 20, feminista, mulher de idéias avançadas, com participação destacada na vida pública e política do RN, tendo sido uma das primeiras mulheres a votar no Estado e exercido dois mandatos como vereadora, começa a apresentar lapsos de memória e a perder a sanidade mental. O estado de saúde vai se agravando e ela, que desafiara a sociedade assumindo uma postura ousada, termina seus últimos anos deprimida em Natal, no mais completo ostracismo, perambulando pelas ruas feito mendiga.
Júlia Medeiros, educadora e jornalista que um dia teve lugar cativo nas rodas de intelectuais, gozando da amizade e apreço de gente como Câmara Cascudo e Palmira Wanderley, é a mesma Rocas-Quintas. Em um minucioso trabalho investigativo, o jornalista natalense Manoel Pereira da Rocha Neto, conseguiu unir os dois capítulos extremos dessa história e contá-la na íntegra pela primeira vez. "Júlia teve um passado obscuro, que ficou perdido, pois enquanto Rocas-Quintas ela falava quem tinha sido e ninguém acreditava. As pessoas a insultavam e a depreciavam", diz Manoel.
O objetivo de sua tese de doutorado no Departamento de Educação da UFRN, dentro da base de pesquisa Gênero e Práticas Culturais, era (e foi) falar das práticas pedagógicas de Júlia enquanto educadora, mas o jornalista acabou também mergulhando fundo na vida da personagem à medida que descobriu história tão rica e dramática.
Centro de Caicó/RN, década de 20 do século XX. Foto: Manoel Ezelino
O autor, além de conseguir conceito máximo com a tese, acabou quitando uma dívida com a memória de Júlia Medeiros. "Em cinco anos de pesquisa, não encontrei quase nada em livro, a não ser algumas poucas citações, e também uma monografia do curso de História, em Caicó, sobre Júlia, mas muito superficial. A casa em que ela morou em Caicó foi demolida e no lugar existe atualmente uma boutique. Já a casa em que ela viveu em Natal, na rua da Misericórdia, Cidade Alta, foi demolida para a construção de uma praça. Até o túmulo e seus restos mortais, no Cemitério Parque, em Caicó, foram violados e extraviados. Ela não tem direito sequer a ser lembrada como cidadã no Dia de Finados. Em sua cidade natal, deu nome a uma rua e a uma escola. Foi só", fala.
A história de Júlia Medeiros, do nascimento à morte (1896 a 1972), foi totalmente reconstituída pelo jornalista Manoel Pereira da Rocha Neto e contada com riqueza de detalhes em seu trabalho. A maior parte das informações ele coletou com pessoas que foram vizinhas de Júlia, em Caicó e em Natal, e com os ex-alunos dela. "Foi uma pesquisa difícil. A família dela ofereceu muita resistência. Somente uma sobrinha sua, Julieta Dantas, que vive em Caicó, ajudou, cedendo inclusive um farto material fotográfico", conta Manoel, que chegou a pagar para conseguir uma cópia do atestado de óbito de Júlia Medeiros/Rocas-Quintas.
"A família não quis ceder, então fui até o 4º Ofício de Notas e paguei por uma cópia", conta Manoel. O laudo deixa em dúvida se Júlia cometeu suicídio, mas o jornalista acredita que ela tenha mesmo se matado. "Acho que o ostracismo e a depressão contribuíram para isso. Há um detalhe importante: Júlia morreu na madrugada do dia seguinte ao seu aniversário. Acho que em sua loucura ela pode ter tido um momento de lucidez e lembrado a data".
"O vestir-se bem - desejo de distinção social na Caicó de 1939"
O jornalista conta que, antes disso, Júlia havia adquirido uma máquina Singer pensando em fazer os próprios vestidos, como forma de relembrar a época áurea. Ela comprou em dez vezes sem juros, na Loja Natal, o que já era um sinal também de sua fragilidade financeira.
"Júlia veio para Natal já doente e, aposentada e deprimida, começou a perambular pelas ruas, levando sempre junto ao corpo um monte de penduricalhos. A cada dia seu estado mental ia se agravando. Ela já não cuidava da higiene, catava lixo e andava com roupas em trapos. Ninguém acreditava quando dizia ter sido uma pessoa importante", diz Manoel.
A aposentada Lúcia Bruno Damasceno mora na rua da Misericórdia, onde Rocas-Quintas viveu de 1960 até 1972, e confirma a informação do jornalista: "Ela vivia na rua catando coisas e entulhava tudo num porão em casa. Costumava dizer que foi uma mulher de destaque em Caicó, mas ninguém acreditava".
Participação ativa na vida pública - Julia Medeiros votando em Caicó/RN
EXCLUIDA DA SOCIEDADE E DA HISTÓRIA
Exceção entre as meninas de seu tempo, Júlia Medeiros teve a sorte de pertencer a uma família abastada e de visão pedagógica diferente da maioria das famílias do início do século 20. O pai, Antônio Cesino Medeiros, detentor de grandes propriedades de terra em Caicó, sendo a maior e mais próspera delas a fazenda Umari, onde Júlia nasce no dia 28 de agosto de 1896, cuida desde cedo para que a filha tenha acesso à educação. A menina aprende as primeiras letras em casa com um mestre-escola e depois é mandada para estudar em Natal.
Júlia deixa Caicó no ano de 1910. Com 13 anos, enfrenta uma jornada de oito dias em lombo de burro. Era uma comitiva em que estavam outras duas moças, Olívia Pereira e Maria Leonor Cavalcanti. A futura feminista hospeda-se em uma casa na Ribeira - a do professor de português João Vicente - e passa a estudar no Colégio Imaculada Conceição, onde conclui o ginásio. Em 1920, faz a seleção para a Escola Normal de Natal.
Antiga praça Jose Augusto e o colegio Senador Guerra - Caicó/RN
Júlia Medeiros também já participava ativamente da vida pública de Caicó, envolvida com a elite intelectual e política da cidade. Ela foi amiga, entre outros, de Juvenal Lamartine, senador e governador em meados da década de 20, e de José Augusto Bezerra de Medeiros, governador que dominou a política no RN até 1930.
Antiga Prefeitura de Caicó/RN
Considerada exímia oradora, Júlia notabiliza-se por questionar, em seus discursos de improviso, a condição da mulher da década de 20 - cuja vida resumia-se aos afazeres domésticos. Em suas falas em público, exigia, principalmente, o direito à educação e à cidadania. Sua amizade com a feminista Berta Lutz e suas idas ao Rio de Janeiro - onde tomava conhecimento da modernidade - fortaleciam ainda mais seus ideais. Júlia choca a sociedade caicoense com seu comportamento avançado. Ela passa a usar roupa preta - cor condenável a não ser em ocasião de luto - calça jeans e costas nuas. Ao aparecer nas ruas dirigindo um automóvel - um ford 29 (baratinha) que compra no Rio de Janeiro com dinheiro do próprio trabalho - promove um escândalo. Choca mais uma vez a sociedade ao recusar um pedido de casamento e ao ir morar sozinha, na casa de número 157 da rua Seridó.
O preço da "ousadia" acaba sendo alto. Júlia passa a ser excluída e alvo de preconceito. Na rua, é perseguida pelas crianças, que entoam uma cantoria assim: "Júlia Medeiros no seu carro ford, virou a princesa do caritó".
Antes de aposentar-se como professora, em 1958, se candidata a vereadora, sendo eleita para dois mandatos, de 1951 a 1954 e de 1954 a 1957. É nesse período que começa a apresentar lapsos de memória e a ficar perturbada mentalmente. Em 1960, a família a leva para Natal, entendendo ser essa a melhor opção. Júlia passa a morar sozinha, por vontade própria, em uma casa de frente para o rio Potengi, na rua da Misericórdia. Seu quadro de saúde vai se agravando e, na madrugada do dia 29 de agosto de 1972, aos 76 anos, morre como a mendiga Rocas-Quintas. Louca, pobre, esquecida e insultada; excluída da sociedade e da história.
potiguarte.blogspot.com.br
(..)
Praieira do meu pecado,
Morena flor, não te escondas,
Quero, ao sussurro das ondas
Do Potengi amado,
Dormir sempre ao teu lado...
Depois de haver dominado
O mar profundo e bravio,
À margem verde do rio
Serei teu pescador,
Ó pérola do amor!
Otoniel Meneses, o príncipe dos poetas potiguares
(Imagem da velha ponte de ferro de Igapó, sobre o rio Potengi - Natal/RN).
Praieira do meu pecado,
Morena flor, não te escondas,
Quero, ao sussurro das ondas
Do Potengi amado,
Dormir sempre ao teu lado...
Depois de haver dominado
O mar profundo e bravio,
À margem verde do rio
Serei teu pescador,
Ó pérola do amor!
Otoniel Meneses, o príncipe dos poetas potiguares
(Imagem da velha ponte de ferro de Igapó, sobre o rio Potengi - Natal/RN).
O largo coração do Atheneu
BLOG DO ALEX MEDEIROs
16/11/2018
Dona Sílvia tinha uma legião de filhos, bem além dos seus quatro herdeiros biológicos Késia, Karla, Keila e Odeman Jr. Tratava a enorme clientela com aqueles cuidados das mães, com atenção permanente e distribuindo sorrisos e gentilezas, fazendo da Confeitaria Atheneu um lar doce bar de nós todos.
Várias gerações e um porrilhão de gente de estilos e gostos distintos se uniformizavam num só ambiente de descontração quando buscavam as mesas do bar do casal Odeman e Dona Sílvia. As tardes-noites e os carnavais em Petrópolis ganharam outra dimensão quando eles se instalaram no Largo.
Comecei a frequentar o lugar no final dos anos 70, quando a confeitaria ainda era na casa da esquina, onde hoje está a Chopperia Petrópolis. Vi ali os mais destacados intelectuais e personalidades potiguares; todos eles referências da minha geração que frequentava o local como que para um rito de passagem.
Sob o olhar generoso do bom casal conquistei amigos em suas mesas, vi nascerem e morrerem amores, acompanhei debates políticos acalorados, escrevi poemas em guardanapos, participei de animadas confraternizações e até fiz horas extras produzindo trabalhos publicitários regados a muita cerveja.
Presenciei a naturalidade com que as tradições boêmias são transferidas de pais para filhos. Assim como é natural a mistura de gerações compartilhando noitadas, gente de todas as idades naquela calçada onde o tempo parece não parar, como se os ausentes estejam sempre sentando ao lado dos presentes.
Dona Sílvia era uma proprietária de bar que não sentia falta do cliente, sentia saudade mesmo. Sua primeira abordagem era sempre querendo saber o porquê dos breves desaparecimentos, para só depois perguntar o que iríamos beber ou comer. O carinho no diminutivo cervejinha, queijinho, paçoquinha.
No atavismo da minha boemia, ela passou a perguntar por mim quando minha filha passou a ser mais assídua no local. Quer uma moelinha, minha linda? Seu pai não tem aparecido, ele está bem? Sempre foi como uma avó da menina, que pisou ali pela primeira vez no dia do próprio aniversário de três anos.
Quando estava com quatro anos, voltou comigo à Confeitaria e ficou quietinha lendo revistinhas da Mônica, enquanto eu me dividia entre a cerveja e segurar o irmãozinho de menos de um ano, ainda com fraldas. Dona Sílvia tinha o mesmo estereótipo da minha mãe; corpo raquítico e um coração gigantesco.
O poema que fiz pra ela na sexta-feira, logo que me chegou a triste notícia da sua partida, foi regado a lágrimas e brotou num chão de saudade. Das dezenas de amigos que conversei, todos sem exceção demonstravam tristeza, uma desolação como aquelas que sentimos na perda de algum familiar querido.
Poucas pessoas foram tão queridas em Natal como Dona Sílvia, na mesma proporção da consideração que era depositada em seu marido Odeman, o parceiro de uma vida inteira, o grande amor que em algum lugar já marcou encontro com ela, para juntos de novo construir a eternidade de um legado.
De: http://www.ogaloinforma.com.br/
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